Da TN
Nos últimos dez anos, o número de evangélicos quase que dobrou no Rio
Grande do Norte. De acordo com informações do Censo 2010, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última década, houve um
crescimento de 96,9% da população evangélica potiguar. A Igreja
Católica também avançou, no entanto, o crescimento foi em proporções
inferiores. Comparando os dados dos Censos nos anos 2000 e 2010, o
número de católicos cresceu apenas 3,6% no Estado. A quantidade de
pessoas que se declara "sem religião" também aumentou.
DivulgaçãoMarcha para Jesus, símbolo das grandes mobilizações coordenadas pelos evangélicos brasileiros
Em 2000, o rebanho da Igreja Católica era composto de 2.321.344 fiéis. Após dez anos, a religião comandada pelo Papa Bento XVI conquistou, no RN, 84.969 novos adeptos. No início da década passada, havia no Estado 247.755 evangélicos. Pastores das diversas igrejas viram esse número crescer para 487.948. Uma conquista de 240.193 novos fiéis.
Entre as igrejas evangélicas que mais cresceram, está a Assembleia de Deus. Atualmente, a igreja está presente nos 167 municípios do Estado. Em alguns deles, não há templos, mas a presença de um pastor é o suficiente para reunir fiéis em frente de casas ou no meio da rua de vilas, distritos ou assentamentos rurais. "É uma semente. Você planta, cuida, rega e espera que a árvore cresça. Foi isso que fizemos. Em todos os cantos desse Estado, plantamos uma semente e hoje percebemos esse crescimento", conta o pastor José Ilmar Ferreira, da Assembleia de Deus do Santarém Bairro.
A Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte (IADERN) comemora, esse ano, 94 anos de atuação. No período de dez anos, o número de fiéis que a igreja conseguiu agregar foi maior que o da Igreja Católica, 91.221. "E esse crescimento aconteceu sem promessas de enriquecimento ou cura milagrosas. Apenas anunciamos o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo", disse Ilmar.
A Igreja Católica do RN não viu seu rebanho diminuir, mas o crescimento foi quase imperceptível. No país, durante os últimos 50 anos, a porcentagem de católicos caiu do 93,1% para 64,6%. De acordo com padre Francisco das Chagas Souza, Vigário Episcopal Urbano, é preciso fazer uma análise dos números antes de tecer comentários a respeito dos dados disponibilizados pelo IBGE. Porém, o padre disse que não há preocupação com quantidade de fiéis. "Não nos preocupamos com quantidade, o importante é ter qualidade. Ter fiéis que se dizem católicos e de fato vivem sua vida como católicos", colocou.
Já o pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Candelária, padre Júlio César, afirmou que é necessário que a Igreja Católica crie novas paróquias para se fazer mais próximas aos fiéis. O religioso também acredita que há muita mobilidade das pessoas entre as religiões. "Há a necessidade de criação de novas paróquias. Também sinto que há uma mobilidade grande das pessoas. Alguns que antes pertenciam a uma determinada denominação religiosa, passam para uma outra apenas por sentir desejo de mudança", colocou.
O Censo 2010 mostra ainda que houve um crescimento entre os potiguares que afirmaram não pertencer a nenhuma religião. Em 2000, esse grupo era composto por 166.412 pessoas. O Censo de 2010 apontou que o grupo é formado agora por 203.055.
Igreja católica tem queda recorde de fiéis
Brasília (AE) - A pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostra que o Brasil é um país cada vez menos católico, embora esta ainda seja a religião majoritária. A queda da população católica foi recorde entre 2000 e 2010. A proporção caiu 12,2%: passou de 73,6% dos brasileiros para 64,6%. Em 1991, os católicos eram 83% da população. Em 20 anos, a população católica diminuiu 22 pontos porcentuais, ou seja, em proporção, a Igreja Católica perdeu mais de um quinto de seus fiéis.
