A tecnologia pôs a fotografia ao alcance de todos, mas o olhar apurado
ainda é privilégio de poucos. Essa arte praticada há 188 anos vive o seu
momento de celebração em agosto - desde o 19 do mês, Dia Mundial da
Fotografia - e em Natal diversas exposições e eventos estão sugerindo
novos olhares e mostrando o que os profissionais da área estão
produzindo de mais notável, bonito e original. As mostras saem das
galerias de arte e se espalham por vários ambientes, do espaço cultural
aos cafés e bares. O Nalva Melo Café, na Ribeira, recebe hoje (sexta)
uma mostra do Coletivo Camafeu. E para outubro, a 2ª edição do Foto
Riografia do Norte vai movimentar o cenário local com uma programação
extensa.
Vlademir AlexandreO Nalva Melo Café, na Ribeira, recebe hoje (sexta) uma mostra do Coletivo Camafeu
O
Coletivo Camafeu, no melhor espírito democrático e tecnológico deste
começo de século, promove uma mostra em forma de projeção: serão 500
imagens projetadas numa tela do café/salão de Nalva, com registros de 16
fotógrafos selecionados pelo grupo, entre profissionais e amadores.
“Por ser o mês da fotografia, resolvemos abrir a exposição projetada
para todos. A ideia é celebrar todas as possibilidades da fotografia”,
afirma o fotógrafo Alex Régis, que compõe o coletivo ao lado dos colegas
Rodrigo Sena, Vladimir Alexandre e Paula Geórgia.
Alex ressalta
que as imagens selecionadas entre os fotógrafos amadores também possuem
as qualidades exigidas pela mostra. “Selecionamos até mesmo uma selfie.
Mas é uma selfie super criativa, diferente do habitual. Mesmo numa
época em que todo mundo se acha fotógrafo, é possível sair coisas legais
de onde menos se espera”, reflete.
Já entre os profissionais
das lentes, a exposição destaca os trabalhos de Heudes Régis, editor
assistente do Jornal do Commercio, de Recife, com um ensaio dedicado à
economia pernambucana, exibindo registros de agricultores, pescadores,
técnicos navais e profissionais de informática, entre outros. Em
território potiguar, o destaque vai para Ana Silva, editora de
fotografia da TRIBUNA DO NORTE, que vai focar sua cobertura do movimento
“Fora Collor”, nos anos 90, além de personagens pitorescos do Rio
Grande do Norte.
A projeção coletiva também mostrará exemplares
do projeto ‘365 Dias de Fotografia’, que o Camafeu promove através do
Facebook: os fotógrafos postam uma foto diferente por dia. O Camafeu
existe há dois anos, e está se movimentando desde o começo para um
projeto que será concluído em 2015: o lançamento de um livro baseado no
mapeamento de vários aspectos da cultura popular do Nordeste. “Começamos
pelo Rio Grande do Norte, que é nosso foco, mas já fizemos registros na
Paraíba e Pernambuco. Faremos exposições e lançamento”, diz.
A
2ª edição do fórum Foto Riografia do Norte, que será realizado de 16 a
18 de outubro, no auditório do IFRN Cidade Alta, promete ser um momento
alto do ano para profissionais, amadores e apreciadores do fotografia em
geral. O evento, realizado pela Associação Potiguar de Fotografia
(Aphoto), atinge fotógrafos, produtores culturais, estudantes e artistas
plásticos. Para este ano vai promover uma maratona de exposições,
lançamentos de livros, shows, e palestras com profissionais renomados do
segmento. O objetivo é firmar o festival potiguar de fotografia no
calendário de eventos nacionais.
Entre os palestrantes
confirmados estão os bambas Miguel Chicaoka (PA), Paulo Rossi (PB), João
Cruz, Pablo Pinheiro, Henrique José, e Alex Gurgel. Entre as exposições
estão “Retratos da Arte”, de Jailson Fernandes; “Inclusão Social”, de
Canindé Soares; “Cooperativismo em Ação”, de Brunno Antunes, e “Oficina
digital na comunidade de Bom Pastor”, de Henrique José.
“Areias que são tesouros”
Leila
Cunha Lima, advogada e fotógrafa, traz um olhar de contemplação e
descoberta sobre os Lençóis Maranhenses na exposição “Areias que são
tesouros”, em cartaz no restaurante-galeria Between Coffee & Deli
House até dia 20 de setembro. Leila selecionou 30 imagens que registram
as cores e os tons das areias, dunas e lagoas de um dos cenários
naturais mais peculiares do país.
“Fiquei impressionada com o
tamanho dos Lençóis”, disse a fotógrafa, que chegou a fazer vários vôos
para ter noção das dimensões do lugar. Há cinco anos ela vem se
dedicando a a exposições com temáticas naturalistas e ambientais. O
Between fica no largo do Atheneu, em Petrópolis.
N. Y. Emotional Landscapes – The incertitude principle
Calcado
na intenção de registrar “paisagens emocionais” a partir do “princípio
da incerteza”, o fotógrafo português Luís Pereira foge do clichê
turístico e mostra o cotidiano de Nova Iorque e a paisagem humana imersa
na metrópole. Sócio d’A Pequena Galeria, em Lisboa, espaço
especializado em fotografia de arte, Pereira expõe “N. Y. Emotional
Landscapes – The incertitude principle” até dia 23 de setembro na
galeria do Teatro de Cultura Popular/FJA. O patrício começou a
colecionar imagens da ‘big apple’ em 1992, e como trabalha em uma
companhia aérea seus registros tornaram-se sistemáticos.
O
trabalho reflete o cuidado do fotógrafo com o ato de observar sem
interferir ou influenciar na verdade do registro, o que resulta em
imagens autênticas, em intenso preto e branco, impregnadas de emoções. O
TCP/FJA fica na rua Jundiaí, 641, Tirol.
Coleção Fotograma
A
exposição “Coleção Fotograma”, de Sônia Figueiredo, atração da ZooN
Galeria Móvel, refaz o percurso da fotógrafa em busca da abstração. O
estudo imagético de Sônia já passou por fases distintas, que ela chamou
de “Natureza”, “Liberdade”, “Dancing Ghosts” e “Geométrico”. O contêiner
da ZooN está estacionado nos fundos do Mercado de Petrópolis, na Av.
Hermes da Fonseca, 804 – Petrópolis. A exposição permanece aberta a
visitação até dia 31 de agosto.
Casa de Cabôco
A
influência nordestina na Amazônia é o mote da exposição “Casa de
Cabôco”, de Henrique José, que fotografou fachadas coloridas de casas
que revelam o grau de interferência dos nordestinos na construção da
identidade cultural da região Norte do país. Os instantâneos estão
inseridos em um contexto maior, onde o autor realiza pesquisas no campo
da Antropologia Visual. O recorte estético proposto pelo fotógrafo
potiguar identifica, a partir de grafismos, combinação de cores e
abstrações geométricas, detalhes das casas onde vivem descendentes e
imigrantes que fugiram da seca. A visitação segue até o dia 8 de
outubro, no Mercado de Petrópolis (box 7), e cópias certificadas das
imagens, impressas em Fine Art (pigmentação mineral sobre papel de fibra
de algodão) estão à venda. Os estudos de Henrique José iniciaram há
cerca de quatro anos.