quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Tragédia em Vinhedo: Família esperava chegada de irmão que foi última vítima confirmada para comemorarem aniversário

José Ricardo e Jairo mostram fotos do irmão Constantino, vítima do acidente do voo da VoePass em Vinhedo, no interior de SP. — Foto: Reprodução/TV Globo
 

Irmãos do representante comercial Constantino Thé Maia - uma das 62 vítimas do acidente com o avião da VoePass que caiu em Vinhedo, interior de São Paulo - disseram nesta terça-feira (13) que ele viajava para voltar para casa da família e comemorar o aniversário de um deles.

Constantino participava de um evento da empresa onde trabalhava com o irmão José Ricardo e pegou o avião que seguia de Cascavel (PR) para Guarulhos (SP).

De lá, embarcaria em um novo voo, com destino a Natal (RN). A família deles vive no município de Parnamirim, região metropolitana da capital potiguar.

Pernambucano, Constantino Thé Maia vivia há mais de 30 anos no Rio Grande do Norte, era casado há 25 anos e deixou dois filhos.

Em entrevista ao programa 'Encontro', da TV Globo, José Ricardo contou sobre o drama de, no dia do seu aniversário, saber da morte do irmão.

“A gente trabalha juntos e, quando ele foi para a convenção da empresa, eu que o levei para o aeroporto. E ficou certo de eu ir buscá-lo. Ainda disse pra ele: ‘que legal, que bacana. Tu vai chegar no dia do meu aniversário. Dá pra gente comemorar junto’. Tava vindo uns amigos da gente de Recife também para comemorar", contou.

"E foi quando eu tava em casa, organizando as coisas, o Jairo [outro irmão] me ligou e disse: ‘Tu viu que teve um acidente? Vê se não é o de Tino’. Eu disse: ‘Peraí que ele me passou os vouchers dele’. Aí eu vi e era realmente o voo saindo de Cascavel para Guarulhos. E eu disse: ‘Jairo, acho que é’. E aí começamos aquela aflição. Fui direto pra casa do Constantino para amparar a minha cunhada e meus sobrinhos”, disse José Ricardo.Constantino Thé Maia foi o último passageiro confirmado pela VoePass como integrante do voo que caiu em Vinhedo (SP). A família disse que viveu horas de angústia até chegar na cidade de São Paulo, onde o Instituto Médico Legal (IML) faz o reconhecimento das vítimas através de exames, e saber que 'Tino' - como era chamado - infelizmente era um dos passageiros do avião. "Até a hora de embarcar - A empresa mandou passagem pra família vir pra SP reconhecer o corpo - eles não me confirmaram nada se ele tava realmente presente no voo, isso gerou uma grande angústia pra gente. Inclusive, na hora que sai a lista, que o nome dele não tá, aí o meu sobrinho que tava acompanhando tudo dizia 'tio, será que meu pai não tava?'", contou.

"A gente com essa certeza no coração que ele tava, mas assim, quando não veio o nome dele na lista, a gente disse 'ah, tem uma esperança'", completou.

Segundo a família de Constantino, a morte dele só foi confirmada quando parentes do representante comercial já estavam em São Paulo em busca de informações - cerca de 18 horas depois do acidente.

"Foi uma madrugada de sofrimento. Foram, se pode se dizer assim, duas mortes. Foi uma falsa esperança pra uma família ique já estava tão angustiada com esse desastre", lamentou a cunhada Sarah Fernandes.

O terceiro irmão da família Constantino, Jairo, disse ao 'Encontro' que ainda aguarda a liberação do corpo em São Paulo para que a família faça as últimas homenagens no Rio Grande do Norte.

"Eles disseram que não tem prazo porque eles só liberam quando tem 100% de certeza da identificação. E é um processo custoso porque o corpo não tá num estado de fácil reconhecimento. Então, quando tiver essa notícia, essa informação, eles ligam pra gente e aí de imediato eles informaram que o corpo será liberado e a gente já retorna pra casa, conduzindo o corpo", afirmou.

'Protetor da família'

O pernambucano de 50 anos vivia no Rio Grande do Norte há mais de 30 anos.

"Ele estava muito feliz. Mandou fotos dentro de tudo, da convenção. Não teve despedida, foi tudo igual", disse Miriam, um dos quatro irmãos de Constantino.

A relação dele com a família se estendia para o campo profissional, com atuação de familiares na empresa de representação comercial que ele era proprietário.

Os passos da viagem eram compartilhados por Constantino no grupo da família em um aplicativo de mensagens. Uma das últimas mensagens enviadas compartilhava a temperatura na manhã do embarque: 6 graus.

Visivelmente abalados, os familiares relatam que o representante comercial era um elo importante da família Maia. Chamado de Tino por irmãos e sobrinhos, Constantino deixa esposa, com quem era casado há 25 anos, e dois filhos.

"Ele era realmente aquele cara que sempre queria estar com a família. Toda vez que ela vinha, fazia questão de beijar pelo menos de cada um. Era um pai maravilhoso, um marido exemplar, um filho espetacular", disse Miriam. O nome de Constantino não constava na lista inicial de passageiros embarcados por "uma questão técnica referente às validações de check-in e contagem de passageiros", de acordo com a VoePass.

"Em respeito à identidade do passageiro e de sua família, a VOEPASS decidiu confirmar a informação de que Constantino estava a bordo do voo 2283 somente quando não houvesse dúvidas", diz a nota da aérea.

Constantino é o segundo morador do Rio Grande do Norte entre as vítimas. O cearense Thiago Almeida Paula, morador de Mossoró, no Oeste potiguar, também estava no voo.

A queda

De acordo com a Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, companhia aérea dona da aeronave, as vítimas estavam em um avião turboélice de passageiros, modelo ATR-72, que saiu de Cascavel (PR) às 11h58 com destino a Guarulhos (SP).

Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o voo ocorreu dentro da normalidade até as 13h20, mas a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas da torre de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. "A perda do contato radar ocorreu às 13h22".

A companhia aérea afirmou em nota que o avião que caiu estava apto a voar e sem restrições. A Anac informou que a aeronave se encontrava em condição regular para operar, com certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos, além dos tripulantes com documentação em dia.

A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar o acidente. Um 'gabinete de crise' foi montado pela corporação na casa de um morador dentro do condomínio onde houve a tragédia.

 

G1RN

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