Pelo menos 15 corpos ou
ossadas de pessoas não identificadas estão acumuladas no Instituto
Técnico-Científico de Perícia (Itep) de Natal. Superlotado, o Itep reúne corpos
fora das câmeras frigoríficas, ensacados no chão do pátio, expostos ao sol. De
acordo com o diretor do Itep, Marcos Brandão, a situação acontece pela espera
por vagas nos cemitérios públicos da cidade. “Esses corpos estão
sobrecarregando o sistema”, afirmou Marcos.
Dentre os corpos estão os
quatro mortos não identificados do massacre de Alcaçuz, vítimas da rebelião que
aconteceu em janeiro na maior penitenciária do estado. Na ocasião, pelo menos
26 detentos foram mortos em uma briga envolvendo facções criminosas rivais que
dispustam o poder do tráfico de drogas no estado.
O Itep cobra vagas nos
cemitérios para enterrar os indigentes, mas a situação está sem solução há mais
de um ano.“Não tem vaga para enterrar esses corpos. Entramos em contato com a
prefeitura, mas nossas reuniões são canceladas”, explicou Brandão. “Todos os
dias chegam novos corpos, mas nenhum indigente saiu. Isso contribui para o mau
cheiro, pois alguns corpos já chegam em estado de decomposição, mas não temos
câmaras para guardá-los”, acrescentou.
Ainda de acordo com o diretor
do Itep, o instituto tem a obrigação de ficar com os cadáveres não reclamados
por no mínimo 45 dias, mas a falta de vagas nos cemitérios impede que os corpos
sejam removidos.
Brandão afirmou que, em casos
como as vítimas da matança em Ceará-Mirim -- na qual 14 pessoas foram
assassinadas em 2 dias -- procedimentos emergenciais são tomados. “Colocamos os
corpos no pátio, em urnas, dentro de sacos e com gelo, para amenizar o processo
de decomposição”, disse.
Na quarta-feira (22),
parentes aguardavam a liberação dos mortos nas calçadas e embaixo de árvores
porque não havia espaço na sala de espera. Muitos reclamaram do mau cheiro.
“Tem muita gente aqui esperando seus entes queridos, todos podres lá dentro”,
revoltou-se a empregada doméstica Lucineide Nascimento.
Uma das soluções que será
apresentada à prefeitura, quando o Itep for recebido, é a construção e
ampliação de ossários, nichos onde ossadas são guardadas. “A construção de um
ossário em um dos cemitérios públicos é o ideal. Se não tivéssemos excesso de
corpos, teríamos condições de atender melhor a população”, ressaltou o diretor
Marcos Brandão.
Conversa
A Secretaria de Secretaria
Municipal de Serviços Urbanos de (Semsur) afirmou que prefeitura está sempre
aberta à conversa com o Itep e ressaltou que esta semana foram disponibilizadas
vagas no Cemitério Público de Natal. A Semsur destaca que a prioridade nos
cemitérios da capital é para pessoas da própria cidade. O órgão afirmou também
que há vagas suficientes nos cemitérios públicos da cidade e enfatizou que
nunca ocorreu de o serviço estar indisponível para a população.
G1RN
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