Roma (AE) - Em seu primeiro encontro com o papa Francisco no
Vaticano após a Jornada Mundial da Juventude de 2013, a presidenta Dilma
Rousseff fez ao pontífice um convite oficial para assistir a um jogo da
Copa do Mundo de 2014, que já anunciara publicamente - mas não obteve
sucesso. Apesar do tom descontraído da conversa, segundo sua descrição,
Dilma não conseguiu obter do Santo Padre, argentino e torcedor
apaixonado do time de futebol do San Lorenzo, mais do que a promessa de
uma mensagem aos participantes do evento, provavelmente centrada em
temas como a paz e o combate ao racismo. Foi embora sem a confirmação da
presença do convidado ilustre.
roberto stuckertDilma cumprimenta o papa no primeiro encontro pós-Rio
“Vim dizer ao Papa que vamos ter uma Copa com um tema muito importante”, declarou a presidenta. “O tema é: uma Copa pela paz, uma Copa contra o racismo. E, primeiro, obviamente, convidá-lo e, sobretudo, pedir uma mensagem dele sobre esse posicionamento da Copa no Brasil, que é a Copa das Copas. A única coisa que pedi é que a neutralidade fosse mantida por parte do Santo Padre, e assim a mão de Deus não empurrasse a bola de ninguém”, declarou, em tom de brincadeira, em alusão ao gol de mão de Maradona na Copa de 1986, no jogo Argentina e Inglaterra.
Depois da conversa - uma audiência privada do papa no Vaticano -, Dilma destacou a relação de Francisco com o País. “A ida do Papa ao Rio de Janeiro foi um momento muito importante para o Brasil”, disse. “Quem estava lá, sentiu e participou, percebe que foi um momento de grande interlocução de espíritos. Acho que o Brasil mostrou ao Papa o que tem de melhor, que é essa generosidade do povo brasileiro, aquela capacidade de acolhimento.” Segundo Dilma, “o Brasil abraçou o Papa”, embora seja um Estado “absolutamente laico”.
“O Papa, como chefe de Estado, foi recebido. Mas ele teve este papel inequívoco, que foi expressar valores como (os) da fraternidade, da solidariedade, da relação com o outro de forma respeitosa, e mostrou a possibilidade de um grande congraçamento de pessoas, um pacifismo imenso”, afirmou a presidente.
Na audiência, Dilma deu ao papa três presentes: uma camisa da Seleção Brasileira assinada por Pelé; uma bola assinada por Ronaldo Fenômeno (ambas com dedicatórias respectivas dos atletas); e uma coleção de livros sobre a história dos jesuítas no Brasil. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, deu ao pontífice um quarto presente “contrabandeado”, fora do protocolo, disse Dilma: uma camisa do Palmeiras. Francisco retribuiu a gentileza. “Recebi um terço, uma imagem muito bonita do anjo da paz e uma medalha para minha filha, que ele me entregou assim da forma muito humana que ele tem.”
Dilma também se declarou “muito feliz” com a nomeação do arcebispo dório, Dom Orani João Tempesta, como cardeal - o título vai ser outorgado neste sábado em Consistório no Vaticano, quando 18 outros religiosos também receberão oficialmente o título. “Acredito que foi mais uma manifestação, muito boa, que o papa teve em relação ao Brasil”, afirmou. “Acho que a escolha do dom Orani é merecida. Dom Orani, além de ser um homem de fé, é uma pessoa com grande capacidade de solidariedade, que se interessa pelos movimentos sociais, pelos pobres. Estou aqui, inclusive, para prestigiar dom Orani como cardeal.”
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