Por Diário do Poder
A Procuradoria-Geral da República vai analisar todas as doações
eleitorais feitas, em 2014, pela Odebrecht, ou por qualquer sociedade
empresária do seu grupo econômico, ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), ao
senador José Agripino Maia (DEM-RN), ao PSDB e ao DEM. O raio-x foi
solicitado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na
Operação Lava Jato, e autorizado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo
Tribunal Federal (STF) em 4 de abril.
Na corrida eleitoral de 2014, Aécio Neves recebeu um total de R$
226.858.146,73 milhões em doação. Deste total, R$ 3.933.603 milhões
foram da Construtora Norberto Odebrecht, controlada pelo Grupo. A
Braskem – braço petroquímico do companhia, que tem como sócia a
Petrobras -, doou R$ 3.988.830 e a Odebrecht Óleo e Gás, R$ 2.199.885
milhões.
O PSDB pede a cassação da chapa Dilma/Temer, reeleita em 2014, no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e
econômico. Em manifestação enviada ao TSE, em fevereiro deste ano, o
PSDB afirmou que a campanha de Dilma e Temer naquele ano promoveu um
“engenhoso e inovador esquema de caixa dois”.
O senador tucano é alvo de cinco novos inquéritos na Lava Jato. Nesta
investigação, a Procuradoria apura as suspeitas levantadas contra o
senador pelos delatores Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho, Benedicto
Júnior e Sérgio Luiz Neves.
Os executivos da empreiteira apontam, “por meio de declaração e prova
documental”, afirma Janot em manifestação a Fachin, que, em 2014, “foi
prometido e/ ou efetuado”, a pedido de Aécio Neves “o pagamento de
vantagens indevidas em seu favor e em benefício de seus aliados
políticos”.
Segundo Benedicto Júnior, o BJ, em janeiro ou fevereiro de 2014 Aécio
Neves solicitou R$ 6 milhões para sua candidatura à Presidência da
República. BJ declarou que acertou com o senador que os pagamentos se
dariam através da empresa de marketing de Paulo Vasconcelos do Rosário e
que o executivo da Odebrecht Sérgio Luiz Neves entraria em contato para
definir o objeto “do contrato fictício” a ser firmado.
Sérgio Neves, também delator da Odebrecht, contou à Lava Jato que se
reuniu algumas vezes com Paulo Vasconcelos no escritório da empreiteira
na Rua Pernambuco n. 1002, 12º Andar, Bairro dos Funcionários, Belo
Horizonte. O delator narrou que em 15 de janeiro de 2014 foi firmado
contrato de prestação de serviço no valor de R$ 3 milhões com a empresa
PVR Propaganda e Marketing Ltda, tendo os pagamentos sido efetivados em
duas parcelas de R$ 1,5 milhão nos dias 15 de maio e 15 de junho 2014.
A Odebrecht entregou à Lava Jato a minuta do contrato firmado com a
PVR Propaganda e Marketing. As notas fiscais emitidas pela empreiteira
também foram enviadas aos investigadores.
BJ e Sérgio Neves “asseguram” que nenhum serviço foi prestado pela
empresa de Paulo Vasconcelos do Rosário ao Grupo Odebrecht. Os delatores
declararam que o marqueteiro de Aécio fez “diversas cobranças”
posteriores a Sérgio Luiz Neves para quitar a quantia restante de R$ 3
milhões que teria sido ajustada com Aécio Neves mas que o valor não foi
pago.
O procurador-geral da República solicitou a obtenção de registros de
ingresso de um dos principais auxiliares do tucano, o empresário Oswaldo
Borges da Costa Filho, e do executivo e delator da Odebrecht Sérgio
Luiz Neves no prédio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas
Gerais (Codemig) entre os dias 18 a 22 de setembro de 2014, ou em datas
próximas. Fachin deu um prazo de 30 dias para que PF atenda às
diligências requeridas por Janot.
