O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta
sexta-feira (16) que a munição usada na morte da vereadora Marielle
Franco (PSOL-RJ) foi roubada na sede dos Correios na Paraíba.
Jungmann deu a informação ao comentar o fato de a munição encontrada na
cena do crime pertencer a um lote vendido à Polícia Federal de Brasília
em 2006.
“Essa munição foi roubada na sede dos Correios, pela informação que eu
tenho, anos atrás na Paraíba. E a Polícia Federal já abriu mais de 50
inquéritos por conta dessa munição desviada”, afirmou o ministro.
“Eu acredito que essas cápsulas que foram encontradas na cena do crime,
este bárbaro crime, foram efetivamente roubadas. E, também, têm a ver
com a chacina de Osasco, que já se sabe, e que a Polícia Federal está
fazendo todo seu rastreamento, levantando todos os dados e vai
apresentar muito em breve as conclusões às quais chegou”, completou.
Ao Jornal Nacional, Jungmann disse ainda que, em 2006, a PF comprou um
lote de 1,9 milhão de munições da CBC e ocorreram desvios. Um desses
desvios, afirmou o ministro, aconteceu em 2007, na própria PF, por um
escrivão (processado, preso e demitido).
“Mas ele tinha feito um repasse do lote para algumas organizações
criminosas do Rio. É isso que temos até aqui, mas a polícia está
investigando tudo. Sabemos que aproximadamente 50 inquéritos ou mais
foram abertos no Rio frutos exatamente de terem encontrado cápsulas
desse lote encontradas em cenas de crime do Rio e mesmo fora de lá”,
disse Jungmann.
Quinta vereadora mais votada do Rio em 2016, Marielle Franco foi assassinada a tiros na última quarta.
A morte dela causou grande repercussão, a ponto de pessoas em todo o
país se manifestarem contra a violência, e o governo federal anunciar
que concentrará “todos os esforços” em encontrar os assassinos.
Segundo Raul Jungmann, a Polícia Federal determinou ao melhor
especialista em impressões digitais e em DNA que colha o material
genético nas cápsulas.
“A PF tem um banco de dados e vai colocar esse material coletado para
identificar [impressões digitais], o que já seria uma pista segura no
que diz respeito a quem realizou o crime”, completou.
Federalização das investigações
Sobre se as investigações podem ser federalizadas, Raul Jungmann
destacou que a Polícia Federal e a Polícia Civil do Rio já trabalham em
conjunto.
Nesta quinta (15), a Procuradoria Geral da República informou que estuda
pedir a federalização das investigações. Se o pedido for apresentado,
caberá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir.
Intervenção federal
A segurança pública no Rio de Janeiro está sob intervenção federal há um mês, por decisão do presidente Michel Temer.
Sobre as medidas adotadas até agora, Jungmann afirmou que, se o objetivo
dos assasinos de Marielle Franco for “abalar” ou “confrontar” a
intervenção, pode-se avaliar que a ação federal no Rio está “no caminho
certo”.
“Isso não nos abala. É uma tragédia que nós gostaríamos que nunca
acontecesse, mas isso só nos dá mais determinação e mais força para
seguir adiante, não tenham a menor sombra de dúvida”, concluiu.
Fonte: Blog do BG
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