O Ministério Público Federal, no Rio Grande do Norte, suspeita de 
fraude em licitação de obras da cidade de Nísia Floresta, a 50 
quilômetros de Natal. Recursos federais teriam sido desviados em favor 
de empresas de parentes da mulher do ex-ministro Henrique Eduardo Alves 
(PMDB – Governos Dilma e Temer/Turismo). Nísia Floresta tem uma 
população estimada em 27 habitantes, segundo o IBGE.
Na quinta-feira, 26, a Polícia Federal vasculhou o gabinete do 
secretário municipal de Planejamento e Finanças da Prefeitura e também o
 setor de licitação.
Laurita Arruda e Andressa de Azambuja Alves Steinmann, mulher e filha
 do peemedebista, foram alvo de buscas da Operação Lavat, desdobramento 
da Manus – que, em 6 de junho, prendeu o ex-ministro.
Três assessores de Henrique Alves foram presos pela Polícia Federal –
 Aluízio Henrique Dutra de Almeida, Norton Domingues Masera e José 
Geraldo Moura Fonseca Jr.
Monitoramento telefônico apontou, segundo a Procuradoria da 
República, “tratativas de Aluízio Dutra, possivelmente no interesse de 
Henrique Alves, para direcionamento de licitações referentes a obras do 
município de Nísia Floresta, baseadas em recursos federais, em favor de 
empresa de parentes de Laurita Arruda”.
O Ministério Público Federal define Dutra como “o principal auxiliar de Henrique Eduardo Lyra Alves no Rio Grande do Norte”.
“No decorrer do monitoramento telefônico, verificou-se a atuação de 
Aluízio Dutra de Almeida no direcionamento de licitações do município de
 Nísia Floresta em favor da empresa Conarte Projetos, Construções e 
Serviços Ltda., constituída em nome de Rafael Vieira Arruda Câmara e 
Rodrigo Vieira Arruda Câmara, primos da esposa de Henrique Alves, 
Laurita Silveira Dias Arruda Câmara”, afirmou o Ministério Público 
Federal em manifestação à Justiça.
“Verificou-se, tanto a partir da análise do celular de Henrique Alves
 apreendido na “Operação Manus como em interceptações telefônicas, que 
Aluízio Dutra realiza operações de compra e venda de imóveis no 
interesse de seu patrão, com provável finalidade de ocultação 
patrimonial.”
Segundo os investigadores, no celular de Henrique Alves, apreendido 
na Manus, “já haviam sido encontradas mensagens que tratavam da atuação 
do ex-parlamentar na liberação de recursos federais, especialmente do 
Ministério do Turismo, para o município de Nísia Floresta”.
O Ministério Público Federal apontou que “dados obtidos em 
afastamento de sigilo telemático confirmaram forte atuação de Aluízio 
Dutra de Almeida perante Nísia Floresta, tendo-se constatado vários 
e-mails dele tratando de obras e licitações envolvendo recursos federais
 em tal município”.
A Procuradoria destacou “uma das conversas de Aluízio Dutra”. O 
diálogo teria ocorrido com “o pregoeiro de Nísia Floresta, Domiciano 
Fernandes da Silva, um dia antes de uma das licitações, para repasse de 
orientações”.
“Duas conversas foram por ele travadas com o engenheiro do município,
 George Ricardo França Farias, para falar sobre empresas que 
participariam de uma das licitações. Outros diálogos foram por ele 
mantidos com Jair de Medeiros Rodrigues, sócio de uma das empresas 
participantes de uma dessas licitações, a Práxis Construtora Ltda., para
 ajuste espúrio e simulação de competição”, destacou o Ministério 
Público Federal.
Defesa
O advogado Marcelo Leal de Lima Oliveira, que defende Henrique Alves, afirmou:
“A afirmação de que terceiros estariam lavando dinheiro de Henrique 
Alves é absolutamente falsa e mentirosa. Andressa, filha de Henrique, 
está vendendo um imóvel de sua propriedade para pagar dívidas e garantir
 sua sobrevivência. A suposição de que a esposa de Henrique, Laurita, 
tivesse obtido documento falso sobre a sua condição de saúde é uma 
infâmia que atinge não apenas a ela, mas ao médico que o atende e a este
 advogado que jamais utilizaria de subterfúgio para enganar a Justiça. 
Basta uma consulta ao controle de entrada da Academia de Polícia para 
constatar a visita periódica de fisioterapeuta para tratamento de sua 
enfermidade. É lamentável que pessoas inocentes sejam envolvidas em 
investigação estéril e sem qualquer fundamento. A defesa apresentou 
resposta em que refuta com provas e documentos todas as acusações e 
confia na Justiça e na absolvição de seu cliente por ser inocente.”
Estadão
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