As crianças nasceram com 29 semanas e cinco dias pesando 1,065 kg, 1,066 kg e 1,090 kg e devem permanecer na UTI Neonatal
Roberto Campello
Roberto_campello1@yahoo.com.br
Nasceu no final da tarde da quarta-feira, dia 2 de abril, as
trigêmeas filhas de Maria Dulcineia da Silva, de 35 anos, que ficou
popularmente conhecida na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) como
“Joaninha”, em função da sua baixa estatura. Maria Dulcineia é uma anã
com 1,20 metro de altura. Este é o primeiro caso de uma gestação
trigemelar de uma paciente anã realizado na Maternidade. As três filhas –
Maria Eduarda, Maia Helena e Maria Luiza – como nasceram prematuras,
estão internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Duas
estão na Maternidade e uma está na UTI Neonatal recém inaugurada do
Hospital Infantil Varela Santiago.
A pernambucana Joaninha mora em Natal, no Planalto, há mais de vinte
anos, conta que sempre pensou em ser mãe, mas acreditava que
dificilmente engravidaria. “Sempre quis ser mãe. Na verdade, eu sempre
fui mãe dos outros, pois ajudei a criar meus sobrinhos e primos, mas não
acreditava que podia ser mãe”. Ela descobriu que estava grávida quando
foi fazer um tratamento renal. “Quando soube tive um choque. Um choque
triplo quando descobri que era três de uma vez só. Durante a gravidez
sempre estive muito ansiosa por ver o rostinho dela e agora eu choro
porque ainda não consegui ver o rostinho delas”, disse.
O pai dos filhos de Joaninha a abandonou assim que soube da gravidez.
Eles moraram juntos por mais de um ano. Amigos e familiares que a
ajudaram a criar as três meninas. “Não estou pensando em dar minhas
filhas. Elas são minhas e não está a venda. Graças a Deus elas nasceram
bem, com saúde e não vejo a hora de tê-las em meus braços”, ressaltou.
Joaninha vem recebendo inúmeras ajudas.
O diretor da Maternidade, Kleber Morais, conta que em função da
prematuridade e por se tratar de uma gravidez de alto risco trigemelar
foi necessário realizar o parto na tarde de ontem.
As crianças nasceram com 29 semanas e cinco dias pesando 1,065 kg,
1,066 kg e 1,090 kg e devem permanecer na UTI Neonatal por, pelo menos,
dez semanas, até atingirem o peso ideal. Durante esse período, Joaninha
fica internada na Maternidade como mãe-acompanhante. “É comum que
crianças prematuras ao nascerem fiquem em leitos de UTI. Lá elas já
estão sendo medicadas para melhorar a parte respiratória. Esperamos que a
evolução seja a melhor possível. Eles devem ficar na UTI o tempo
suficiente para completar as 40 semanas de gestação, como se estivesse
dentro da barriga”, afirmou o diretor da Maternidade Januário Cicco,
Kleber Morais. “O que mais me impressionou é que apesar das dificuldades
e limitações, ela consegue ver a vida de uma forma colorida, enquanto
muitas pessoas preferem olhar a vida apenas no preto e branco”.
A obstetra Patrícia Fonseca Bezerra, chefe da Enfermaria de Alto
Risco da Maternidade, conta que após o parto, Joaninha passa bem. Ontem,
a paciente estava com problemas respiratórios por conta da compressão
da barriga, o que acelerou a necessidade de realização do parto. A
gravidez de Joaninha era de alto risco por se tratar de uma portadora de
nanismo, por ser trigemelar e por ela ser fumante. A médica disse que
por enquanto não foi identificada nenhuma característica de que as
crianças também sejam portadoras de nanismo. “A gravidez já estava
comprometendo as vias respiratórias da paciente e poderia afetar as
crianças. Vimos também que os bebês não estavam crescendo como o
esperado e decidimos fazer o parto. Agora, os bebês estão bem, mas
requer cuidados. Toda prematuridade requer cuidados, por isso a
necessidade de se ficar em um leito de UTI Neonatal”, disse a obstetra.
A comunicadora e professora Régia Silveira conta que conheceu a
história de Joaninha pela televisão. “Assim que vi me apaixonei. É uma
história emocionante. Fui até a casa dela e conheci um pouco mais da
história de vida dela e não tem como não se emocionar e querer ajudar”.
Em fevereiro, Régia Silveira realizou uma festa de aniversário
beneficente, em que arrecadou 1.300 fraldas para doar para as filhas de
Joaninha. “Sou cristã e vivo para servir. Fazer pelo próximo é uma forma
de também estar fazendo para Cristo”, afirmou Régia Silveira, que faz
parte da Paróquia São João Batista, em Lagoa Seca.
Recentemente, a esposa do jogador do Real Madrid, que conheceu a
história de Joaninha pela internet, entrou em contato com Setor de
Serviço Social da Maternidade Januário Cicco e fez uma doação a ela.
Desempregada, Joaninha ainda precisa da ajuda e doações das pessoas.
Agora, ela precisa de leite nestogeno, além de fraldas. As doações podem
ser deixadas na recepção da Maternidade, aos cuidados de Maria
Dulcineia da Silva.
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