COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NATAL
Às vésperas do início da temporada de verão, Natal está em colapso: o lixo se acumula nas ruas, a saúde está em estado de calamidade pública e o ano letivo será suspenso em escolas municipais.
O cenário ocorre em meio ao afastamento da prefeita Micarla de Sousa
(PV), que deixou o cargo há um mês por decisão da Justiça, após
denúncias de desvios de recursos dos cofres da cidade.
Há acúmulo de lixo em todos os bairros, situação que vem se agravando no
decorrer do ano. Na praia de Ponta Negra, onde fica o morro do Careca,
um dos cartões-postais da capital potiguar, o lixo permanece amontoado
na areia.
As empresas contratadas para fazer a coleta pararam ou reduziram o
serviço por atraso no pagamento. A Companhia de Serviços Urbanos de
Natal, ligada à administração municipal, tem só neste ano R$ 19,4
milhões em dívidas por gastos de manutenção e limpeza.
SEM AULAS
A rede municipal de educação decidiu interromper suas atividades por
tempo indeterminado. Os 15 mil estudantes do sistema devem ficar sem
aulas a partir de segunda-feira.
Editoria de Arte/Folhapress |
A decisão foi tomada nesta semana pelos diretores das escolas. Entre os
problemas apontados estão desde o atraso de três meses no pagamento a
servidores até a falta de merenda e de gás de cozinha.
A presidente do sindicato da categoria no Estado, Fátima Cardoso, diz
que professores chegam a fazer "vaquinha" para que merendeiras,
vigilantes e outros servidores possam pagar o transporte.
A mãe de uma estudante da Escola Municipal Luíz Maranhão Filho, no bairro de
Cidade Nova, está inconformada com a situação.
"Isso prejudica o futuro das crianças, já que o aprendizado fica comprometido", diz Rosângela Carvalho, 44.
Ontem, a 2ª Vara da Infância e da Juventude determinou que a prefeitura
repasse R$ 12,7 milhões à Secretaria de Educação do município, para
pagamento dos funcionários.
Se a metade não for depositada em 48 horas, todo o valor será bloqueado do caixa geral da prefeitura.
SEM MÉDICOS
Além de problemas na educação, o vice-prefeito Paulinho Freire (PP), que
assumiu a prefeitura após o afastamento de Micarla, decretou nesta
semana estado de calamidade pública na saúde. A decisão ocorre por causa
da falta de profissionais para atendimento em unidades locais.
A dona de casa Lourdes da Silva, 54, que procurava atendimento na manhã
de ontem no posto de saúde do bairro Mãe Luiza, disse à reportagem que
"a falta de médicos é comum". "Todos já se acostumaram com isso."
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