Em
virtude do agravamento do quadro da saúde pública no RN, na conjuntura
de intranquilidade e insegurança dos usuários do Sistema Único de Saúde
(SUS) com a desassistência vivenciada pelos mesmos e pelos gestores
municipais, o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN
(Cosems-RN) entendendo a importância do diálogo bipartite e reconhecendo
ser a negociação o caminho para minimizar os problemas, agendou uma
audiência dos representantes do colegiado com a gestora do ente estadual
e assessores, propondo como pauta os seguintes pontos: cumprimento do
co-financiamento das políticas (Atenção Básica, Assistência
Farmacêutica, SAMU, UPA e Termos de Cooperações complementares aos
valores tabela SUS); resolutividade dos Hospitais Regionais e a
continuidade dos planos regionais das Redes de Atenção à Saúde (RAS),
assim como as atividades do grupo condutor estadual, basicamente.
Diante
da postura da gestão estadual frente aos temas discutidos, o Cosems-RN
vem publicamente expressar a indignação diante das assertivas da gestão,
que alegou que a cronicidade do problema dos atendimentos nos
serviços, localizados na capital, ser resultante do descumprimento da
responsabilidade da gestão municipal com a atenção básica e os demais
níveis de atenção. Considere-se que mais de 80% dos municípios tem
população inferior a 20.000 habitantes e 100% destes já alcançaram a
cobertura integral de sua população com serviços de atenção primária.
É
fato ainda que aqueles serviços de maior complexidade, presentes nos
territórios dos municípios são custeados por iniciativas locais, a
exemplo dos: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Policlínicas,
serviços de urgência, centro de especialidades odontológicas e outros.
Importante
fato diz respeito ao processo de judicialização do setor saúde, que não
poupou os municípios do RN, sendo estes os mais afetados com ações e
demandas por procedimentos, que em sua maioria, são de alta complexidade
que representam alto custo e que, ainda, não estão sob sua competência,
inclusive fora da previsão orçamentária e financeira estabelecida para
os exercícios anuais.
Saliente-se
que o preceito constitucional da aplicação dos recursos próprios em
despesas com saúde é fielmente cumprido, desde o ano de 2004, inclusive
apresentando curva crescente de comprometimento das receitas municipais,
conforme demonstram dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos
Públicos em Saúde (SIOPS), no qual indica que mais de 60% das
cidades potiguares comprometem mais 20% dos montantes financeiros
próprios com ações e serviços de saúde.
Outro
dado relevante refere-se ao descumprimento por parte da gestão estadual
em transferir recursos de contrapartidas obrigatórias pactuadas, cujo
débito acumulado para com os municípios é de aproximadamente R$ 116.
602.085.09, valores correspondentes ao longo dos anos, tornando
insustentável para os municípios manter seus serviços, ainda que os
básicos, com este desfinanciamento estadual e nacional. Agrava esse
cenário a não resolutividade dos hospitais regionais que necessitam,
além de investimentos de infraestrutura, de aporte financeiro para
custeio, garantindo-lhe resposta adequada às demandas no seu espaço
geográfico de referência.
Ressaltando
que os municípios alocam para a média complexidade destas unidades
grande parte dos seus recursos diretamente transferidos para o Fundo
estadual, além de cooperar na manutenção, funcionamento, cessão de
pessoal e pagamento de folha complementar para o funcionamento desses
hospitais regionais, os municípios vem arcando com pesados ônus aos seus
cofres, incorrendo no risco de descumprir a Lei de Responsabilidade
Fiscal, no entanto, compreendendo sua missão perante os cidadãos
residentes e referenciados para os serviços de saúde.
Pontuando
os resultados positivos decorrentes das ações implementadas pelos
municípios é inegável que a execução da política de saúde no âmbito
local é atribuída legalmente aos municípios. É nesse percurso que, em
representação ao corpo de dirigentes municipais de saúde, o Cosems-RN,
considera injusto atribuir a essa esfera de governo a afirmativa de que
os municípios não estão cumprindo com suas responsabilidades,
corroborando para a fragilidade que se encontra o sistema de saúde do
Estado do RN.
Assessoria de Comunicação.
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