Promessa
À Procuradoria-Geral da República, BJ e Sérgio Neves afirmaram que por volta de 15 de setembro de 2014, semanas antes do 1º turno da eleição daquele ano, Marcelo Odebrecht prometeu a Aécio R$ 15 milhões. Segundo Marcelo Odebrecht, embora o senador tenha solicitado que os valores fossem destinados à sua candidatura de 2014 à Presidência da República, eles combinaram o direcionamento do montante a outras candidaturas vinculadas ao grupo político de Aécio. O delator apontou o pagamento de R$ 1 milhão como contribuição eleitoral ao DEM, por meio do senador José Agripino.
À Procuradoria-Geral da República, BJ e Sérgio Neves afirmaram que por volta de 15 de setembro de 2014, semanas antes do 1º turno da eleição daquele ano, Marcelo Odebrecht prometeu a Aécio R$ 15 milhões. Segundo Marcelo Odebrecht, embora o senador tenha solicitado que os valores fossem destinados à sua candidatura de 2014 à Presidência da República, eles combinaram o direcionamento do montante a outras candidaturas vinculadas ao grupo político de Aécio. O delator apontou o pagamento de R$ 1 milhão como contribuição eleitoral ao DEM, por meio do senador José Agripino.
Em depoimento, Sérgio Neves declarou que Fernando Migliaccio, do
departamento de propinas da Odebrecht, lhe afirmou que não seria
possível disponibilizar de imediato os R$ 15 milhões para Aécio. O
delator afirmou que Fernando Migliaccio se comprometeu a disponibilizar
R$ 1 milhão por semana a partir de outubro, finalizando a quantia total
em 20 de dezembro.
Sérgio Neves disse ter entrado em contato e se reunido no prédio da
Codemig com Oswaldo Borges da Costa entre 18 a 22 de setembro de 2014
para concretizar os pagamentos da maneira proposta por Fernando
Migliaccio. Segundo o delator, Oswaldo Borges da Costa “após manifestar
preocupação com a logística proposta e pedir tempo para serem avaliadas
alternativas destinadas ao recebimento de valores, acabou por não lhe
procurar nem cobrar os referidos valores, de modo que o pagamento, por
fim, não se concretizou”.
Em manifestação ao Supremo, Janot declarou haver “divergência” sobre o pagamento de R$ 15 milhões.
“Enquanto Marcelo Bahia Odebrecht e Cláudio Melo Filho afirmam terem
sido efetuados pagamentos, a pedido de Aécio Neves, destinados ao
senador José Agripino, os colaboradores Benedicto Júnior e Sérgio Neves
asseguram que nenhum dos valores de R$ 15 milhões ajustados entre Aécio
Neves e Marcelo Bahia Odebrecht acabaram sendo pagos”, afirmou o
procurador-geral da República.
Janot anotou ainda que “não há exata correlação entre os fatos
relacionados aos pagamentos de R$ 3 milhões realizados através contrato
fictício, à promessa de pagamento de R$ 15 milhões feita pelo Grupo
Odebrecht, os pagamentos efetivados de R$ 500 mil mensais e de R$ 5
milhões, mediante doação oficial”. “Portanto, faz-se necessária a
abertura de investigação para que se apure o montante total repassado e
as circunstâncias em relação às solicitações. O certo é que os elementos
apresentados são suficientes para autorizar sejam os fatos
investigados.”
Aécio afirmou que as investigações são fundamentais para esclarecer a
verdade e demonstrar a realidade. “E, por isso, vão revelar a correção
da conduta do senador Aécio e do PSDB. Faz parte desse inquérito, por
exemplo, a declaração do ex-diretor Benedicto Jr. que atestou que, em
2014, a campanha presidencial do senador Aécio Neves deixou de receber
uma contribuição de R$ 15 milhões por ter se recusado a receber os
recursos no exterior”, acrescentou.
Já Agripino Maia disse que, mesmo não tendo sido candidato em 2014 e
desconhecendo o teor das menções que lhe são atribuídas, coloca-se “à
disposição da Justiça para colaborar com as investigações que se venham a
requerer”.
Paulo Vasconcelos afirma que conduziu todas as campanhas das quais
participou dentro do que estava previsto na lei. “Essas delações contém
informações falsas, que serão desmentidas ao longo das investigações”,
afirmou. A assessoria de imprensa da PVR alegou que todos os serviços
relatados pelo delator foram efetivamente prestados pela empresa, “como
teremos possibilidade de comprovar ao longo da investigação”.
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