Por Cleide
Carvalho e Gustavo Schmitt
SÃO PAULO
— Em delação premiada, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro afirmou que o grupo
político formado pelo presidente Michel Temer e pelos ex-deputados Eduardo
Cunha e Henrique Alves recebeu cerca de R$ 250 milhões em propinas decorrentes
de créditos da Caixa Econômica Federal, repassados pelas vice-presidências de
Pessoa Jurídica e Fundos de Governo e Loterias. As duas áreas foram controladas
pelo PMDB e comandadas por Geddel Vieira Lima e Fábio Cleto. Operador
financeiro do partido, Funaro disse que Cunha funcionava como um “banco de
propina” para deputados e, depois, virava o “dono” dos mandatos de quem era
beneficiado.
O doleiro
afirmou não saber exatamente o valor da propina repassada a Cunha, “mas sabe
que este sempre distribuía parte da propina recebida com Henrique Eduardo Alves
e Michel Temer, fora outros deputados aliados”.
O
ex-ministro Geddel Vieira Lima ocupou o cargo na Caixa entre 2011 e 2014.
Segundo Funaro, apenas na área de Geddel o grupo liberou entre R$ 5 bilhões e
R$ 8 bilhões para empresas em troca de vantagens. Um valor igual ou superior a
este teria sido liberado pelo setor comandado por Cleto. Funaro disse que
Geddel recebeu, sozinho, no mínimo R$ 20 milhões e continuou a operar mesmo
depois de deixar o cargo, até fevereiro de 2015.
A
assessoria do Planalto afirmou, por e-mail, que “o valor da delação e das
palavras do doleiro Lúcio Funaro é zero, como já registrou a própria
Procuradoria-Geral da República”.
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