quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Seridoense de 31 anos levada para o Albert Einstein após ter bebê em meio a complicações da Covid consegue transplante de Pulmão em SP


 

A paciente potiguar natural do vizinho município de São Vicente Ana Raiane dos Santos Medeiros, 31 anos, recebeu um transplante de pulmão na madrugada desta terça-feira (31), no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e deu mais um passo rumo à recuperação das complicações da Covid-19. Ela chegou à capital paulista no começo de agosto e estava na fila por um transplante desde então. A história de Ana Raiane, que contraiu coronavírus durante a gravidez em São Vicente, interior onde mora com o esposo e filhos, comoveu as redes sociais no RN, uma vez que só conheceu a filha após semanas internada na UTI. Ela sobreviveu através da terapia ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea, na tradução do inglês), um pulmão artificial.

De acordo com o cirurgião cardiovascular Renato Max Faria, que acompanha a paciente desde a internação dela na Promater, em junho deste ano, o próximo passo neste momento é acompanhar os próximos dias para saber como será a reação de Ana Raiane aos novos pulmões. Segundo ele, a cirurgia foi bem sucedida e durou cerca de 12 horas.

"Ela saiu da cirurgia estável, foi tudo bem no procedimento. Ela saiu da cirurgia respirando com a ajuda do ventilador e a ecmo. Isso é comum nos casos de transplante pulmonar. Esses primeiros dias são os de maior risco, que dentre eles está a rejeição, aguda, por conta da imunologia muito reativa, e a infecção, mas até então ela respondeu bem ao tratamento", explica o médico. "É torcer para que não tenha nenhuma complicação, seja infecciosa ou de rejeição, e aos poucos ir tentando tirá-la  do ventilador mecânico e da ECMO. Depois começará todo o processo de reabilitação", acrescenta, explicando que a paciente precisará ficar em São Paulo por pelo menos um ano para a recuperação do transplante.

Em dado momento na estadia de Ana Raiana em São Paulo, segundo o cirurgião cardiovascular, a equipe médica do Albert Einstein avaliou a possibilidade de a paciente não precisar mais do transplante, uma vez que após a retirada da ECMO em algumas situações, Ana Raiane estava reagindo bem e estava conseguindo respirar de forma autônoma. No entanto, avaliações posteriores constataram a necessidade do transplante.

"As puérperas e pessoas que receberam muito sangue possuem uma reatividade imunológica aumentada. Com esse resultado, eles ficaram receosos e acreditando que seria difícil encontrar um doador compatível e a chance de rejeição era grande. A paciente vinha mantendo o gás carbônico alto, mas sem o sangue ficar ácido. Por isso eles tentaram retirar a ECMO, porque é melhor viver com nosso pulmão. Mas depois de três dias, o sangue já ficou ácido e ela ficou muito cansada, mesmo no ventilador. Nisso, colocaram a ECMO novamente e priorizaram ela para transplante. Ela passou a ser a número um da lista", explica Renato Max.

O esposo de Ana Raiane, Carlos Henrique de Medeiros Santos, de 26 anos, está em São Paulo acompanhando a esposa e falou da expectativa de ver a companheira retornando à rotina de anteriormente em São Vicente. "Recebemos a maravilhosa notícia que surgiu doador para ela, ficamos muito felizes e estamos aguardando notícias. Se Deus quiser vai dar tudo certo, estamos muito confiantes de que vai dar tudo certo. A palavra é gratidão a todos que nos ajudaram", contou.

Ana foi transferida para São Paulo no último dia 10 de agosto. A transferência só foi viabilizada após uma decisão judicial determinando que o Estado custeasse as despesas aéreas. No Albert Einstein, a vaga para o tratamento foi conseguida por meio de filantropia. Ana Raiane é natural de São Vicente, Seridó potiguar, localizada a 220 quilômetros da capital. Ela contraiu Covid-19 em maio e precisou ser transferida para a Maternidade Escola Januário Cicco. Um dia após desembarcar na capital, a cesárea foi feita e ela foi intubada três dias depois para se recuperar da doença. Com insuficiência nos pulmões, ela não conseguia respirar sem a ajuda do aparelho ECMO, que foi utilizado com o humorista Paulo Gustavo.
 
*Tribuna do Norte

 


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