Mesmo após início do período de campanhas eleitorais, seis municípios
do interior do Estado ainda tem apenas um candidato a prefeito nas
eleições de 2016. Para especialista, o número é “inédito” e “reflexo”
das alterações de prazo e redução de gastos previstos na reforma
eleitoral, além da crise política nacional. Entre os seis municípios
estão Ibaretama, Jati, Meruoca, Ocara, Potengi e Reriutaba.
A advogada especialista em direito eleitoral Isabel Mota, membro
fundadora da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político
(Abradep) acredita que a situação é “inédita”. “Nunca ouvi falar de
tantos municípios com apenas um candidato”, afirma Isabel.
Ela aponta que diferença e redução nos prazos de registro e campanha,
além da restrições de financiamento, com diminuição do teto de gastos e
proibição de doações de empresas, contribuem para o cenário. Destaca,
porém, o “processo contínuo de criminalização da classe política” como
causa de afastamento de políticos.
“A situação é reflexo disso. O cidadão está sendo afastado de cargos
políticos porque sabe que vai, independente do desempenho, ser colocado
ao lado de outros que estão expostos de forma exagerada pela mídia. Só
se sabe que político é bandido e quem é cidadão de bem não quer se
misturar com isso”, argumenta.
Reriutaba
No município de Reriutaba, avistam-se os três pontos elencados pela advogada.
O atual prefeito Galeno Taumaturgo (Pros) desistiu de reeleição e
preferiu voltar à Medicina. Segundo Galeno, ele está “neutro” em toda a
eleição e não quer mais nada com política. “Sou médico em Fortaleza. Vou
voltar a esse trabalho, mesmo”, diz.
Regis Rego (PT) conta que Galeno decidiu “declinar à reeleição no
último minuto do 2º tempo da prorrogação” e, por isso, a coligação não
conseguiu se organizar em torno de um nome, que seria o do próprio
Regis.
“Lamento. Queria apresentar meu nome, mas não havia condição”,
desabafa, admitindo que as restrições financeiras pesaram para a
escolha. “É uma dificuldade conseguir recursos. Com essa onda de
denuncismo, a disposição de ajudar candidato é muito pequena. A não ser
que se tenha condição financeira, é difícil. O dinheiro ainda prevalece e
as pessoas são muito carentes”, complementa. Segundo Regis, não houve
nenhum acordo com o único candidato, Osvaldo Neto (PDT).
De acordo com o cartório de Reriutaba, entretanto, Clerton Furtado
(PT) efetuou requerimento de candidatura e aguarda decisão judicial.
Isabel Mota alega que, pela lei, considera difícil registro após ter
expirado prazo de convenções. (colaborou Amaury Alencar)
Em eleições com um candidato, o único postulante a cargo de prefeito
precisa de 50% dos votos válidos para ser eleitos. Votos brancos e nulos
entram no coeficiente eleitoral e podem ajudar o candidato a se eleger.
Caso o percentual não seja atingido, novas eleições deverão ser
convocadas .
No município de Potengi, Josa Brilhante (PTC) era o segundo candidato
registrado para o pleito. A coligação, porém, pediu anulação do
registro por problemas de saúde de Josa, que assinou termo de renúncia,
homologado pela Justiça Eleitoral. Nesse caso, outro nome deverá
substituí-lo. Até o momento, contudo, os candidatos a prefeito,
Francisco Luís Mendes Rodrigues (PT), e a vice-prefeito, Galvão Alves
(PCdoB), não têm adversário nas eleições de outubro.
Segundo informou Francisco Luís, houve uma conversa entre as
lideranças da região no último final de semana, onde ficou acertado, até
mesmo por viabilidade econômica, manter uma só candidatura. “ O
importante é trabalharmos para uma cidade melhor”, afirmou. O candidato a
prefeito mais votado, nas eleições de 2012, recebeu 3.200 votos
válidos. Esta será a segunda vez que Potengi terá candidato único. A
última candidatura única aconteceu em 1970, com mandato de dois anos,
assumindo a prefeitura José Edvaldo de Souza, conhecido como Zé
Tibúrcio.
Fonte: O Povo
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