terça-feira, 31 de maio de 2022

Homem encontrado em veleiro morreu por desidratação extrema

Segundo os petitos do Itep, corpo foi encontrado em estado de mumificação 

O homem encontrado em veleiro à deriva, cerca de 26 quilômetros da costa de Natal, no início do mês de maio (7), morreu de desidratação extrema e desnutrição associada. Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (30), peritos do Instituto Técnico-Científico de Perícia (ITEP) divulgaram a causa da morte e comentaram sobre o processo de identificação. O corpo pode ser de um italiano chamado Stéfano Magnani, 52 anos, devido a documentos pessoais encontrados no local, mas para comprovar a informação ainda é preciso DNA de algum familiar. O Consulado da Itália em Recife informou ao ITEP que deve enviar o perfil biológico dos familiares. Não há prazo para recebimento.

De acordo com a perita e médica legista Elaine Cunha, o corpo foi encontrado em estado de mumificação e a causa da morte foi desidratação extrema e desnutrição associada. Tal estado contribuiu para preservação de algumas características do corpo que fortalecem a teoria de que realmente se trata do italiano. “Os trabalhos do ITEP iniciaram em nove de maio e ele chegou em uma condição muito boa pelo fato de estar mumificado.  Foram preservados os tecidos e as vísceras, já em avançado estado de decomposição, o que possibilitou um estudo bem minucioso e qualificado com relação ao tempo a causa de morte”.

“De acordo ao tempo de exposição que ele ficou no veleiro e com relação a etapa de mumificação, conseguimos precisar que a morte deve ter ocorrido por volta dos últimos dias do mês de fevereiro deste ano. Fizemos estudos do crânio, púbis e demais estruturas,  chegando em uma idade muito próxima da suposta vitima, na faixa de 50 a 55 anos. Sobre a estatura, fizemos essa medição tecnicamente e conseguimos confrontar a informação, chegando mais ou menos na estatura de 1,83m”, explica a legista.

De acordo com a documentação encontrada, Stéfano Magnani é natural da cidade de Bellaria-Igea Marina, região da Emília-Romanha e província de Rimini. O homem trabalhava como motorista, tendo cabelo e olhos castanhos e 1,83m de estatura. Pelo avançado estado de decomposição do corpo, não foi possível confirmar a identidade. Nesse caso, somente com análise de DNA que, para comparação, precisa de amostras familiares. Sobre o assunto, Fernando Marinho, perito odontologista do ITEP, confirmou que o Consulado da Itália em Recife já localizou supostos familiares e se comprometeu com o envio do perfil biológico.

“Quando fazemos esse estudo, também buscamos entender quem era essa pessoa em vida e essa resposta ainda não foi concluída. O processo de identificação não pôde ser feito por meio de impressões digitais devido ao estado de mumificação, já a arcada dentária está muito boa para se fazer o estudo, mas os familiares ainda não mandaram nenhum material biológico. Temos que confrontar essas informações para positivamente identificar o corpo”, diz.

Segundo o perito, o Consulado entrou em contato com a suposta família e ficaram de enviar o perfil genético desses familiares para o Instituto.  “Estamos aguardando esse material chegar da Itália e fazendo a nossa parte para traçar o perfil biológico do corpo. Colhemos o material e já enviamos para o nosso laboratório de genética forense. Esse material está pronto, só aguardando para fazer esse confronto. Chegando as informações italianas, conseguimos soltar o laudo de identificação em no máximo 12 dias”.

Procurado pela reportagem, o representante consular da Itália em Natal, Rino Bordogna, esteve indisponível para atualizar sobre o caso devido a uma licença médica. Em contato anterior, esclareceu que a busca pela família do homem estava sobre responsabilidade do Consulado em Recife. “É importante encontrar familiares para que uma amostra de DNA possa ser colhida e comparar no ITEP. Dessa forma, vamos saber com 100% de certeza se o morto é mesmo dono dos documentos encontrados”.

O representante disse que estava na espera do envio, pela Polícia Federal, de cópias de itens encontrados no veleiro que podem auxiliar na identificação. Foram encontrados: um passaporte (vencido); um diário; documentos do barco; cartas náuticas; notas fiscais de serviços de reparos do barco e um GPS. Os pertences continuam em posse da PF, que instaurou inquérito sobre o caso.  “A documentação está sendo enviada à representação consular da Itália para verificação de informações que possam subsidiar o mesmo. Até o momento, não temos um retorno que possa afirmar sobre a identificação do corpo”, informou a Polícia. 

Relembre o caso
Em nota, o Comando do 3º Distrito Naval da Marinha do Brasil elucidou os acontecimentos do o início do mês de maio (7). Ao tomar conhecimento da embarcação, a Marinha iniciou de imediato uma operação de socorro, coordenada pelo Salvamar Nordeste, para apoiar o veleiro que foi rebocado por um barco pesqueiro nas proximidades. “No interior do veleiro rebocado, foi encontrado um corpo não identificado. O Instituto Técnico-Científico de Perícia e a Polícia Federal foram acionados para a realização dos procedimentos cabíveis”, informaram.

O veleiro de nome Mona-Mi F.S., encontra-se apoitado no Iate Clube de Natal, no bairro de Santos Reis, zona Leste da cidade. Encontrado à deriva por um grupo de pescadores, tem parte da proa destruída, bem como mastro e leme quebrados. Segundo uma funcionária do clube, o relato dos pescadores conta que não havia água no veleiro, apenas comida. O corpo apresentava aspecto esquelético, por isso também especularam que a embarcação devia estar naquele estado por cerca de 30 dias.
 
Da Tribuna do Norte

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