quinta-feira, 7 de julho de 2011

Campanha de doação chega ao interior

Uma ideia pioneira está em andamento na região Oeste do Estado com o objetivo de  conscientizar a população sobre a  captação e doação de órgãos para transplantes. A Coordenadora da Central de Transplantes de Mossoró, Elizabeth Carrillo, apresentou um projeto de extensão na Faculdade de Medicina da UERN em 2010 que começa a sair do papel. O Doe Vida propõe-se a realizar campanhas educacionais, de caráter permanente, sobre doação de órgãos e tecidos estabelecendo maior vínculo com a comunidade, garantindo transmissão de informação e desmistificação acerca do assunto.
cézar alvesProjeto nasceu na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual do Rio Grande do NorteProjeto nasceu na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

A ideia a partir da experiência embrionária em Mossoró, começa a se expandir para toda a Região Oeste. Amanhã, (sexta-feira), o Doe Vida vai ser realizado pela primeira vez na cidade de Areia Branca, com a participação de toda a equipe envolvida no trabalho.  Serão atividades que vão durar todo o dia, envolvendo a comunidade e postos de saúde.

Elizabeth Carrillo estuda a implantação de uma disciplina de Doação de Órgãos na grade curricular das escolas públicas e privadas do País, com alunos a partir dos 10 anos, já que no próprio Sistema de Ensino se estuda a disciplina de Ciências e Biologia onde é abordado o corpo humano.  Assim, as crianças já cresceriam com uma consciência mais qualificada para o assunto.

 Para atender a esse objetivo, já estão sendo realizadas palestras abordando todos os aspectos que envolvem a doação de um órgão, desde os exames preliminares, a constatação da morte encefálica até para onde e para quem está sendo destinado. Tornar a informação o mais claro possível ajuda no discernimento da família em tomar a decisão de doar. Hoje, no Brasil, para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar sua família do desejo da doação. A doação de órgãos só acontece depois da autorização do familiar. 

Profissionais de saúde e alunos de medicina participam do projeto dividindo-se em várias equipes de trabalho.  Numa primeira etapa foram realizadas palestras dirigidas aos trabalhadores da saúde, nos hospitais, clínicas, casas e 44 unidades de saúde. A segunda, que abrange os meses de maio, junho, julho e agosto, está sendo dirigida aos alunos professores e seus familiares nos colégios e universidades.  Numa terceira etapa, nos meses de setembro, outubro e novembro, serão realizadas palestras conduzidas a comunidades em geral incluindo representantes de todas as religiões, empresas publicas e privadas. Também estão incluídos no projeto, componentes do clube pré/pós transplante e seus familiares. Antes das palestras uma prova escrita é realizada com os participantes e corrigida no mesmo instante. Isso leva a ter uma maior perspectiva de que dúvidas são mais freqüentes. 

Após o termino, outra prova escrita é realizada e a aceitação em doar órgãos começa a ficar visível naqueles que participaram do encontro, 97% aprovam o procedimento. O objetivo começa a ser atingido, já que esse público vai se tornar multiplicador dentro da sociedade, incentivando a prática podendo aumentar o número de doações na região e em todo o Estado.

Doações começam ser aceitas

Os dados mais recentes da Central de Transplantes colocam o Estado em primeiro lugar no Nordeste e em terceiro em todo o Brasil nos índices de captação, só perdendo para Santa Catarina e São Paulo. Nos três primeiro meses de 2011, foram realizadas 28 captações, sendo 16 de córneas e 12 multiorgânica, quando são retirados vários órgãos de uma só vez, nove fígados foram captados, mas enviados para outros estados dos país. O mês de fevereiro registrou recorde em captação, foram 6 multiorgânicas, mais de uma por semana.  A expectativa da Secretaria de Estado da Saúde Pública é zerar a fila de transplantes de córneas até o final do ano.

Todos os hospitais que tenham leitos para SUS aqui no Estado estão aptos a realizar as captações. Um momento ímpar para o Estado foi à captação realizada pela primeira vez em Mossoró, podendo tornar o município também pólo de transplantes, já que somente em Natal era possível fazer tal procedimento.

Visando esse potencial, o Hospital Albert Einstein - centro de referência em medicina no Brasil - convidou 20 profissionais de Natal, entre médicos e enfermeiros, a participarem de um treinamento em São Paulo, na sede da instituição. A capacitação aconteceu em maio sem nenhum ônus para o Governo do Estado. E como a expectativa é que o número de transplantes aumente a partir da implantação desse novo pólo em Mossoró, uma equipe do Hospital Tarcísio Maia deve participar da mesma capacitação já no segundo semestre deste ano.

A Espanha é desde muito tempo o país referência em captação de órgãos no mundo, sendo detentores dos melhores indicadores na área. Capacitam o mundo todo neste tema e concentram esforços naqueles locais de maior potencial para obtenção de órgãos. No Brasil, firmou convênio apenas com 5 estados de maior comprometimento, potencial e obtenção de resultados nos últimos meses. O RN está entre os cinco, juntamente com SC, SP, CE e BA. Várias visitas ao Estado estão sendo agendadas para realização de cursos e capacitação desses colaboradores.
TN

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