Senadora petista afirma que discurso de moralidade de opositores é “seletista” e não fala dos próprios casos
Ciro Marques
Repórter de Política
Parecia que a Operação Sinal Fechado e a abertura de inquérito para
investigar o envolvimento do presidente nacional do Democrata, o senador
José Agripino Maia, iria passar incólume pelas lideranças do PT no Rio
Grande do Norte. Parecia. Depois de meia duzia de declarações rasas
sobre o depoimento do delator George Olímpio, colocando Agripino como
recebedor de propina, a senadora Fátima Bezerra subiu na tribuna do
Senado Federal e cobrou manifestações da chamada “oposição” brasileira,
que tem o parlamentar do DEM como um dos líderes.
No longo discurso feito no Senado, Fátima Bezerra falou sobre a
influência que a mídia tem feito na política brasileira e afirmou que as
recentes críticas da oposição não passam de uma farsa. “O que vemos
hoje não é a defesa da ética na política e o sincero desejo de combate à
corrupção, mas um discurso em que utiliza-se da moral para destruir o
adversário, tratado como inimigo a ser eliminado da cena política”,
afirmou a petista.
Segundo Fátima Bezerra, há um discurso falso dos opositores ao
Governo Federal da presidente Dilma Rousseff (PT), porque “não passa de
uma indignação seletiva, onde escândalos com o mensalão mineiro que se
arrasta na justiça desde 1998 e até mais recentemente a ‘operação sinal
Fechado’, denúncias que envolvem figuras políticas do meu Estado, são
simplesmente tratados como fatos menores e até mesmo aceitáveis aos
olhos desses falsos moralistas”.
Antes disso, quando questionada sobre a Sinal Fechado, Fátima Bezerra
havia dito, apenas, que o senador José Agripino deveria ser investigado
e, caso culpado, condenado por corrupção. A pouca ação petista diante
dessa fato, inclusive, foi apontado como um dos motivadores para a
“branda” repercussão nacional do envolvimento do presidente nacional do
DEM no esquema. Tanto que o próprio Agripino, que faria um
pronunciamento na semana passada se defendendo, teria sido procurado por
colegas partidário para desistir de falar no assunto, como forma de
evitar a continuidade da repercussão do fato.
Contudo, o caso envolvendo o senador José Agripino, acusado por
George Olímpio de receber R$ 1 milhão para ajudar na implantação da
inspeção veicular no Rio Grande do Norte (denúncia que deve ser
investigada pela Procuradoria-geral da República), não foi o único sobre
corrupção que Fátima afirmou no discurso. A petista também comentou o
caso envolvendo seu próprio partido. Porém, afirmou que há “outros
interesses em jogo” quando se fala do popular Petrolão.
“O que desejam os que hoje fazem o discurso contra a corrupção
praticada por funcionários da Petrobras? Usar esse fato evidente e que
está sendo devidamente investigado, como pretexto para defender a
mudança do sistema de partilha para o sistema de concessões, bem como
desgastar a imagem da presidenta Dilma a ponto de tentar criar condições
sociais para um pedido de impeachment. Ora, senhores, sabemos que o
impeachment é um julgamento político, não jurídico. Todavia, há que ter
base jurídica para tanto. E esta, como sabemos, não existe”, criticou
Fátima Bezerra.
“Não compactuamos com a corrupção. Devemos sim combatê-la, pois a
corrupção na política não se reduz ao desvio do dinheiro público. A
corrupção, como apropriação privada do dinheiro público, corrompe a
própria ideia de política. Resgatar a dignidade da política passa
necessariamente pelo combate à corrupção. Mas não podemos ser ingênuos
em achar que todo o problema da política se resolve com o combate à
corrupção econômica”, acrescentou Fátima.
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