Em dezembo próximo, adeptos os adeptos das religiões africanas de Natal receberão a nova estátua de Iemanjá, na praia do Meio. A atual, feita de concreto e ferro, é frequentemente alvo de ações de vândalos. Apesar de depredada com frequência, a estátua da deusa, na Praia do Meio, é a principal representação desses religiosos na capital potiguar.
O anúncio da nova estátua foi dado nesta segunda-feira (30) em sessão solene na Câmara Municipal de Natal, onde pais e mães de santo, junto a seguidores de religiões africanas comemoraram o Dia Nacional das Tradições das Raízes e Matrizes Africanas e Nações do Candomblé.
A solenidade, proposta pela vereadora Divaneide Basílio (PT), contou com a participação dos vereadores Fernando Lucena (PT), Maurício Gurgel (PSOL), Preto Aquino (PATRI) e Raniere Barbosa (AVANTE). Na ocasião, a Ialaxé Flaviana de Oxun, da Casa Axé Obá Ogodô, revelou que a nova imagem está sendo construída. “É um dia de festa. Lutamos todos os dias combatendo a intolerância religiosa porque nosso compromisso maior é de educar a sociedade, permitindo que nos conheçam e nos vejam como cuidadores de pessoas que somos.
Quero dizer que no dia 8 de dezembro vai chegar a nova estátua de Iemanjá na Praia do Meio e neste dia faremos uma caminhada saindo da Ponta do Morcego para receber do prefeito a nova estátua que é o maior símbolo de resistência que temos na nossa cidade”, anunciou. O projeto da nova estátua teve início com a ex-vereadora Sargento Regina e o vereador Fernando Lucena encaminhou emenda impositiva para que a Fundação Capitania das Artes (Funcarte) providenciasse o monumento.
A Iemanjá é uma divindade africana das religiões Candomblé e Umbanda. Para a pesquisadora Maria Rita Cássia, adepta do Candomblé e da Jurema, a depredação dos símbolos das religiões afro é um dos sinais da ignorância popular em relação às mesmas. “Nós constituímos a cultura desse país com tradições que estão no cotidiano da população, assim como os indígenas, mas ainda há uma ignorância imensa sobre as práticas religiosas desses povos. É preciso entender que cada um tem sua forma de cultuar suas divindades. Precisamos entender que violência não resolve e que o respeito precisa estar em primeiro lugar”, enfatiza.
Maria Rita e Flaviana de Oxun foram algumas das personalidades homenageadas durante a solenidade na Câmara. A vereadora Divaneide ressaltou a importância das religiões afro enquanto símbolos de resistência, apesar das proibições e perseguições ao longo dos séculos. “É a primeira vez que a Câmara realiza a cerimônia deste dia, dando mais visibilidade à luta das religiões de matrizes africanas e ameríndias. Este dia traz, particularmente, a força contra a discriminação racial e intolerância religiosa”, disse a parlamentar.
Atualmente reconhecido como religião, o Candomblé foi marginalizado ao longo da história brasileira, sendo proibido, considerado como ato criminoso e até impedido por vários governos, sendo seus adeptos perseguidos e presos pela polícia. O Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, é comemorado anualmente no dia 30 de setembro para enfrentar a desigualdade no reconhecimento, pelo Poder Público, das religiões de matriz africana.