Joelma Pereira/Congresso em Foco: O procurador Carlos Fernando Lima, da força-tarefa da Operação Lava
Jato em Curitiba, afirmou, por meio de sua rede social do Facebook, que o
governo do presidente Michel Temer está, “pouco a pouco”, destruindo a
Lava Jato e a “esperança que ela representa. O comentário do procurador
foi realizado em referência ao pedido da Advocacia-Geral da República
(AGU) para que o Supremo Tribunal Federal (STF) reveja a decisão que
autorizou prisão após condenação em segunda instância.
“Afinal, não há mais oposição das ruas às tentativas de acabar com o
pouco conquistado”, ressalta Carlos Fernando, que, no texto, também diz
que os políticos estão unidos em prol do financiamento da política com
dinheiro dos cofres públicos. Para ele, a Operação Lava Jato nunca
esteve “tão a perigo como agora”.
“Hoje a classe política está unida, mas não a favor da população, mas
a favor da salvação de todos e, principalmente, da salvação de um modo
de financiamento da política com o dinheiro desviado dos cofres
públicos”, pondera.
Na última semana, a AGU encaminhou um parecer favorável à revisão da
prisão em segunda instância ao Supremo. Nessa linha, o governo federal
defende que só deve haver prisão depois de esgotados todos os recursos
da defesa. Em novembro de 2016, o STF decidiu que um réu pode ser preso
após condenação em segunda instância mesmo que ainda tenham recursos
pendentes.
No entanto, duas ações tramitam no Supremo e pedem a suspensão da
possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. O relator
das ações é o ministro Marco Aurélio Mello, que além de pedir que a
Presidência se manifestasse, também chamou a Câmara, o Senado e a
Procuradoria-Geral da República (PGR) para dar opinião sobre o tema.
O procurador é conhecido por suas fortes críticas ao atual sistema
político. Em agosto, durante uma apresentação no 9º Seminário de
Transparência e Controle, em Florianópolis, Lima ressaltou que as
revelações da Lava Jato precisam resultar na punição dos
reconhecidamente culpados para não cair em descrédito. “Precisamos de um
Legislativo que não queira se anistiar de qualquer forma e de um
Judiciário que não mude a jurisprudências de acordo com a cara do
freguês”, declarou.
Essa não é a primeira vez que Carlos Fernando usa sua página pessoal
no Facebook para fazer críticas às tentativas de ceifar a Lava Jato ou
aos críticos da operação. Ainda em agosto, enredado troca de farpas via
Facebook com Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado de réus
e demais investigados na Lava Jato, o procurador argumentou que na
internet é um cidadão e que pode manifestar suas opiniões políticas.
“Ainda mais nos dias de hoje, em que nossa política é criminosa”,
disparou.
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