O homem encontrado em veleiro à deriva, cerca de 26
quilômetros da costa de Natal, no início do mês de maio (7), morreu de
desidratação extrema e desnutrição associada. Em coletiva de imprensa
realizada nesta segunda-feira (30), peritos do Instituto
Técnico-Científico de Perícia (ITEP) divulgaram a causa da morte e
comentaram sobre o processo de identificação. O corpo pode ser de um
italiano chamado Stéfano Magnani, 52 anos, devido a documentos pessoais
encontrados no local, mas para comprovar a informação ainda é preciso
DNA de algum familiar. O Consulado da Itália em Recife informou ao ITEP
que deve enviar o perfil biológico dos familiares. Não há prazo para
recebimento.
De acordo com a
perita e médica legista Elaine Cunha, o corpo foi encontrado em estado
de mumificação e a causa da morte foi desidratação extrema e desnutrição
associada. Tal estado contribuiu para preservação de algumas
características do corpo que fortalecem a teoria de que realmente se
trata do italiano. “Os trabalhos do ITEP iniciaram em nove de maio e ele
chegou em uma condição muito boa pelo fato de estar mumificado. Foram
preservados os tecidos e as vísceras, já em avançado estado de
decomposição, o que possibilitou um estudo bem minucioso e qualificado
com relação ao tempo a causa de morte”.
“De
acordo ao tempo de exposição que ele ficou no veleiro e com relação a
etapa de mumificação, conseguimos precisar que a morte deve ter ocorrido
por volta dos últimos dias do mês de fevereiro deste ano. Fizemos
estudos do crânio, púbis e demais estruturas, chegando em uma idade
muito próxima da suposta vitima, na faixa de 50 a 55 anos. Sobre a
estatura, fizemos essa medição tecnicamente e conseguimos confrontar a
informação, chegando mais ou menos na estatura de 1,83m”, explica a
legista.
De acordo com a documentação
encontrada, Stéfano Magnani é natural da cidade de Bellaria-Igea Marina,
região da Emília-Romanha e província de Rimini. O homem trabalhava como
motorista, tendo cabelo e olhos castanhos e 1,83m de estatura. Pelo
avançado estado de decomposição do corpo, não foi possível confirmar a
identidade. Nesse caso, somente com análise de DNA que, para comparação,
precisa de amostras familiares. Sobre o assunto, Fernando Marinho,
perito odontologista do ITEP, confirmou que o Consulado da Itália em
Recife já localizou supostos familiares e se comprometeu com o envio do
perfil biológico.
“Quando fazemos esse estudo,
também buscamos entender quem era essa pessoa em vida e essa resposta
ainda não foi concluída. O processo de identificação não pôde ser feito
por meio de impressões digitais devido ao estado de mumificação, já a
arcada dentária está muito boa para se fazer o estudo, mas os familiares
ainda não mandaram nenhum material biológico. Temos que confrontar
essas informações para positivamente identificar o corpo”, diz.
Segundo
o perito, o Consulado entrou em contato com a suposta família e ficaram
de enviar o perfil genético desses familiares para o Instituto.
“Estamos aguardando esse material chegar da Itália e fazendo a nossa
parte para traçar o perfil biológico do corpo. Colhemos o material e já
enviamos para o nosso laboratório de genética forense. Esse material
está pronto, só aguardando para fazer esse confronto. Chegando as
informações italianas, conseguimos soltar o laudo de identificação em no
máximo 12 dias”.
Procurado pela reportagem, o
representante consular da Itália em Natal, Rino Bordogna, esteve
indisponível para atualizar sobre o caso devido a uma licença médica. Em
contato anterior, esclareceu que a busca pela família do homem estava
sobre responsabilidade do Consulado em Recife. “É importante encontrar
familiares para que uma amostra de DNA possa ser colhida e comparar no
ITEP. Dessa forma, vamos saber com 100% de certeza se o morto é mesmo
dono dos documentos encontrados”.
O
representante disse que estava na espera do envio, pela Polícia Federal,
de cópias de itens encontrados no veleiro que podem auxiliar na
identificação. Foram encontrados: um passaporte (vencido); um diário;
documentos do barco; cartas náuticas; notas fiscais de serviços de
reparos do barco e um GPS. Os pertences continuam em posse da PF, que
instaurou inquérito sobre o caso. “A documentação está sendo enviada à
representação consular da Itália para verificação de informações que
possam subsidiar o mesmo. Até o momento, não temos um retorno que possa
afirmar sobre a identificação do corpo”, informou a Polícia.
Relembre o caso
Em
nota, o Comando do 3º Distrito Naval da Marinha do Brasil elucidou os
acontecimentos do o início do mês de maio (7). Ao tomar conhecimento da
embarcação, a Marinha iniciou de imediato uma operação de socorro,
coordenada pelo Salvamar Nordeste, para apoiar o veleiro que foi
rebocado por um barco pesqueiro nas proximidades. “No interior do
veleiro rebocado, foi encontrado um corpo não identificado. O Instituto
Técnico-Científico de Perícia e a Polícia Federal foram acionados para a
realização dos procedimentos cabíveis”, informaram.
O
veleiro de nome Mona-Mi F.S., encontra-se apoitado no Iate Clube de
Natal, no bairro de Santos Reis, zona Leste da cidade. Encontrado à
deriva por um grupo de pescadores, tem parte da proa destruída, bem como
mastro e leme quebrados. Segundo uma funcionária do clube, o relato dos
pescadores conta que não havia água no veleiro, apenas comida. O corpo
apresentava aspecto esquelético, por isso também especularam que a
embarcação devia estar naquele estado por cerca de 30 dias.
Da Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário