segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Descoberta da xelita por acaso no RN

A descoberta de metais preciosos no Rio Grande do Norte aconteceu por acaso, em 1943, época de II Guerra Mundial. O vaqueiro José Dias encontrou um pedra escura mais pesada do que o normal dentro de um riacho na localidade de Brejuí, distante oito quilômetros de Currais Novos, na região Seridó. O vaqueiro mostrou a pedra ao então desembargador Tomaz Salustino, casado com Tereza Bezerra, que havia herdado a propriedade dos pais, Antônia e José Bezerra.
Quem conta a história ao JORNAL DE FATO é o economista Rogério Barreto Drummond, bisneto de Tomaz/Tereza Salustino, que recebeu a equipe de reportagem do DE FATO na quarta-feira, 23, na sede da empresa, ao lado da Mina Brejuí, em Currais Novos. A mina é explorada desde 1943 pela Mineração Tomaz Salustino S/A. A mina chegou a empregar no auge de suas atividades, na década de setenta, cerca de 1.500 garimpeiros. No início dos anos oitenta, foram feitos investimentos em máquinas pesadas.
Só que no final dos anos oitenta, início dos anos 90, a China derrubou o preço da xelita no mercado mundial e a mineradora, a exemplo de todas as outras do Rio Grande do Norte e do Brasil, entraram em crise financeira. "Mas nós não paramos nossas atividades. Continuamos atuando aqui na mina e alugando o maquinário para fazer estradas e construir adutoras. Quando o mercado se tornou viável em meados de 2003, retomamos a produção", conta Rogério Barreto.
Rogério Barreto diz que o vaqueiro José Dias, caminhando nas margens de um riacho perto da fazenda, encontrou uma pedra de médio porte, porém pesando mais do que uma pedra grande. Achou estranho e a mostrou a Tomaz Salustino, que, por ser formado, teve a curiosidade despertada. Desconfiou que poderia ser algum metal precioso e mandou fazer análises. Em poucos meses, veio o resultado positivo. Imediatamente, começou a produção.
A xelita (tungstênio) é matéria prima para se fabricar armas de guerra e, como era época da II Guerra Mundial, havia uma carência muito grande, especialmente nos Estados Unidos. Em pouco tempo, centenas de trabalhadores foram contratados e capacitados para reconhecer a xelita entre outros tipos de rochas e iniciada a produção em escala industrial. Porém, como não havia máquinas e equipamentos para processar o minério, o trabalho era feito de forma artesanal.
A descoberta da mina de xelita em Currais Novos despertou a atenção de outras propriedades próximas, de outras cidades e de outras regiões. Alguns anos depois, já havia várias minas artesanais, inclusive as unidades existentes na região de Tenente Ananias e Alexandria, no Alto Oeste do Rio Grande do Norte, produzindo xelita.
"A quantidade não era problema, pois havia mais procura do que demanda. Costumavam dizer que o quilo de xelita naquela época dava para comprar 5 quilos de carne, quando o preço caiu no início dos anos noventa, com o dinheiro de um quilo de carne dava para comprar 5 quilos de xelita", explica Rogério Barreto, mostrando fotos de seus antecessores da família Salustino na Mina Brejuí, que originou todas as outras minas do Estado e hoje é a maior da América Latina, com aproximadamente 65 quilômetros de túneis, divididos em 12 pavimentos.
Atualmente, a Mina Brejuí está produzindo 20 toneladas de xelita por mês e é tudo exportado para a China. O negócio é fechado na Bolsa de Valores de Londres. Rogério Barreto disse que as máquinas compradas na década de oitenta estão sendo substituídas por outras mais modernas e adequadas à exploração do subsolo. "Enquanto isso não acontece, sete equipes de mineiros experientes junto com outros mais novos estão em atividade nos túneis", revela.

CURIOSIDADE
A bisavó de Rogério Barreto, no caso Tereza Bezerra, era filha de José Bezerra e Antônia Bertina, proprietário de muitas terras na região Seridó. O casal deixou as melhores áreas de herança para os filhos homens, que iriam trabalhar na agricultura e pecuária. As áreas de região serrana, consideradas improdutivas na época, foram destinadas para Tereza Bezerra, que casou com o então desembargador Tomaz Salustino. Por ironia do destino, nas terras de Tereza Bezerra foi onde se descobriu que havia xelita em abundância.

Jornal de Fato

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