A primeira morte pelo novo coronavírus em Pernambuco foi confirmada, nesta quarta-feira (25), pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE). Este é, de acordo com o Ministério da Saúde, o primeiro óbito da região Nordeste. A vítima é um idoso de 85 anos, que estava internado no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) – referência para a Covid-19 na rede estadual. O paciente, morador do bairro de Areias, Zona Oeste do Recife, tinha histórico de diabetes, hipertensão, além de cardiopatia isquêmica. Ele apresentou os primeiros sintomas no dia 18 deste mês e foi internado no Huoc na última sexta-feira (20). Além da morte confirmada, outras 13 causadas por vírus respiratórios foram registradas no estado.
Além do primeiro óbito, nas últimas 24 horas, Pernambuco confirmou mais quatro casos da Covid-19, passando para 46 confirmações, distribuídas por seis municípios pernambucanos, além de ocorrência em pacientes de outro estado (dois casos) e países (três casos). Os quatro novos casos foram registrados no Recife (dois), em Olinda (um) e em Petrolina (um). Agora, são 31 casos no Recife, três em Jaboatão dos Guararapes, três em Olinda, dois em Petrolina, um em Belo Jardim e um em Caruaru. Do total de casos confirmados, 10 estão hospitalizados, sendo oito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além desses, outros 30 pacientes cumprem isolamento domiciliar e cinco casos são considerados curados.
O homem que morreu após ser diagnosticado com a Covid-19 foi atendido na última quinta-feira (19) em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com um quadro de febre, tosse seca, dispneia (dificuldade de respirar) e dor torácica. O paciente recebeu assistência na UPA, onde foi entubado e, em seguida, transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Oswaldo Cruz. No Hospital Universitário, foi iniciado tratamento medicamentoso, com antibiótico e com o antiviral oseltamivir (tamiflu), indicado para tratar influenza em pessoas com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).
Apesar de o idoso apresentar melhora no quadro respiratório e infeccioso, pelo histórico de comorbidade, teve uma piora na função renal, sendo necessário iniciar, nessa terça-feira (24), uma diálise, procedimento considerado de risco para pessoas acima dos 80 anos. Na manhã desta quarta, durante a sessão de diálise, o homem teve uma parada cardiorrespiratória. Apesar das tentativas de reanimação pela equipe médica, ele morreu durante a manhã.
"O óbito só reforça o que estamos dizendo diariamente: fiquem em casa e sigam as orientações das autoridades sanitárias e especialistas, que têm tratado esta questão com a importância e responsabilidade que ela merece. Acreditem na gravidade da situação e sigam as orientações do governo do estado. Cada um de nós tem a opção de escolher ser um agente de proteção, ou de transmissão. Ficar em casa, neste momento, significa salvar vidas. O momento exige consciência e responsabilidade de todos", afirmou o secretário estadual de Saúde, André Longo.
Familiares e pessoas que tiveram contato com o idoso estão sendo monitorados. "A recomendação, assim como é para todos os contatos de pessoas com casos confirmados, é de isolamento. Estamos fazendo o acompanhamento deles por 14 dias. Realizamos a investigação e se há pessoas com sintomas. Até agora, ninguém (relacionado ao idoso que morreu) apresentou sintomas", esclareceu o secretário municipal de Saúde do Recife, Jailson Correia.
Um estudo realizado em fevereiro pelo Centro Chinês de Controle de Doenças e Prevenção apontou que o coronavírus afetava pessoas mais velhas e com problemas prévios de saúde. O levantamento mostrou que 14,8% das pessoas com mais de 80 anos que contraíram a doença morreram, enquanto 0,2% de pessoas de 10 a 19 anos morreram. Abaixo dos 9 anos, a taxa de mortalidade era de 0%.
Certidão de óbitoO caso de outro óbito registrado no Hospital Maria Lucinda, cujo atestado está circulando nas redes sociais, teve resultado laboratorial confirmando para Influenza tipo A, descartando a hipótese de Covid-19. "A emissão do atestado de óbito é um ato médico, que tem por obrigação legal constatar e atestar a morte. Para haver a confirmação do agente causador (vírus ou bactérias) em casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), isto é, quando o indivíduo hospitalizado apresenta febre, acompanhada de tosse ou dor de garganta, e que apresente dificuldade para respirar), é necessário que haja coleta de material para análise em laboratório, como preconizado pelo Ministério da Saúde", esclareceu a SES.
