segunda-feira, 5 de junho de 2017

“Não tem governador que seja bom sem dinheiro”, afirma Nélter Queiroz

O deputado estadual Nélter Queiroz (PMDB) defende uma reforma ampla na maneira como são distribuídos os recursos do estado, de modo que o Poder Executivo possa cumprir com suas obrigações, como o pagamento do funcionalismo público, e fazer investimentos em áreas consideradas essenciais. Na avaliação do parlamentar, no modo atual, “não tem governador que seja bom”.
“O dinheiro do estado é transferido aos demais poderes. Como é que um estado pobre como o Rio Grande do Norte tem de bancar a Justiça mais cara do Brasil?”, questiona o peemedebista, que reclama dos repasses constitucionais ao Poder Judiciário e dos salários pagos a juízes, desembargadores e promotores.
“Alguns ganham R$ 130 mil, R$ 140 mil. E aí falta dinheiro para exames, para cirurgias, para educação e segurança. É preciso reforma profunda”, propõe Nélter. “O governo estadual tem que cuidar das suas obrigações. Mas como conduzir uma administração sem dinheiro”, complementa.
De acordo com o deputado, o que vem permitido ao Governo do Estado executar determinados investimentos é o convênio com o Banco Mundial, que financia projetos do Governo Cidadão, antigo RN Sustentável. “Robinson [Faria] está sabendo usar esses recursos, pois o resto só vai para os outros poderes. A ex-governadora Rosalba também teve acesso a essa verba, mas ela foi tão incompetente que nem esse dinheiro ela usou”, dispara.
Nélter também questiona a manutenção da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, que abocanha fatia significativa do orçamento para a educação no estado, cerca de R$ 20 milhões por mês. No ano passado, inclusive, o então presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Cláudio Santos, instaurou polêmica ao sugerir que a entidade deveria ser privatizada para aliviar os cofres do estado.
“Pela lei, o estado tem que bancar educação de nível médio. Como é que um estado pobre como o Rio Grande do Norte banca uma universidade estadual?”, afirma.
Devido a este problema considerado por Nélter conjuntural, o peemedebista não avalia a performance do governador Robinson Faria (PSD) à frente do Poder Executivo. “O estado passa por dificuldades. Vivemos o maior desemprego e a maior crise de água. Durante quatro anos do governo passado, não foi feito concurso para botar um soldado de polícia nas ruas. Dessa forma, e sem dinheiro, não tem governo que seja bem avaliado”, assinala Nélter.
PROJEÇÃO
Em contato com a reportagem, o deputado Nélter Queiroz evitou comentar as projeções para o pleito de 2018, quando deve concorrer à reeleição. Segundo ele, em meio à crise econômica que afeta as finanças do estado, este não é o momento de pensar em eleições. “Eu respiro o dia a dia, não respiro política. Estou preocupado é com a crise. Vamos aguardar o ano que vem, para saber quais serão as regras do jogo”, registra.
No entanto, Nélter manifestou descontentamento com a cúpula do seu partido, o PMDB. “Eu não tenho contato com o presidente, e ele sabe por que eu não falo com ele. Na hora que ele se pronunciar, eu posso falar alguma coisa”, afirmou, revelando que recebe convites para deixar a legenda.
“Todo político tem o direito de mudar de partido. Muitos já mudaram recentemente. Eu sou eleito pelas minhas lideranças, não pelo partido. O PMDB não me deu um voto. E muitos já me convidaram para sair, mas até agora não defini nada. Eu não penso nisso neste momento”, concluiu.

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