quarta-feira, 13 de março de 2019

Emoção marca 2º dia de júri do caso Bernardo: 'Morte lenta e gradual'

Seis mulheres foram ouvidas nesta terça-feira (12), entre indicadas pelo Ministério Público e pela defesa dos acusados


O julgamento do caso Bernardo Boldrini, na cidade de Três Passos (RS), entra nesta quarta-feira (13) em seu terceiro dia.
Ontem (12), a sessão, que começou às 9h e terminou pouco depois das 18h, foi marcada pelo depoimento da vizinha da vítima e de testemunhas de defesa do pai do menino, Leandro Boldrini.
Bernardo foi assassinato aos 11 anos, com uma injeção letal, em abril de 2014. O pai dele, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz respondem pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsificação ideológica.
"A gente tinha amor por ele, era pessoa da família, a gente queria cuidar como um filho", desabafou Juçara Petry, vizinha do menino e a quem ele queria ter como mãe.
Segundo ela, o menino andava malvestido, passava frio, fome, não tinha material escolar, não tinha uniforme, não ganhava janta e não recebia atenção em datas festivas.
Juçara foi uma das seis mulheres ouvidas ao longo do dia, conforme o Zero Hora, sendo duas delas a pedido do Ministério Público e outras três listadas pelos advogados dos acusados.
De acordo com a vizinha, Bernardo costumava dizer que odiava a casa dele. "Eu achava que o pai não dava atenção porque estava trabalhando muito. Na minha cabeça, o pai não cuidava porque estava no hospital. Mas não era, ele não tinha amor", completou.
A psicóloga Ariane Schmitt, que atendeu Bernardo em dois períodos, 2014 e 2011, um deles logo após a morte da mãe do garoto, falou sobre as péssimas condições físicas e emocionais em que ele vivia.
"A morte de Bernardo não aconteceu em 4 de abril de 2014, ele teve a infância abortada. A morte foi lenta, gradual e contínua", afirmou.
Andressa Wagner, ex-secretária do médico Leandro Boldrini, também prestou depoimento. Ela falou sobre a madrasta do menino e a forma como ela se relacionava com ele. Segundo Andressa, Graciele chegou a afirmar que precisava “dar um fim” em Bernardo e que se referia a ele como “estorvo”.
"Ela falou que dinheiro ela tinha para dar um fim no guri", contou. 
Já a ex-babá de Bernardo, Lori Heller, prestou apenas 15 minutos de depoimento e disse que não lembrava de muitas coisas. Além disso, estava com quadro de pressão alta. Ela não relatou de nenhuma anormalidade na casa, ainda segundo o Zero Hora.
Marlise Cecília Henz, ex-funcionária de Boldrini, repetiu o que a testemunha anterior já havia dito: que a madrasta do menino afirmou que “ia arranjar um matador de aluguel para matar Bernardo”. Isso teria acontecido após o menino procurar o Fórum, em janeiro de 2014, para reclamar da falta de atenção do pai e das brigas com a madrasta.
O depoimento mais curto foi o de Rosângela Pinheiro, ex-colega de Boldrini, que durou cinco minutos. Ela disse não ter informações sobre a vida familiar de Boldrini, nem de Graciele. 

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