Diário de Natal
A estrada entre Lagoa Salgada e Vera Cruz, a RN-160, tem muitas curvas.
Os trechos mais sinuosos e escuros são as últimas lembranças da fria
noite de domingo que viveu o plantador Humberto Guedes de Moura, 28
anos. Ele perdeu o controle de sua moto, uma Honda Fan 125 cilindradas,
ao deixar um amigo na cidade vizinha. Na descida de uma das curvas,
observou de longe dois homens em uma moto maior, uma 150 cilindradas.
"Pensei que eram bandidos querendo me assaltar", conta. "Reduzi a
velocidade e 'puxei' a quinta [marcha]. Não vi que tinha um quebra-molas
porque tava olhando no retrovisor. Cai. Só acordei quando me levaram
pro hospital". O homem fraturou o osso da testa, teve escoriações e está
afastado por tempo indeterminado do trabalho. Virou estatística de
trânsito e de saúde pública.
Acidentados respondem por parte dos corredores lotados no Walfredo Gurgel. Fotos: Fábio Cortez/DN/D.A Press |
Sorte: Humberto Guedes não usava capacete ao cair da moto na estrada RN-160. Fotos: Fábio Cortez/DN/D.A Press |
As estatísticas se baseiam nos laudos do Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP), dos hospitais de trauma do Estado, como o Walfredo Gurgel, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). Parte do crescimento no número de acidentes no período de mais de uma década se justifica pelo aumento da frota. O Estado tinha 204 mil veículos em 1996, e passou a ter 868 mil no ano passado, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Isso significa dizer que a quantidade de veículos nas ruas e rodovias cresceu espantosos 325,2%, acompanhando a seta para cima do número crescente de acidentes e acidentados.
Perigo de morteSe há acidentes, a probabilidade de haver mortes também é maior. A taxa de mortes, de acordo com a frota, gira em torno de 7,6 hoje, mas já foi de 19,2 em 1996, isso considerando um índice de uma morte para 10 mil veículos circulando. A região metropolitana de Natal, especialmente a capital, Parnamirim e Macaíba, além das estradas no entorno de Mossoró e no trecho entre Tangará e Santa Cruz podem ser consideradas as vias mais perigosas. É nas estradas mais sinuosas desses locais onde ocorrem mais acidentes.
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