Inácia SantosProcissões como a de Nossa Senhora Sant'Ana, em Caicó, são exemplos de manifestações de fé nos ensinamentos da Igreja Católicia
Em números absolutos, a Igreja Católica perdeu quase 1,7 milhão de fiéis no País, saindo de 124,9 milhões para 123,2 milhões em 2010. Entre 1991 e 2000, a queda na proporção de católicos também tinha sido elevada, de 11,3%, mas o número absoluto tinha aumentado. Se o ritmo de queda da última década for mantido, em 20 anos os católicos serão menos da metade da população. O recuo está diretamente ligado ao aumento de 44% da proporção de evangélicos. Eram 15,4% da população brasileira em 2000 e passaram para 22,2% em 2010. Na década anterior, entre 1991 e 2000, o crescimento dos evangélicos foi muito maior, de 70%.
Apesar do aumento, os três grandes segmentos da religião tiveram comportamento completamente diferentes. Os evangélicos tradicionais, ou de missão, ficaram estagnados em proporção. Tiveram um pequeno aumento em números absolutos, passando de 6,9 milhões para 7,6 milhões, mas proporcionalmente houve ligeiro recuo. Os evangélicos tradicionais eram 4,1% da população em 2000 e em 2010 passaram a 4%. Esses evangélicos são das igrejas históricas como Adventista, Luterana, Batista e Presbiteriana.
Comportamento oposto tiveram os evangélicos desvinculados de igrejas. Segundo técnicos do IBGE, nesta categoria se enquadram tanto os que circulam entre várias denominações quanto os que se consideram evangélicos mas não frequentam igrejas. Esse grupo cresceu mais de cinco vezes em uma década: os evangélicos "independentes" eram menos de 1,7 milhão em 2000 e passaram para 9,2 milhões em 2010. Em proporção, pularam de apenas 1% para população brasileira para 4,8%.
Já os evangélicos pentecostais - da Assembleia de Deus e de igrejas como Universal, Maranata, Nova Vida, Evangelho Quadrangular, entre outras - continuaram a crescer, mas o ritmo diminuiu na última década. Em números absolutos, os evangélicos pentecostais mais que dobraram na década de 1990 (aumento de 119%). Entre 2000 e 2010, eles cresceram 44%.
Brasil tem pluralidade religiosa
Rio (ABr) - Embora os católicos continuem sendo maioria no país, somando mais de 123 milhões de brasileiros, os dados do Censo Demográfico 2010 - Características Gerais da População, Religião e Pessoas com Deficiência, revelam uma grande diversidade religiosa entre a população brasileira. Na última década, além dos evangélicos, grupo que mais cresceu no período, também tiveram expansão os espíritas, que passaram de 1,3% para 2% e somaram 3,8 milhões em 2010; os que se declararam sem religião, que subiram de 7,4% para 8%, ultrapassando os 15 milhões; e o conjunto pertencente a outras religiosidades, que cresceu de 1,8% para 2,7%, totalizando pouco mais de 5 milhões de brasileiros. Os adeptos da umbanda e do candomblé mantiveram-se em 0,3% ao longo da década, representando quase 590 mil pessoas.
De acordo com o pesquisador da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, Cláudio Crespo, os números apontam que, embora a tradição cristã seja forte no país, há um convívio com grupos minoritários. "Uma coisa que chama a atenção no campo religioso no Brasil, diferentemente de muitos países, é a pluralidade religiosa. Apesar da hegemonia dos grupamentos cristãos, que representam 88,8% da população, a própria lista do censo é um exemplo desse convívio com grupos minoritários. O país, embora tenha raízes na sua colonização, influências regionais em função da ocupação e das migrações, tem também uma diversidade religiosa bastante significativa e isso é importante em um contexto em que há uma maioria definida", destacou.
Cláudio Crespo enfatizou ainda que pela primeira vez foi identificado um contingente de ateus. Ao todo, 615 mil brasileiros se declararam com essa classificação, o que corresponde a 4% do grupo sem religião. O pesquisador do IBGE explicou que esse número pode ser maior, já que a declaração nessa subdivisão foi feita espontaneamente.
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