
Foto: José Aldenir - Agora RN 
Ao celebrar 50 anos de sacerdócio, o arcebispo emérito de Natal,
 Dom Jaime Vieira Rocha, fez um alerta contundente sobre a necessidade 
de uma vivência da fé que esteja alinhada às realidades sociais. Em 
entrevista à Rádio Cidade, ele criticou o que chamou de "alienação na 
vivência da fé" e apontou a falta de solidariedade diante de questões 
como pobreza, desigualdade e problemas como a depressão, que afetam 
milhões de brasileiros.
"Não
 podemos ter uma fé apenas vertical, olhando para cima, sem nos 
voltarmos para a dimensão horizontal, que é a transformação do mundo ao 
nosso redor. O evangelho diz que eu venho para que tenham vida e a 
tenham em abundância. Não podemos ficar alheios a essa missão", declarou
 Dom Jaime.
O
 arcebispo destacou que, ao longo de seus 50 anos de sacerdócio, 
presenciou situações graves de pobreza e subdesenvolvimento, 
especialmente no interior do Rio Grande do Norte. Ele relembrou sua 
atuação em momentos emblemáticos, como a desapropriação do Vale do Açu 
para a construção da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, e o doloroso 
processo de inundação da cidade de São Rafael.
"Presidi
 momentos muito difíceis, como a mudança da cidade de São Rafael, onde 
as pessoas precisaram se desapegar completamente de suas histórias e 
origens. Foi um processo muito doloroso, mas também de aprendizado sobre
 a força da solidariedade e da fé", disse Dom Jaime.
Dom
 Jaime também abordou o drama da depressão, destacando que mesmo figuras
 públicas e religiosas enfrentam esse desafio. Ele comentou sobre a 
confissão pública do Padre Fábio de Melo, que revelou lutar contra a 
depressão. "Somos todos humanos. Não estamos isolados das realidades do 
mundo. O drama da depressão é muito presente porque, muitas vezes, as 
pessoas se sentem impotentes diante das forças que regem a sociedade", 
afirmou.
Ele
 ainda mencionou o legado de figuras como o Padre Zezinho, que utilizava
 sua fé e sabedoria para criticar as grandes potências mundiais e sua 
falta de compromisso com a dignidade humana. "Precisamos recolocar a 
dignidade da pessoa humana no centro, investir em programas sociais e 
criar um mundo mais justo e fraterno. Caso contrário, corremos o risco 
de nos tornarmos uma sociedade descartável", alertou.
Dom
 Jaime foi enfático ao destacar a importância de ações concretas para 
transformar a realidade das pessoas que vivem em situações de 
vulnerabilidade. "Vivemos em um mundo onde parece que duas grandes 
potências ditam o tom, descartando completamente a dignidade humana. A 
humanidade está caminhando para se tornar um lixão, com sobras e 
descartes. Isso não pode ser aceito", afirmou.
O
 arcebispo também fez um apelo para que a fé cristã seja vivida de forma
 integrada com a solidariedade. "Não é possível viver uma fé alienada, 
desconectada das realidades do mundo. O evangelho nos chama à ação, à 
transformação, à construção de um mundo melhor", concluiu.
Dom
 Jaime celebrará seu jubileu sacerdotal no dia 1º de fevereiro, com uma 
missa em ação de graças às 10h, na Catedral Metropolitana de Natal. A 
cerimônia contará com a presença de bispos amigos, como Dom Edilson 
Soares Nobre, e de fiéis que acompanharam a trajetória de Dom Jaime ao 
longo de meio século.
"Agradeço
 a Deus por todas as bênçãos que Ele concedeu ao longo desses 50 anos. 
Com todos os desafios, sofrimentos e esperanças, estou aqui celebrando 
este momento, que é uma graça muito grande", declarou Dom Jaime, 
convidando os fiéis para a celebração.
O
 arcebispo emérito encerrou sua entrevista com uma mensagem de esperança
 e renovação da fé: "Que possamos nos comprometer cada vez mais com o 
evangelho, com a solidariedade e com a construção de uma sociedade mais 
justa e fraterna."
Fonte: Portal Agora RN
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