Entre as peças estão moedas cunhadas durante o Primeiro Império e no ano de 1827, no valor de 20 réis
Por Saulo de Castro
Um pequeno pedaço da história do Rio Grande do Norte foi encontrado
durante escavações feitas no Forte dos Reis Magos com o resgate de peças
datadas do século 17. Entre elas, estão materiais bélico como projéteis
esféricos de chumbo, utilizadas possivelmente em pistolas, além de
moedas cunhadas durante o Primeiro Império, sendo a mais antiga do ano
de 1827, no valor de 20 réis.
As escavações foram feitas no período compreendido entre dezembro de
2013 e julho de 2014 e contaram com investimentos no valor total de R$
121.483,82
As escavações resultaram no resgate de mais de mil peças, no geral,
materiais relacionados à construção do Forte, como pregos e dobradiças;
material bélico como projéteis de chumbo utilizados possivelmente em
pistolas e arcabuzes – arma portátil inventada por volta de 1440, com
quase cinco quilos e calibre na faixa de 15 a 20 milímetros.
Durante as pesquisas, os escavadores encontraram ainda material de
vestuário e de uso pessoal, sendo resgatados botões, vidros, cachimbo e
peças de jogos de tabuleiro.
Objetos ligados à alimentação, como peças de cerâmica, faiança (forma
de cerâmica branca) e porcelana também estão entre os artefatos
resgatados. Destacam-se as peroleiras, que além da função de transporte e
armazenamento de produtos foram reutilizadas como utensilio de cozinha,
especificamente voltado para o preparo de alimentos.
De acordo com Andréa Costa, superintendente do Instituto do
Patrimônio Histórico no RN (Iphan-RN), o objetivo da pesquisa foi
reproduzir conhecimento científico sobre a construção histórica de modo a
compreender as distintas adaptações estruturais sofridas pelo Forte ao
longo dos séculos.
Para a superintendente do Iphan, a descoberta é importante, pois
permitem entender como efetivamente funcionava o Forte, quais eram as
funções de cada ambiente, como se deu a evolução arquitetônica do bem e
quais os materiais utilizados, “Essas são informações essenciais para
uma ação de restauro e conhecimento sobre o contexto da época”, disse.
As peças estão guardadas no Iphan-RN, para serem expostas
posteriormente, em condições de segurança e conservação adequadas. A
população poderá ver as peças quando for instalada a exposição no Forte,
após o processo de restauro.
Restauração
Até o final de 2015, o Forte dos Reis Magos vai começar a passar por
um processo de restauração. Várias obras internas estão incluídas como a
restauração da cobertura, sanitários, instalações elétricas e
hidráulicas, além da construção de rampas de acessibilidade e
sinalização trilíngue (português, inglês e holandês).
O Iphan-RN incluiu o forte no Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC Cidades Históricas). No momento, o órgão concluiu a reforma da
passarela interna em caráter emergencial.
“Mas estamos esperando o projeto, orçado em cerca de R$ 236 mil para
realizar a contratação da empresa que irá tocar a obra no ano que vem”,
explica Litany Eufrásio. Chefe de Divisão Técnicas do Iphan.
Até o final de outubro, o órgão receberá um amplo relatório sobre as
obras de escavações arqueológicas realizada no forte nos últimos meses
por uma empresa pernambucana.
O documento trará informações sobre novas informações sobre novas
peças localizadas e os pavimentos descobertos que poderão trazer novos
dados sobre a história da fortaleza.
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