A Vara de Execuções Criminais (VEC) de Contagem,
cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, não se opôs a uma
possível transferência do goleiro Bruno Fernandes, condenado a 22 anos
de prisão pela morte da ex-amante Eliza Samudio, para presídio do
município de Montes Claros (417 km de Belo Horizonte e situada na região
norte do Estado).
O atleta está atualmente cumprindo pena na
penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem e em
fevereiro deste ano assinou contrato de trabalho com um clube de futebol
da cidade mineira.
De acordo com a Subsecretaria de
Administração Prisional (Suapi), órgão subordinado à Secretaria de
Estado de Defesa Social (Seds), os advogados do goleiro entregaram nesta
terça-feira (15) um documento no qual o juiz Wagner Cavalieri, titular
da VEC de Contagem, não colocou entrave na mudança de local de
cumprimento da pena imposta a Bruno que seria feita por meio de uma
permuta entre detentos.
Segundo o órgão, o documento será
anexado a um pedido de troca entre presos (permuta) feito pelos
defensores do jogador. A intenção da defesa é de que Bruno seja trocado
por um detento que cumpre pena no presídio de Montes Claros. Conforme a
Suapi, os advogados já teriam identificado um detento que supostamente
mostrou interesse em ir para Contagem.
No entanto, a
subsecretaria informou em nota que "todo o processo está sendo
analisado, inclusive, com consultas ao judiciário de Montes Claros". A
entidade revelou ainda não haver "previsão para definição sobre a
transferência".
De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas
Gerais (TJ-MG), a transferência do goleiro ainda precisa ser analisada
sob uma série de fatores, como levantamento do comportamento do preso,
similaridade das penas e a concordância do juiz da VEC de Montes Claros.
Ainda conforme o tribunal, o magistrado, que já tinha se mostrado
contrário à ida de Bruno para a cidade mineira, não tem data definida
para dar seu parecer.
A mudança não significa, no entanto, que
Bruno possa voltar a jogar futebol. Conforme o tribunal, o réu somente
poderá pleitear a mudança do regime fechado (atual estágio do
cumprimento da pena) para o semiaberto em janeiro de 2018.
Tiago Lenoir, um dos que defendem Bruno, afirmou ao UOL que presos podem trabalhar ainda que estejam no regime fechado.
"O que nós estamos buscando é a transferência dele, em primeiro lugar.
Depois que ele for transferido, a gente vai ver a possibilidade de um
trabalho externo, que está previsto, mesmo no regime fechado, nos
artigos 36 e 37 da lei de Execuções Penais", declarou.
Lenoir ainda afirmou que a dentista carioca Ingrid Calheiros, atual mulher de Bruno, fixou residência em Montes Claros.
Em março deste ano, Francisco Lacerda de Figueiredo, titular da Vara de
Execuções Criminais de Montes Claros, havia se posicionado de maneira
contrária à transferência de Bruno para a localidade ao alegar que o
presídio local estava superlotado. A resposta fora dada em razão de uma
consulta feita pelo colega Wagner Cavalieri.
Segundo a
Secretaria de Estado de Defesa Social, o presídio regional de Montes
Claros tem capacidade para 592 presos, mas está atualmente com 1.032
detentos.
O presidente do clube de futebol Montes Claros, Ville
Mocelin, havia dito, quando da assinatura do contrato com Bruno, que o
goleiro receberia salário de R$ 1.430 e teria uma multa contratual
fixada em R$ 2,8 milhões.
Segunda tentativa
Os advogados do goleiro já haviam tentado transferi-lo anteriormente. A
intenção era que Bruno cumprisse o restante da pena em uma Apac
(Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) na cidade de Nova
Lima, situada na região metropolitana de Belo Horizonte.
Porém, o
juiz da Vara da Infância e Juventude, Juarez Morais de Azevedo, negou o
pedido. Os argumentos do TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais)
foram que o crime não fora cometido na cidade e que o jogador conseguiu
demonstrar ter residência fixa na localidade.
Outro fator para a
negativa foi o fato de Bruno ter cometido uma falta grave dentro da
penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria.
Em abril do
ano passado, o jogador teria ameaçado dois outros detentos e um agente
penitenciário. Pelo episódio, ele teve cortado um terço dos dias aos
quais tinha direito para abater na pena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário