Sumaia Villela - Correspondente da Agência Brasil : Na tarde da abertura oficial do carnaval do Recife, policiais
militares fizeram hoje (24) uma manifestação em que defenderam que os
militares escalados para fazer o policiamento no Galo da Madrugada, que
desfila amanhã (25), não compareçam ao serviço.
“Amanhã todo
policial de Pernambuco tem que ficar com sua família”, disse o
presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco, Albérisson
Carlos, durante discurso em frente à casa do governador do estado, Paulo
Câmara. “Se quisessem a gente trabalhando no Galo, o que custava ter
chamado as associações para negociar?”
A manifestação foi
organizada por esposas de policiais militares para protestar contra
decisões tomadas pelo governo estadual que criminalizam líderes da
associação e pelo reajuste salarial que não agradou a categoria. O
protesto saiu da Praça do Derby, área central do Recife.
Ontem
(23), uma liminar do desembargador José Fernandes de Lemos, do Tribunal
de Justiça de Pernambuco (TJPE), estabeleceu multa de R$ 10 mil para
quem tentar obstruir a saída de agentes e viaturas da Polícia Militar
(PM) dos quartéis. O juiz acatou pedido da Procuradoria-Geral do Estado,
numa tentativa de garantir o policiamento no carnaval, apesar do
movimento.
Apesar de ser organizada pelas esposas, os policiais
eram maioria na passeata que seguiu pela noite aos gritos de “Não vai
ter Galo”. A manifestação foi liderada pelos dirigentes da Associação
dos Cabos e Soldados Albérisson Carlos e Nadelson Leite. Os dois tiveram
pedido de prisão preventiva requerido pelo estado, mas negado pela 1ª
Vara Militar.
Atritos
Desde o fim do ano
passado, a relação entre governo e policiais militares de Pernambuco
está tensa. Em dezembro, o presidente e o vice-presidente da associação
foram presos por crime militar após comandarem uma assembleia que
decidiu por paralisação dos policiais. Em resposta, a PM adotou uma
“operação padrão” e os agentes deixaram de fazer horas extras. As Forças
Armadas reforçaram o policiamento no estado diante da ameaça de greve,
mas se retiraram em janeiro deste ano.
Embora a operação padrão
siga em vigor, até agora não havia o anúncio da intenção de reduzir o
policiamento no carnaval. No dia 21 de fevereiro, a Secretaria de Defesa
Social anunciou inclusive que mais de 31 mil policiais vão trabalhar na
região metropolitana do Recife no período.
O decreto que
organiza o reforço no policiamento da região obriga o cumprimento da
jornada de trabalho pelos servidores das polícias Científica, Civil,
Militar e Corpo de Bombeiros.
Os líderes da Associação dos Cabos e
Soldados questionam o número de policiais divulgado pelo governo e
orientam os militares a pedir o pagamento da jornada extra
antecipadamente. As lideranças negam que o movimento no carnaval seja
grevista. “É um pedido das nossas mulheres para ficar com elas no nosso
dia de lazer. Isso não é greve, mas um movimento de segurança pública
para o agente de segurança”, disse o presidente da entidade.
Reajuste
No
último dia 16, o reajuste entre 20% e 40% concedido pelo governo do
estado a PMs e bombeiros foi aprovado pela Assembleia Legislativa de
Pernambuco. No entanto, o aumento não contemplou a categoria, que
esperava um percentual maior. Além disso, os policiais criticam regras
incluídas no projeto de lei que regulamentou o reajuste, como a que
condiciona as promoções ao não recebimento de punições.
A Agência Brasil procurou o governo de Pernambuco, mas não teve retorno até a publicação.
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