Para tentar minimizar os impactos da falta de chuva, a Semarh pressiona o Ministério da Integração por liberação de recurso da ordem de R$ 336 milhões
Por Virgínia França
O ano de 2016 poderá ser um ano difícil para moradores e produtores
rurais do interior do Rio Grande do Norte. Segundo o secretário do
Estado de Recursos Hídricos (Semarh), Mairton França, o próximo ano
poderá ter chuvas abaixo da média em razão do fenômeno meteorológico El
Niño. Se a previsão se confirmar, 2016 será o quinto ano consecutivo de
seca no estado.
Para o diretor em Gestão da Agência Nacional das Águas (ANA), Paulo
Varella Neto, a situação do semiárido potiguar é grave e o 2016 pode ser
o pior ano em referência ao nível dos reservatórios do RN. “A Armando
Ribeiro Gonçalves está com 21% da sua capacidade concentrada. Temos que
nos preparar. A perspectiva é de um inverno baixo da média e pouca
chuva, mas a situação atual já é gravíssima”, avaliou.
Paulo Varella Neto defendeu o uso consciente do recurso hídrico até
fevereiro de 2017, quando o estado irá receber as águas da transposição
do rio São Francisco. O órgão é responsável por administrar liberação de
água dos reservatórios e o uso pelos municípios.
“Temos que torcer que chova e nos preparar para o pior. Não tem
mágica, são quatro anos sem chover, o que deprecia os açudes. Esse ano
tem nos ensinado muito nessa gestão de risco”, alertou.
Plano emergencial
Para tentar minimizar os impactos da falta de chuva, a Semarh
pressiona o Ministério da Integração para a aprovação e liberação dos
recursos do Plano de Ação Emergencial. Orçado em R$ 336 milhões, o
projeto prevê a segurança hídrica para o estado.
“O Ministério da Integração já está analisando a possibilidade de
financiar parte desse plano e a gente espera que financiem o máximo
possível. O plano inclui principalmente a redução de pressão de demanda
sobre os reservatórios que tem pouca água, principalmente a barragem
Armando Ribeiro Gonçalves”, relatou Mairton.
O plano emergencial inclui a perfuração de poços de vazão profunda,
construção de adutoras de engate rápido, instalação de desalinizadores,
caso sejam encontradas águas salobras, operação carro-pipa, a compra de
três perfuratrizes para que possa ampliar a perfuração de poços de água
não cristalinas na região do Seridó e do Alto Oeste, locais mais
castigados, e a compra de ração animal, para atender ao rebanho.
O titular da Semarh comentou que por meio de perfuração de poços de
vazão profunda, já definidos pelo mapa geológico do Estado feito pelo
Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (Igarn) e
a injeção da água nas adutoras que já existem, irão aliviar a barragem
Armando Ribeiro Gonçalves, a principal do RN. A Companhia de Águas e
Esgotos do RN (Caern) está fazendo projetos de adutoras de engate
rápido.
Mairton França listou uma em Apodi, que vai injetar água na adutora
de Santa Cruz – Mossoró, aliviando a adutora Jerônimo Rosado, que é
abastecida pela Armando Ribeiro Gonçalves; a perfuração de poços em
Afonso Bezerra, no qual a água será encaminhada para a adutora de engate
rápido até Angicos, que será injetada na Sertão Central Cabugi, também
aliviando a pressão da Armando Ribeiro.
Com esse alivio de pressão e demanda de água na barragem Armando
Ribeiro, é possível implantar a adutora de engate rápido da adutora de
Serra de Santana, em Florânia, onde a Caern já fez uma expansão da
captação que chegará em Caicó até do ano que vem.
À espera
Até esse dinheiro chegar aos cofres estaduais, o secretário da Semarh
garantiu que os trabalhos da secretaria irão continuar. Ele apontou que
a Caern está atuando na distribuição de caixas d’águas e águas em
carros-pipa nas redes de distribuição, a Semarh está perfurando de
poços, prioritariamente nas zonas urbanas para atender o maior número de
pessoas.
“O Igarn está monitoramento das barragens e possivelmente poderá ter o
fechamento de algumas das barragens para evitar que perda dessa água
que está armazenada. A Defesa Civil está aguardando o recurso de R$ 4
milhões da União e estamos aguardando o depósito para a Operação
Vertente, que visa por carros-pipa para atender as zonas urbanas,
colocando águas nos chafariz, na rede distribuição da cidade que estavam
em colapso a quatro meses atrás”, explicou.
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