do Jornal de Fato, de Mossoró
A
Associação dos Magistrados do Rio Grande do Norte (AMARN) confirma que
existem três juízes sentindo-se ameaçados no Estado. Depois da execução
da juíza de São Gonçalo (RJ), Patrícia Lourival Acioli, a associação se
reuniu com o gabinete institucional do Tribunal de Justiça do Estado
para reforçar o plano de segurança que já existe para os juízes e
promotores de justiça no RN.
O presidente da Amarn, juiz Azevedo
Hamilton Cartaxo, disse que existe uma preocupação nacional quanto ao
cenário de insegurança ao corpo do Judiciário e também do Ministério
Público que se formou em território nacional a partir da execução da
juíza Patrícia Acioli.
Esta preocupação é presente também no Rio
Grande do Norte. Tanto que evita citar os nomes dos juízes ameaçados e
também as comarcas que estão trabalhando. A presidenta do Tribunal de
Justiça, desembargadora Judite Nunes, criou uma comissão de segurança -
presidida pelo desembargador Expedito Ferreira de Sousa, juiz Kennedy
Braga, João Afonso Morais, Henrique Baltazar Villar dos Santos e a
tenente-coronel Angélica Fernandes.
A comissão se reuniu nesta
semana na 3a. reunião, no Salão Nobre do Tribunal de Justiça. O objetivo
do encontro foi discutir as sugestões repassadas pelos juízes
potiguares para que seja elaborada uma política de segurança pública
para os magistrados. Dentre as sugestões apresentadas se destacam a
guarda de armas nos quartéis, compra de detector de metais, o
treinamento de defesa pessoal para magistrados e adoção de monitoramento
eletrônico.
De acordo com o desembargador Expedito Ferreira -
que tem experiência de 18 anos como juiz criminal em Mossoró -, a
comissão atende uma determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
através da publicação, em abril de 2010, da resolução 104/2010, que
dispõe sobre medidas administrativas para a segurança e a criação de
Fundo Nacional de Segurança, que deveria ser aplicada nos tribunais um
ano depois.
Para seguir a determinação do CNJ em solo potiguar, o
TJRN publicou, em abril deste ano, a resolução 12/2011, possibilitando
assim que a resolução do Conselho seja cumprida. Para isso, a
desembargadora Judite Nunes criou uma comissão permanente para conduzir
essas medidas de segurança. Assim, desde que foi criada, a comissão tem
recebido sugestões dos juízes para melhorar as suas condições de
segurança.
Segundo o CNJ, atualmente 87 juízes estão sendo
ameaçados ou estão em situação de risco em todo o país. Quanto a isso, a
comissão, que tem papel consultivo e sugestivo, garante que o Rio
Grande do Norte não tem nenhum magistrado nessa situação. Todavia, uma
política de segurança pública para magistrados está sendo elaborada, de
forma preventiva.
O discurso do Tribunal de Justiça do Estado não
está afinado com o do presidente da Amarn, juiz Azevedo Hamilton
Cartaxo. Ontem, por telefone, Azevedo Cartaxo disse que já havia uma
juíza com escolta policial e agora outros dois magistrados solicitaram o
mesmo. O cenário não é muito animador, diante do aparelho de segurança
pública falido.
Para questões emergenciais, o tenente-coronel
Angélica Fernandes explicou que caso haja uma solicitação de algum
magistrado junto ao Gabinete Militar do TJ, este faz contato com o juiz
para apurar a real situação, em seguida faz a comunicação para os órgãos
de Segurança Pública do Estado e depois dá ciência à comissão de
segurança do TJ, que ficará acompanhando o caso.
"Sentimos partícipes dessa tragédia", diz Ellen Grace
Atualmente
existem, conforme o Conselho Nacional de Justiça, 87 juízes no Brasil
sendo ameaçados de morte, em situação de risco. A execução da juíza
Patrícia Acioli, da comarca de São Gonçalo (RJ), fez ascender a luz
amarela no coro do Poder Judiciário brasileiro. "Realmente, estamos
muito preocupados com essa questão", diz a ministra Ellen Grace.
A
ministra esteve no final de semana passado ministrando palestra no
município de Juazeiro do Norte (CE). À reportagem do DE FATO, Ellen
Grace disse que "a colega foi barbaramente assassinada". As
investigações estão em curso e o presidente do Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro já informou que pretende em breve ter uma solução para o
caso", destaca.
Ainda conforme a ministra, "todos nós sentimos
partícipes dessa tragédia". As palavras de Ellen Grace demonstram uma
preocupação do Poder Judiciário brasileiro com a segurança
disponibilizada pelos Estados aos juízes. A morte de Patrícia Acioli
termina por gerar uma sensação muito grande de insegurança na população
pela audácia dos criminosos.
Promotor solicitou escolta armada
Entre
os membros do Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte, pelo
menos um promotor de justiça requereu escolta armada para trabalhar. No
caso, é Alysson Michel de Azevedo Dantas, com atuação na comarca de
Jardim de Piranhas.
O Rio Grande do Norte registrou uma execução
de promotor de justiça, em decorrência de seu trabalho, em 1997. A
vítima foi o promotor Manoel Alves Pessoa Neto, assassinado por Edmilson
Pessoa Fontes, a mando do juiz Francisco Pereira de Lacerda, no Fórum
de Pau dos Ferros.
Sobre Alysson Michel, a Procuradoria Geral de
Justiça reforçou a segurança dele devido à ameaça lançada pelo
comerciante João Maria Soares de Brito, que é apontado pelo promotor,
como sendo o mandante da morte de Francivan Alves, em janeiro de 2010.
Além
da escolta, o PGJ também designou outras duas promotoras de justiça,
Fladja Raiane Soares de Souza e Beatriz Azevedo de Oliveira, para atuar
no processo em conjunto com o promotor de justiça Alysson Michel. A ação
foi recebida pelo juiz Luiz Cândido de Andrade Villaça, de Caicó, que
decretou a prisão preventiva.
A reportagem do DE FATO tentou
várias vezes na sexta-feira, 19, estabelecer contato com o procurador
geral de justiça, Manoel Onofre, para que ele comentasse o quadro. A
assessoria de comunicação informou que os promotores estavam reunidos
durante todo o dia para traçar metas de trabalho para os próximos seis
meses no Rio Grande do Norte.
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