Nova ação é feita para 31º envolvido em esquema que já tem ex-governadora e atual presidente da Assembleia
Ciro Marques/Jornal de Hoje
Repórter de Política
Os elementos para essa nova denúncia teria sido consequência da 
retomada das investigações após a delação premiada de George Olímpio. 
Considerado o chefe do esquema irregular montado para implantar a 
inspeção veicular no RN, ele assinou a delação em agosto de 2014 e, 
desde lá, levou novos elementos de prova e áudios que terminaram por 
transformar em “denunciados” quem antes era, apenas, “investigado”.
Exemplos disso são Delevam Gutemberg Melo, ex-secretário do governo 
Wilma de Faria, e Ezequiel Ferreira, presidente da Assembleia 
Legislativa. “Com relação aos que já estavam, aos que a denúncia já 
havia sido recebida, já havia elemento de prova suficiente até para a 
condenação, ao nosso ver. Mas a delação dele foi importante até para 
reforçar, porque trouxe novos elementos. Por exemplo, trouxe a conversa 
com Delevan, que foi incluído também, que fortalece a denúncia contra 
Wilma e Lauro (Maia, filho da ex-governadora)”, explicou Rinaldo Reis.
Em contato com O Jornal de Hoje, o procurador-geral de justiça também
 confirmou que novos nomes deverão ser incluídos na lista de 
denunciados, mas não por parte da Procuradoria, e sim da promotoria do 
Patrimônio Público. Ou seja: o novo denunciado não tem foro 
privilegiado. “Na Procuradoria-geral de Justiça, não temos mais nada 
para oferecer. Mas no âmbito da promotoria do patrimônio público ainda 
vai haver novos desdobramentos”, antecipou Rinaldo Reis.
Além de Ezequiel Ferreira e de João Faustino, os áudios entregues por
 George Olímpio e liberados pelo Ministério Público envolvem, também, o 
marido da ex-governadora Rosalba Ciarlini, Carlos Augusto Rosado. Ele 
teria recebido R$ 1 milhão para a campanha da mulher em 2010 e, segundo o
 diálogo entre João Faustino e George, demonstrava ciência do 
“compromisso” que tinha com a Inspar, mesmo tendo sido um dos obstáculos
 para o chefe do esquema conseguir instalar a inspeção veicular no RN.
“Vai ter mais denúncia. Um novo denunciado. Por hora, vai ter um novo
 denunciado”, acrescentou o procurador-geral de justiça sem, no entanto,
 relevar o nome do novo envolvido no esquema.
AGRIPINO
É importante lembrar que a lista de 30 réus, hoje, não inclui João 
Faustino, nem o ex-governador Iberê Ferreira, que faleceram em 2014. Não
 inclui, também, o senador José Agripino Maia, que foi alvo de um pedido
 de reabertura da investigação na Procuradoria-geral da República.
George tomou “precauções de segurança” após a delação
Em contato com O Jornal de Hoje, o procurador-geral de Justiça, 
Rinaldo Reis, e o promotor Afonso de Ligório, que trabalhou na 
promotoria do Patrimônio Público, também comentaram a situação hoje do 
réu George Olímpio. Segundo eles, há um contato constante dele com o 
Ministério Público, consequência da “colaboração premiada” assinada 
entre as duas partes.
“A gente mantém contato permanente com o colaborador, como tem que 
ser. A colaboração é durante todo o processo, inclusive, nas fases 
recursais”, revelou Afonso de Ligório, acrescentando que o réu tem 
ciência de toda a repercussão que a Sinal Fechado passou a ter desde a 
divulgação da sua delação premiada e que, com medo, George Olímpio já 
tomou medidas de segurança.
“Ele tomou precauções de segurança”, confirma o promotor de Justiça, 
ressaltando que, por isso, não pode dizer onde ele se encontra. Nem 
mesmo se ainda está no Rio Grande do Norte. “Nós mantemos um contrato 
através de um número de segurança”, explicou Afonso de Ligório.
“George Olímpio sabia da divulgação. Sabia que em algum momento seria
 divulgado. Sabia que o juiz já havia levantado o sigilo do processo, 
inclusive, ele autorizou. Acompanha tudo que sai porque é daqueles 
sujeitos antenados com a tecnologia”, acrescentou o promotor.
MARCCO defende MP: “O único objetivo é tirar foco de acusados”
Apesar de afirmar que tem elementos suficientes para a condenação por
 corrupção dos 30 acusados, o Ministério Público do RN vem sofrendo 
algumas críticas por parte de alguns denunciados, como o presidente da 
Assembleia Legislativa, o deputado Ezequiel Ferreira, do PMDB. Por isso,
 na quinta-feira, o Movimento Articulado de Combate à Corrupção 
(MARCCO/RN), se pronunciou sobre o caso, cobrou celeridade no julgamento
 dos envolvidos e condenou as ofensas a instituição MPRN.
É importante ressaltar que, apesar de composta também por promotores 
de Justiça, o MARCCO é um órgão independente, composta por organizações 
privadas e públicas que, simplesmente, são contrários a corrupção. 
Tanto, inclusive, que quando pediu o impeachment da governadora Rosalba 
Ciarlini (DEM), nem o apoio do procurador-geral de justiça, Rinaldo 
Reis, teve.
“O MARCCO vem a público manifestar seu APOIO à atuação investigativa 
independente do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE no 
tocante à apuração de infrações penais atribuídas ao atual PRESIDENTE DA
 ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA e demais denunciados”, afirmou Carlos José 
Cavalcanti de Lima, coordenador do MARCCO/RN.
“O MARCCO registra seu REPÚDIO a manifestações ofensivas à honra de 
Instituições e de seus Membros, sem qualquer contribuição à sociedade, 
além de desbordar do saudável debate democrático sobre a lisura da 
conduta dos agentes políticos. Não se combate efetivamente a corrupção 
com tentativas antidemocráticas de intimidação e de deslegitimação dos 
órgãos de controle, cujo único propósito é retirar o foco sobre a 
imprescindível apuração da conduta dos acusados. Respeitado o devido 
processo legal”, acrescentou Cavalcanti.
“O MARCCO/RN, imbuído de sua função de Combate à Corrupção, pugna 
publicamente pela celeridade na apreciação das ações penais relativas à 
OPERAÇÃO SINAL FECHADO, notadamente a recém-ajuizada no TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, fóruns onde todos os 
envolvidos poderão expor seus argumentos de maneira civilizada e 
fundamentada”, finalizou o coordenador, por meio de nota.
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