O nervosismo só aumentou.
A adrenalina ainda era forte ao ponto de não saber onde sentar. A essa altura tinha me esquecido de que as poltronas dos jornalistas não são marcadas. Mas dos profissionais de imagem sim. Os únicos dois cinegrafistas de TVs brasileiras tinham os nomes marcados na poltrona com um cartão do Vaticano. Os dois foram colocados nas poltronas do meio da quarta fileira, no espaço destinado aos jornalistas. André Zorato ficou com a “26 G”, bem posicionado. Já eu sentei-me na “29 H” de uma maneira que, se precisasse gravar, era só levantar que o André filmaria com enquadramento adequado para a situação que nos encontrávamos.
Às 10h30 em ponto (horário de Roma), 5h30 no Brasil, o papa Francisco Apareceu. Quando ele surgiu pelo corredor estreito foi como se uma luz passasse pela porta. E os olhos deste homem... Ele fala pelo olhar! A serenidade, a paz, o conforto e a força. Tudo isso você encontra em Francisco. E muito mais. Ele não precisa falar para você sentir.
Em dez minutos ele fez um discurso valorizando o jovem, o idoso e o pobre.
Foi difícil me concentrar nas palavras que ele dizia.
Ao final do discurso improvisado e de coração – marca de Francisco – o Padre Frederico Lombardi, porta voz do Vaticano, pediu para que os jornalistas se organizassem em fila.
Era chegada a hora.
Enquanto aguardava minha vez, o coração disparou, as pernas trêmulas quase não me sustentavam mais até que... Lá estava eu de frente para o Santo Padre, vivendo um momento único.
Antes da viagem pensei em vários presentes para entregar ao papa. Mas só encontrei mesmo na loja do aeroporto, quando parti de são Paulo. Perguntei se podia entregar-lhe um presente e ele disse que sim. Até este momento os profissionais da imagem acompanhavam os encontros de forma discreta, mas ao retirar a bandeira do Brasil do bolso do paletó não enxerguei mais nada com tanta luz de flash.
Ao receber a bandeira do Brasil, símbolo da minha terra amada, papa Francisco me disse:
- O povo brasileiro é generoso!
Expliquei ao papa que trabalho na TV Bandeirantes e ele confirmou:
- Bandeirantes?
Pedi uma benção para a empresa e para minha família, neste momento ele tocou na minha testa e gravou o sinal da Cruz.
Confesso que a minha vontade era começar a perguntar sobre os diversos assuntos, mas a sala de imprensa já havia advertido que seria um "encontro" e não uma entrevista.
Despedi-me e voltei para o meu lugar em êxtase. Pedi para que aquela benção chegasse a várias pessoas e lugares especiais. Foi só o começo de uma das viagens papais mais esperadas pela humanidade.
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