A Secretaria Estadual de Saúde destaca ainda que os quadros de Srag podem ser provocados por diversos vírus, como os vários tipos de influenza (A H1N1, A H3N2 ou B, por exemplo), o novo coronavírus ou ainda por bactérias. "Por fim, informamos que todos os dados relativos aos registros confirmados pela Covid-19 estão sendo divulgados no boletim diário emitido pela Secretaria Estadual de Saúde. Até o momento, só há confirmação de uma morte em Pernambuco pelo novo coronavírus", explicou o órgão.
Outras mortes
Pernambuco registrou, em 2020, 14 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), incluindo influenza A (H1N1), influenza A (H3N2) e influenza B. Do total de mortes, nove foram de pessoas com 60 anos ou mais. Até o momento, entre os casos suspeitos para Covid-19 de pacientes com a Síndrome Respiratória Aguda Grave, apenas um teve resultado laboratorial positivo para o novo coronavírus. Outros cinco testes positivaram para influenza A; três para influenza B, seis foram negativos para influenza e para Covid-19. Além desses, três deram negativo para Covid19 e estão no aguardo do resultado para influenza.
"Alguns relatos têm chegado sobre óbitos suspeitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave e, consequentemente, para o novo coronavírus. São óbitos suspeitos para a Covid-19, mas não necessariamente significam óbitos confirmados para esse vírus. Existem outras inúmeras causas que podem levar ao óbito nas SRAG. A causa da morte só pode ser confirmada com o resultado laboratorial das amostras biológicas do paciente. Esta é uma situação nova para os profissionais de saúde e pode levar a confusões ao preencher a certidão de óbito. Nossa recomendação é que, se não houver a confirmação para a Covid-19 em óbitos suspeitos, o profissional qualifique a morte suspeita como SRAG em investigação", defendeu o secretário estadual de Saúde.
"É importante ressaltar que a gripe leva a situações mais graves e ao óbito. Por que falamos tanto da Covid-19 então? Porque essas outras formas já circulam e, ao longo do tempo, parte da população adquiriu imunidade. No caso da Covid, a população não tem imunidade e todos estão suscetíveis. Assim, todos podem adoecer. Os sistemas de saúde, seja em um país desenvolvido ou não, não suporta o número de casos graves. Além disso, não há vacinação para a Covid", explicou o chefe do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, Demetrius Montenegro.
Além de não existir uma vacina para o novo coronavírus, até o momento, não há também medicamento antiviral específico para prevenir ou tratar a Covid-19. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as pessoas infectadas devem receber cuidados de saúde para aliviar os sintomas. Pessoas com doenças graves devem ser hospitalizadas. A maioria dos pacientes se recupera graças aos cuidados de suporte.
Por outro lado, existe vacina para evitar outras formas de Síndrome Respiratória Aguda Grave. Desde essa segunda-feira (23), idosos e profissionais de saúde começaram a receber a vacina contra gripe. Eles são o público-alvo da primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra Gripe, que foi antecipada em um mês. Na primeira fase, Pernambuco tem uma população a vacinar de 1.148.115. O objetivo da antecipação é proteger os pernambucanos contra três vírus da influenza - A(H1N1), A(H3N2) e B -, evitando adoecimentos e, consequentemente, o impacto nos serviços de saúde neste momento da ocorrência de casos do novo coronavírus.
Testes
A Secretaria Estadual de Saúde informou que tem "se esforçado para ampliar a testagem para a Covid-19 em Pernambuco". Para isso, estão sendo adquiridos 50 mil testes, além de insumos como reagentes, para a doença, num investimento de aproximadamente R$ 5,9 milhões. Os kits de detecção são da técnica RT-PCR, indicada para pacientes no início dos sintomas (até 7 dias) e que analisa a presença do vírus ou parte dele na amostra coletada.
Do total de exames, 20 mil estão sendo adquiridos para o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE), referência estadual para esse tipo de testagem. Até o momento, o Lacen recebeu 1,2 mil testes do Ministério da Saúde e, desde o dia 13 deste mês, a equipe técnica do laboratório vem realizando as análises.
Outros 30 mil testes serão adquiridos por meio de uma parceria com o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com a empresa Genômika - especializada em testes genéticos e imunológicos, para ampliar a capacidade do estado. A expectativa é que a empresa inicie os trabalhos até o fim desta semana.
"Em breve, teremos condições de processar cerca de 160 amostras biológicas por dia no Lacen. Estamos também em fase de contratação de laboratório privado para realização dos exames, o que pode aumentar para até 500 rodagens de testes por dia", disse André Longo.
*Com informações do Diário de Pernambuco
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