Márcia Maia afirma que não há aliança definida com PMDB e que Wilma de Faria pode tentar governo novamente
Alex Viana
Repórter de Política
A deputada estadual Márcia Maia, presidente do diretório do PSB em
Natal, disse ontem que não está fechada a aliança do PSB com o PMDB. Ela
também não descartou que a presidente do PSB, vice-prefeita Wilma de
Faria, concorra ao governo do Estado. Ainda segundo Márcia Maia, o prazo
para o anúncio da definição do PSB poderá ser final de abril, isto é,
após o prazo de desincompatibilização, o que poderá comprometer a
permanência do ministro da Previdência, Garibaldi Filho, à frente do
Ministério da Previdência.
Garibaldi não descarta concorrer ao governo do Estado, caso o PMDB
não formalize aliança com o PSB. A aliança entre as duas legendas
apresentaria como candidato ao governo um nome indicado pelo PMDB, e,
para o Senado, a ex-governadora Wilma de Faria. Pelo PMDB são lembrados
os nomes do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o do
ex-senador Fernando Bezerra. Caso Wilma opte por concorrer ao governo,
no entanto, o PMDB deverá lançar Garibaldi Filho. Para tanto, o
ex-governador terá que deixar o Ministério até o dia 5 de abril, prazo
legal para quem detém cargo público renunciar ou pedir exoneração para
ficar apto à disputa eleitoral.
Ao conceder entrevista ao “Jornal das Seis”, da FM 96, Márcia
confirmou a intenção de Wilma disputar o Senado, alegando que
ex-governadora passou parte da vida pública à frente dos poderes
executivos e que, agora, gostaria de atuar no legislativo a partir de
2015. No entanto, a socialista também não descartou o partido lançar a
candidatura de Wilma ao governo do Rio Grande do Norte nas eleições
deste ano. Se isso acontecer, estará implodida no Rio Grande do Norte a
aliança entre o PMDB e o PSB.
Ao falar sobre essa possibilidade, em entrevista ao JH, nesta quarta,
Garibaldi disse que, na conversa que o PMDB teve com Wilma, a
ex-governadora não falou sobre a possibilidade de se candidatar ao
governo, deixando implícito que o acordo entre as legendas é ela apoiar o
candidato do PMDB. Contudo, Wilma já deixou claro que só aceitaria ser
candidata ao Senado se for ao lado de nomes com Henrique ou o próprio
Garibaldi. Ela não aceita disputar o Senado ao lado do ex-senador
Fernando Bezerra, por considerá-lo candidato fácil de ser abatido.
Para piorar o quadro da aliança entre PMDB e PSB, começa a ganhar
força, nas hostes pessebistas, a candidatura de Wilma de Faria ao
governo. O que é reconhecido pela própria filha da ex-governadora. Disse
Márcia: “É natural que Wilma hoje possa vislumbrar um espaço na chapa
majoritária, seja para senadora, seja para governadora. Isso está posto
na imprensa, foi dito por ela. Não há, de forma nenhuma, blefe, nem
jogo”, afirmou.
Márcia recordou que o projeto inicial de Wilma era disputar uma das
oito cadeiras a que o Rio Grande do Norte tem direito na Câmara dos
Deputados. No entanto, segundo ela, o projeto cresceu em ambição, à
medida que Wilma passou a visitar os municípios no interior do Estado,
passando paulatinamente a auferir maior apoio da população, que, devido o
desgaste do atual governo, começou a reivindicar a volta dela à gestão
estadual.
“Nós começamos a ir para os municípios do Estado do RN, e,
paralelamente a isso, veio o desastre do governo Rosalba. É fato:
ninguém pode esconder que é uma gestão terrível, que está sendo
desaprovada por quase 90% da população do RN. E isso juntou o fato das
pessoas, além da identificação com Wilma, compararem os governos”,
completou a deputada.
MILITÂNCIA
Sobre as palavras do ministro Garibaldi Filho, que recordou acerto
com Wilma, Márcia foi taxativa que quem decide a vida do PSB e da
governadora não são acordos com outros partidos, mas a militância do
PSBV. “Sempre foi dito por Wilma que ela deseja ir para o Legislativo,
que já cumpriu a sua missão no executivo estadual e municipal. Há muitos
anos que a ex-governadora Wilma está no executivo, seja como prefeita
de Natal, seja como governadora do Estado. Ela externou o seu desejo (ao
PMDB). Agora, há também o desejo de parte dos militantes do próprio
PSB, o nosso partido, que deseja Wilma candidata a governadora”, dispara
Márcia.
