São Paulo (AE) - Sozinho na sauna de sua casa, em Cotia, enquanto
todos dormiam, Jair Rodrigues sofreu um enfarte. O corpo foi encontrado
pela empregada por volta das 9h30 de ontem, e seus filhos não
acreditaram que era o pai quem estava ali, sem vida. Os amigos próximos
foram avisados e a notícia se espalhou. Pedro Mariano recebeu a ligação
de Jair Oliveira, filho do cantor. João Marcello Bôscoli também. Wilson
Simoninha chegou com um choro incontido. Nas redes sociais, as pessoas
reagiam como se não acreditassem que Jair Rodrigues, o mesmo homem que
dias antes comemorava as conquistas de seus 75 anos, também morria.
O
enterro será nesta sexta, 9, às 11h, no Cemitério Gethsêmani, no
Morumbi. Com a chegada do corpo do artista, às 19h20, o velório teve
início no prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo. A causa da
morte, enfarte do miocárdio, foi confirmada por sua assessoria de
imprensa. Jair não sofria de nenhuma doença grave, segundo check-up
realizado há cerca de três meses, e tinha na agenda uma série de shows
confirmados até o fim de julho.
Um projeto que o animava foi comemorado com o amigo Pedro Mariano, enquanto almoçavam juntos, no sábado, dia 3. Jair dizia que faria uma turnê pela Alemanha com outros artistas. Estava radiante, festejava como se fosse o primeiro show. “Ele dizia como ia o lançamento dos novos discos (‘Samba Mesmo’, um álbum duplo) e falava desta turnê. Seriam 25 ou 28 shows pela Europa”, lembrou Pedro, enquanto apoiava a família, na manhã de ontem.
Jair Rodrigues era mais que o “gente boa” reconhecido na música brasileira e sua importância vai além das proezas da voz. Ele quebrou o formalismo que havia nos palcos da pós-Era do Rádio. Antes, era cantor de um lado, plateia de outro e um microfone no meio. Jair, ao libertar-se, desceu do púlpito para tocar os fãs e mostrar que eles também faziam parte do show. Algo impensável até meados dos anos 60. Jair tomava o palco por inteiro e cantava cada música como se o mundo fosse acabar naquela noite.
A presidenta Dilma Rousseff lamentou, em nota oficial, a morte do cantor. “É com sentimento de profunda tristeza que recebo a notícia da morte do cantor Jair Rodrigues, na manhã desta quinta-feira, 8 de maio”, disse a presidenta. “Não há como esquecer o entusiasmo e alegria contagiantes deste artista completo, talentoso e profundamente identificado com o coração do povo brasileiro. Sua interpretação de ‘Disparada’, de Geraldo Vandré e Théo Barros, passados quase 40 anos da apresentação, muito me emociona”, prossegue Dilma. E encerra: “Quero deixar aqui meus melhores sentimentos e meu carinho de fã à família de Jair Rodrigues”.
Mais cedo, o vice-presidente da República, Michel Temer, também lamentou a morte de Jair Rodrigues. “O Brasil lamenta a morte de Jair Rodrigues, ícone da música e da cultura popular brasileira”, escreveu Temer em sua conta do Twitter. Temer estendeu “sentimentos à família” do artista.
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