Navegar é preciso. A célebre frase do poeta português Fernando Pessoa
nunca fez tanto sentido para os representantes da produção de petróleo
no Rio Grande do Norte. Agora é no mar que o estado - um dos maiores
produtores em terra do chamado "ouro negro" - irá iniciar a exploração.
Com o declínio natural das reservas de petróleo, a unidade potiguar da
Petrobras destinará robustos investimentos na busca por reservatórios
marítimos. Até o final deste ano, a empresa irá perfurar poços em águas
mais profundas, com o objetivo de fazer novas descobertas. Ao mesmo
tempo em que busca alternativas, a instituição executa projetos de
desenvolvimento complementar, aplicando cerca de US$ 1 bilhão na
recuperação da produção do petróleo em terra. Atualmente a Bacia
Potiguar mantém uma produção diária de 70 mil barris de petróleo -
apenas o RN produz 62 mil barris, número que já foi de 100 mil barris
diários.
Segundo o gerente geral de Exploração e Produção da
Petrobras no Rio Grande do Norte e Ceará, Joelson Falcão Mendes, nos
últimos anos a empresa fez descobertas muito robustas no mar, em todo o
Brasil e as descobertas terrestres ajudaram nesse processo. Tal razão é o
que explica os investimentos em projetos voltados para o incremento da
exploração na terra. "As descobertas terrestres ajudaram bastante para
que a empresa tivesse capital para investir e manter a produção. No ano
passado, a Petrobras perfurou três poços aqui no estado, no entanto,
foram em águas rasas. Não foram descobertas significativas, mas estamos
buscando novas reservas e até o final do ano vamos buscar o petróleo em
águas mais profundas", afirmou.
Para Joelson, o trabalho de
recuperação dos reservatórios resulta num aperfeiçoamento de técnicas,
por parte dos profissionais que trabalham na exploração do petróleo. "De
alguns anos para cá, começamos a fazer alguns investimentos mais
robustos, que a gente chama de desenvolvimento complementar da produção.
Fazemos um determinado investimento, colocamos o campo emprodução e
levantamos uma estimativa do volume de petróleo que vai ser recuperado
daquele reservatório. Quando os anos passam, os profissionais conhecem o
reservatório e novas técnicas surgem, o preço do petróleo muda, e isso
pode viabilizar novos projetos", explicou.
Se a empresa não
estivesse aperfeiçoando as técnicas de recuperação dos campos, segundo
Joelson, a queda de produção natural ocorreria de forma mais intensa.
"Nos últimos anos, essa queda seria de 10% a 12% ao ano, na nossa
unidade. Nós temos tido uma queda menor, de 3% ou 4% ao ano, na unidade
como um todo, pois temos vários projetos de desenvolvimento da
produção", declarou.
A produção de petróleo e gás ocorre, em 65
campos produção, terrestres e marítimos, na Bacia Potiguar. É na região
do Vale do Açu, que está em operação o Projeto de Injeção Contínua de
Vapor (Vaporduto), sendo considerado o maior do mundo, com uma extensão
de aproximadamente 30 quilômetros, e o primeiro a operar com vapor
superaquecido. No estado, há 16 municípios produtores de petróleo e gás:
Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues, Apodi, Areia Branca, Assú, Caraúbas,
Carnaubais, Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado, Guamaré, Macau,
Mossoró, Pendências, Porto do Mangue, Serra do Mel e Upanema.
Saibamais
O que é injeção de água?É
um método de recuperação secundária de uma reserva. A água injetada
força a saída do petróleo existente no poço. E no caso específico do
Projeto de Injeção de Água de Ubarana haverá o reaproveitamento da água
produzida juntamente com o petróleo, para reinjeção nos poços do campo.
Esta água será tratada e sairá de uma estação de injeção instalada na
Unidade de Tratamento e Processamento de Fluídos (UTPF), no Polo
Industrial de Guamaré e seguirá por aqueduto até o campo de Ubarana. Uma
estação de injeção de água em Guamaré com capacidade de 17 mil metros
cúbicos por dia, já construída, injetará água no campo através de um
aqueduto.
O que é injeção de vapor?O
vapor fornecido pelo vaporduto é superaquecido com temperatura acima do
grau de saturação (vapor seco). O processo de superaquecimento tem
início na Termoaçu, onde a água passa por um tratamento de
desmineralização. Em seguida, a Termoelétrica gera vapor a uma
temperatura de 370 °C. Este vapor é então distribuído, através do
vaporduto, para dez estações de controle de vapor (ECVs) e é direcionado
para 72 poços injetores do polo de Estreito. O vapor injetado
pressuriza o reservatório e propaga calor na direção dos poços
produtores (adjacentes aos poços injetores), reduzindo a viscosidade do
óleo e facilitando a produção.
DN