Para a socialista, o PMDB tem conhecimento de que Wilma poderá ser
candidata ao governo, voltando a enfatizar que não há aliança fechada
com o PMDB e que o PSB está conversando com outros partidos, e poderá
formar outra aliança. “A gente não pode esconder isso, e nem escondemos
também do ministro e senador Garibaldi Filho e do próprio presidente da
Câmara Henrique Alves. Nós temos o maior respeito por eles, estamos
dialogando com o PMDB sim, não está fechado, mas estamos em processo de
diálogo sim e não escondemos isso da população, de forma nenhuma. Todos
que integram o PSB sabem disso. Estamos dialogando com o PMDB, como há
muito tempo atrás dialogamos com o PT, com o PC do B, com o PSD, com
PDT, com PMDB. É natural que a gente dialogue, até porque o estado está
passando por situação desastrosa”, acrescentou a deputada.
Para a pessebista, o prazo para a definição de Wilma é abril, podendo
ser, até o final do mês vindouro. “Em abril, é o prazo para definição
da governadora. Pode ser meados de abril, ou final de abril. Se vai
antecipar para março ou início de abril, não tenho conhecimento”, disse a
pessebista, concluindo, que caso o PSB decida pela candidatura ao
governo, considera muito importante o apoio do PMDB ao projeto. “O apoio
do PMDB é muito importante. Temos consciência do peso do PMDB e das
lideranças que fazem o PMDB. O deputado Henrique preside um poder, é um
homem influente no país inteiro. Não descartamos continuar conversando
com o PMDB, seja Wilma candidata a governadora ou a senadora. O desejo
dela é ir para o legislativo, mas nem sempre a gente faz o que deseja”,
avisa.
Fernando Bezerra sai de cena e zera sucessão estadual
O empresário Fernando Bezerra (PMDB) segue nesta sexta-feira para uma
viagem ao exterior, sem um posicionamento final a respeito da
possibilidade de ele ser candidato a governador do Rio Grande do Norte
nas eleições deste ano. “Sondado” para representar o PMDB numa chapa ao
governo, o ex-senador e ex-ministro da Integração Nacional tem revelado
insatisfação com todo o processo ao qual foi submetido.
Tachado de “candidato laranja” por setores da mídia, que
identificaram nele uma espécie de “guardador do lugar” que, na verdade,
seria ocupado pelo deputado Henrique Alves como candidato a governador,
Bezerra foi submetido à execração dentro do próprio PMDB, que o rejeitou
como candidato.
A própria direção estadual do PMDB teria contribuído para isso, ao
dar publicidade a reuniões com prefeitos e lideranças da legenda,
através das quais foi verbalizado massivamente a opinião dos
peemedebistas, contrários à candidato de Bezerra e incentivando a
postulação do deputado Henrique Alves.
Procurado esta manhã pela reportagem de O Jornal de Hoje, Fernando,
que está aniversariando, atendeu na terceira tentativa da reportagem.
Mas afirmou estar ocupado, numa reunião particular, e que não falaria
sobre o processo sucessório.
Há três semanas, Fernando concedeu entrevista na qual afirmou que sua
candidatura estava sendo estudada. Ele deixou claro que o PMDB estava
“nas mãos” da ex-governadora Wilma de Faria. Convidada para ser
candidata ao Senado na chapa com o PMDB, Wilma aceitou concorrer.
No entanto, com a formação da chapa Robinson Faria governador, Fátima
Bezerra senadora, Wilma recuou de participar da chapa com “qualquer”
candidato do PMDB, mas apenas ao lado de Henrique ao governo, ou, ainda,
do ministro da Previdência, Garibaldi Filho.
O fato é que, hoje, com a possibilidade de Wilma concorrer ao
governo, parece cada vez mais distante a hipótese de haver aliança com o
PMDB. Isso porque o partido dos primos Henrique e Garibaldi aceita ter
Wilma no Senado. Mas não quer nem saber de apoiá-la ao governo do
Estado.
Neste sentido, parece que o jogo fica zerado. E se não houver
comprometimento de Wilma com a candidatura do PMDB a governador, até o
dia 5 de abril, Garibaldi, ministro da Previdência, renunciará ao cargo
para disputar a eleição contra ela, protagonizando o embate dos
ex-governadores. Seria a revanche do senador de um milhão de votos
contra a única política que lhe derrotou nas urnas, na eleição de 2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário