Até o dia 2 de fevereiro, serão gastas mais de 20 toneladas de parafina
na fabricação das velas, para suprir a procissão das luzes
FOTO ANDRÉ COSTA
A três dias de começar a tradicional Romaria de
Nossa Senhora das Candeias, em Juazeiro do Norte, na região do Cariri,
comércio, indústria e o setor de serviços já sentem os efeitos da festa
que é tida como a mais linda do chamado "ciclo de romarias", que começa
em setembro, com a Romaria à Mãe das Dores e se encerra este mês, com a
festa de Candeias. Entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro, são
esperados cerca de 250 mil romeiros. Só no último dia, no próximo
sábado, cerca de 80 mil fiéis devem formar um grande cordão de luz
durante a tradicional procissão das velas. O segmento, inclusive, é o
mais beneficiado. Os fabricantes das velas estimam aumento de 30% na
produção, se comparado aos demais meses do ano.
Boa parte dos setores industriais de Juazeiro do Norte, atribuem ao
Padre Cícero o "título" de principal incentivador da produção de
alumínio com a fabricação e comercialização de candeeiros, usados após a
criação da romaria. O trabalho se expandiu para panelas, copos, bacias,
etc, principalmente, após a década de 1960. Este pode ser um dos
principais "milagres" atribuídos a Candeias, já que o Município
caririense é o quarto maior polo deste setor no Brasil com mais de 70
indústrias consolidadas e dois mil empregos diretos gerados.
Com o passar dos anos, a chegada da eletricidade junto do abandono de
lamparinas e candeeiros, a vela, de menor vida útil, se tornou o
principal instrumento de luz utilizado na procissão. Foi com ela que o
empresário Francisco de Assis saiu do sufoco. Começou a produzir as
peças manualmente na época da Romaria das Candeias e hoje possui uma
fábrica. "Fez foi faltar velas no dia que vendi a primeira vez. Não
deixei faltar produção", lembra.
Nessa época de romaria, a produção de velas aumenta em 30%. "Hoje tem
uma demanda muito grande. É uma época especial", completa o empresário.
No período da romaria, Francisco contratou mais quatro pessoas para
atender ao número de clientes. Aliás, durante a Romaria das Candeias,
ele volta a fabricar de maneira artesanal, banhando na parafina até
engrossar e chegar no ponto. Um pedido especial dos romeiros. Até o dia 2
de fevereiro serão gastos mais de 20 toneladas de parafina para suprir a
procissão das luzes, que marca o encerramento dos festejos.
Contraponto
Se por um lado, a venda de velas está otimista, o comércio de
Juazeiro do Norte ainda não está tão intenso nos últimos anos. A pouco
mais de três dias do início oficial da Romaria, as calçadas da Rua São
Pedro seguem "confortáveis" para quem transita. Algo raro, já que a
disputa por espaço na principal via comercial do Centro é acirrada. "Tá
meio parado. Nessa época, já tinha um monte de gente chegando, mas
sempre vale a pena", admite o vendedor Fernando Fernandes, que viaja de
Triunfo (PE) para vender rapadura. Aliás, o doce, os artigos religiosos,
as roupas, as panelas de alumínio e pomadas são os produtos mais
procurados pelos romeiros.
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