A paciente potiguar natural do vizinho município de São Vicente Ana Raiane dos Santos Medeiros, 31 anos, recebeu um
transplante de pulmão na madrugada desta terça-feira (31), no Hospital
Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e deu mais um passo rumo à
recuperação das complicações da Covid-19. Ela chegou à capital paulista
no começo de agosto e estava na fila por um transplante desde então. A
história de Ana Raiane, que contraiu coronavírus durante a gravidez em
São Vicente, interior onde mora com o esposo e filhos, comoveu as redes
sociais no RN, uma vez que só conheceu a filha após semanas internada na
UTI. Ela sobreviveu através da terapia ECMO (Oxigenação por Membrana
Extracorpórea, na tradução do inglês), um pulmão artificial.
De acordo com o cirurgião cardiovascular Renato Max Faria, que
acompanha a paciente desde a internação dela na Promater, em junho deste
ano, o próximo passo neste momento é acompanhar os próximos dias para
saber como será a reação de Ana Raiane aos novos pulmões. Segundo ele, a
cirurgia foi bem sucedida e durou cerca de 12 horas.
"Ela
saiu da cirurgia estável, foi tudo bem no procedimento. Ela saiu da
cirurgia respirando com a ajuda do ventilador e a ecmo. Isso é comum nos
casos de transplante pulmonar. Esses primeiros dias são os de maior
risco, que dentre eles está a rejeição, aguda, por conta da imunologia
muito reativa, e a infecção, mas até então ela respondeu bem ao
tratamento", explica o médico. "É torcer para que não tenha nenhuma
complicação, seja infecciosa ou de rejeição, e aos poucos ir tentando
tirá-la do ventilador mecânico e da ECMO. Depois começará todo o
processo de reabilitação", acrescenta, explicando que a paciente
precisará ficar em São Paulo por pelo menos um ano para a recuperação do
transplante.
Em dado momento na estadia de Ana
Raiana em São Paulo, segundo o cirurgião cardiovascular, a equipe
médica do Albert Einstein avaliou a possibilidade de a paciente não
precisar mais do transplante, uma vez que após a retirada da ECMO em
algumas situações, Ana Raiane estava reagindo bem e estava conseguindo
respirar de forma autônoma. No entanto, avaliações posteriores
constataram a necessidade do transplante.
"As
puérperas e pessoas que receberam muito sangue possuem uma reatividade
imunológica aumentada. Com esse resultado, eles ficaram receosos e
acreditando que seria difícil encontrar um doador compatível e a chance
de rejeição era grande. A paciente vinha mantendo o gás carbônico alto,
mas sem o sangue ficar ácido. Por isso eles tentaram retirar a ECMO,
porque é melhor viver com nosso pulmão. Mas depois de três dias, o
sangue já ficou ácido e ela ficou muito cansada, mesmo no ventilador.
Nisso, colocaram a ECMO novamente e priorizaram ela para transplante.
Ela passou a ser a número um da lista", explica Renato Max.
O
esposo de Ana Raiane, Carlos Henrique de Medeiros Santos, de 26 anos,
está em São Paulo acompanhando a esposa e falou da expectativa de ver a
companheira retornando à rotina de anteriormente em São Vicente.
"Recebemos a maravilhosa notícia que surgiu doador para ela, ficamos
muito felizes e estamos aguardando notícias. Se Deus quiser vai dar tudo
certo, estamos muito confiantes de que vai dar tudo certo. A palavra é
gratidão a todos que nos ajudaram", contou.
Ana
foi transferida para São Paulo no último dia 10 de agosto. A
transferência só foi viabilizada após uma decisão judicial determinando
que o Estado custeasse as despesas aéreas. No Albert Einstein, a vaga
para o tratamento foi conseguida por meio de filantropia. Ana Raiane é
natural de São Vicente, Seridó potiguar, localizada a 220 quilômetros da
capital. Ela contraiu Covid-19 em maio e precisou ser transferida para a
Maternidade Escola Januário Cicco. Um dia após desembarcar na capital, a
cesárea foi feita e ela foi intubada três dias depois para se recuperar
da doença. Com insuficiência nos pulmões, ela não conseguia respirar
sem a ajuda do aparelho ECMO, que foi utilizado com o humorista Paulo
Gustavo.
*Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário