Manifestantes pedem reabertura da Central de Abastecimento, inaugurada há cinco anos e que nunca funcionou
Roberto Campello
Roberto_campello1@yahoo.com.br
O coordenador estadual da Federação dos Trabalhadores na Agricultura
Familiar (Fetraf-RN), João Cabral, explicou que a mobilização de hoje
faz parte da jornada de luta da agricultura familiar que acontece todos
os anos. “Hoje começamos a nossa caminhada e o processo de negociação
com o Governo do Estado e com a Caixa Econômica Federal”, explica.
Entre as pautas de reivindicações da categoria, está, primeiramente, o
funcionamento da Central de Abastecimento da Agricultura Familiar, que
foi inaugurada há cinco anos, mas nunca funcionou para que os
agricultores pudessem comercializar os seus produtos.
“Queremos o funcionamento da Central de Comercialização para que os
agricultores possam reagir diante desse momento de escassez. Essa
Central foi inaugurada, sem conclusão. Lá dentro, só tem o prédio,
faltam as câmeras frias, dentre outras. Foi uma Central que foi criada
para melhorar a vida do agricultor, mas não saiu do papel. Precisamos
dela funcionando para que possamos escoar a produção dos agricultores”,
afirma João Cabral.
Além disso, o movimento pede que o Governo do Estado viabilize
assistência técnica para os mais de 500 projetos agroecológicos que
existem atualmente no Rio Grande do Norte. “Queremos também a
recuperação e instalação imediata de 550 poços tubulares já perfurados,
além disso, temos 300 poços para ser perfurados em 57 municípios”,
pontua João Cabral. A Federação também cobra a construção de novos
açudes e barreiros de pequeno e médio porte, além da limpeza e reforma
dos já existentes, em parcerias com as Prefeituras. “Queremos que o
Governo viabilize e disponibilize recursos para que possamos construir
duas mil tecnologias de captação de água, como cisterna calçadão e
barragem subterrânea”.
“A nossa pauta tem uma série de pontos, mas a questão hídrica é a
mais séria, é a principal, pois hoje estamos com uma redução de
aproximadamente 60% no rebanho bovino em função da seca dos últimos
quatro anos. A nossa grande batalha é que tenhamos um grupo de trabalho
oficial, envolvendo as secretarias da área mais as instituições do
Estado que discutam permanente a questão do semiárido, tentando integrar
as várias políticas públicas para a agricultura familiar”, destaca João
Cabral, coordenador da Fetraf-RN.
João Cabral disse que os agricultores estão preocupados com o risco
de o inverno deste ano ser irregular, assim como vem acontecendo nos
últimos anos. “Isso pode dificultar ainda mais a nossa convivência com o
semiárido, pois já estamos com escassez de água para animais, consumo
humano e produção. Não podemos apenas esperar pelo âmbito nacional,
precisamos avançar essa discussão a nível estadual também”, considera o
coordenador da Fetraf-RN.
Foto: José Aldenir
A secretária geral da Fetraf Nacional, Jossana Lima, reclama que não
há incentivo por parte do governo do estado para o desenvolvimento da
agricultura familiar. “É um setor muito importante, pois 70% do alimento
que chega à mesa da população brasileira vem da agricultura familiar,
mas não temos a devida atenção e prioridade. Estamos otimistas que a
partir de agora as coisas melhorem”.
O deputado estadual Fernando Mineiro, líder do governo na Assembleia
Legislativa, acompanhou os agricultores durante a caminhada até o
encontro com o governador Robinson Faria. Ele disse que continuará
lutando para conseguir solucionar, ou amenizar, os problemas do
semiárido potiguar.
“Agora, com o novo governo acredito que iremos priorizar essas ações,
principalmente na reabertura da Central de Abastecimento. Acredito que o
cenário a partir de agora será outro, principalmente no acesso à água e
nas políticas voltada para a agricultura familiar. Essas foram
bandeiras que sempre defendi e vamos lutar para que sejam
implementadas”, ressalta o deputado Fernando Mineiro.
Em relação ao protesto em frente a Caixa Econômica Federal, João
Cabral afirma que há mais de três mil agricultores com projetos do Minha
Casa Minha Vida Rural parados. “Queremos cobrar agilidade, celeridade,
na análise dos projetos para que possamos pleitear os recursos com o
Governo Federal”, explica João Cabral.
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