DN Online
O discurso da governadora Rosalba Ciarlini na
coletiva concedida na tarde desta sexta-feira (4), na Governadoria, foi
de reconhecimento ao caos estabelecido na saúde pública estadual, mas de
trabalho para reversão do quadro iniciado e já com os primeiros
"frutos" colhidos.
A coletiva serviu para mostrar o balanço de
seis meses do Plano de Enfrentamento para os Serviços de Urgência e
Emergência do Rio Grande do Norte. E também para anunciar o fim do
decreto de estado de calamidade na saúde estadual - fundamental para
viabilizar recursos federais.
Além dos números do balanço do
Plano, a governadora anunciou a criação da Força Estadual de Saúde, nos
moldes da versão nacional. Seria uma equipe deslocada dos quadros do
Estado preparada para casos de calamidade, desassistência crítica,
catástrofes, etc.
Segundo a governadora, o grupo da Força
Estadual de Saúde irá receber levantamentos da situação da saúde pública
no Estado, diagnosticar as principais urgências e promover mutirões
para solucionar cada uma. "Vamos começar com mutirões de cirurgias, onde
o SUS não chega", disse.
Rosalba Ciarlini explicou que essa
iniciativa não foi criada antes porque precisava reestruturar os
hospitais e convocar novos profissionais. Após a conclusão do "Plano de
Enfrentamento..." foi criado o cenário para início da atuação desta
"força tarefa".
Até então, o caos foi justificado com o discurso
já repetido das décadas de falta de investimento no setor. "O Hospital
Walfredo Gurgel foi feito construído para 20 anos à frente, então já
temos 20 anos de defasagem", justificou o coordenador do Samu, Luiz
Roberto Fonseca.
Luiz Roberto foi quem apresentou os números do
balanço (abaixo) e se deteve ainda a criticar ferrenhamente a
irresponsabilidade dos municípios e da capital com a saúde pública. "O
Walfredo não é o monstro; é a vítima. Seria fácil para nós fecharmos a
porta e deixar de receber pacientes do interior ou à procura do primeiro
atendimento".
Segundo ele, a Organização Mundial de Saúde prevê
10% de leitos reservados à UTI. "No Walfredo temos 288 leitos. Seríamos
obrigados a ofertar 28 para UTI. Aumentamos para 38 para suprir melhor a
demanda. Mas se aumentássemos mais 10, continuaria lotado", lamentou.
Escalas médicas e ponto eletrônico
Um
ponto polêmico, motivo de greves e impasses é a questão do cumprimento
das escalas de plantão médicas. Uma das ações do Plano de Enfrentamento
foi a publicação das escalas de todos os médicos do estado no site da
Secretaria de Saúde. Essas escalas também foram encaminhadas ao
Ministério Púbilco e ao Conselho Regional de Medicina. Afora isso,
também foram implantados pontos eletrônicos para coibir ausências.
A
governadora foi incisiva na questão: "As escalas de todos os médicos do
Estado estão sendo descumpridas. Sem médicos, precisamos contratar
serviços da Cooperativa Médica e pagamos duas vezes pelo mesmo serviço.
Defendo salário mais justo ao médico, mas isso não pode mais acontecer.
Quem achar injusto o salário ou a carga horária procure outro emprego",
desabafou.
O ponto eletrônico foi implantado em 19 das 23
unidades hospitalares operadas pelo Estado. Também foi baixada portaria
determinando cumprimento da carga horária.
Início do Hospital de Trauma de Natal
"Natal
é a única capital brasileira sem hospital próprio", criticou Luiz
Roberto Fonseca antes de apresentar o andamento do processo de
construção do Hospital Metropolitano de Trauma, a ser inaugurado na
capital potiguar em maio de 2014, na Zona Oeste de Natal.
Segundo
ele, o cronograma esta´em dia. O projeto executivo foi entregue em
dezembro e está em fase de avaliação financeira. Será aberto à consulta
pública até fevereiro, com licitação prevista para março.
A
Unidade Hospitalar será especializada em Traumatologia adulto e
infantil, ortopedia, neurologia e doenças cardiovasculares. Dividindo a
demanda existente em trauma-ortopedia, com os hospitais Monsenhor
Walfredo Gurgel e Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim.
Inicialmente,
em seu perfil estão previstos 222 leitos de internação, 60 leitos de
UTI, 12 leitos de estabilização, 15 leitos de Hospital Dia e 10 salas de
cirurgias. O novo hospital fará parte da Rede Hospitalar do Estado.
Balanço de seis meses do Plano de Enfrentamento para os Serviços de Urgência e Emergência do RN:
-
R$ 13 milhões do Governo do Estado e R$ 12 milhões do Ministério da
Saúde para reforma, restauração, ampliação e equipagem dos hospitais:
Giselda Trigueiro, João Machado, Santa Catarina, Walfredo Gurgel e Maria
Alice, em Natal; Deoclécio Marques, em Parnamirim; Rafael Fernandes e
Tarcísio Maia, em Mossoró; e os Hospitais Regionais de Macaíba, Santo
Antônio, São Paulo do Potengi e Caicó.
- Investimento de R$ 4,7
milhões do Ministério da Saúde para criação de uma Central de Regulação
Única (CRU) para gerenciamento dos leitos da rede pública de saúde do
RN, com implantação de sistema e capacitação dos profissionais.
-
Início do repasse de R$ 600 mil ao mês para custeio de hospitais da
rede estadual, na Região Metropolitana de Natal, pelo Ministério da
Saúde, dos quais R$ 300 mil são para o Walfredo Gurgel.
-
Implantação de 125 novos leitos de retaguarda clínica, com repasse de
verbas pelo Ministério da Saúde, sendo 88 implantadnos no Ruy Pereira,
Hospital da PM e no Hospital Onofre Lopes.
- Reforma e
readequação da ala clínica do Hospital João Machado para viabilizar a
implantação de 40 leitos, com previsão de conclusão em janeiro.
- Implantação de 57 leitos de UTI, assim que terminarem as reformas.
-
Conclusão da implantação da 1ª fase de regionalização do SAMU 192
estadual, com extensão das bases para o Oeste e Seridó e Trairi,
aumentando a cobertura de 42% para 72% da população. Meta é 100% até
2014.
- Investimento de R$ 5 milhões de recursos do Governo do
Estado para garantir o abastecimento imediato das necessidades básicas
dos hospitais da rede pública estadual. Abastecimento passou de 26% para
60%.
- UPA's de Parnamirim e Macaíba concluídas, com repasses de
cerca de R$ 1 milhão pelo Estado. Equipamentos em licitação. OBS: A UPA
de São Gonçalo aguarda posicionamento da nova gestão municipal quanto à
sua operacionalização.
- 160 servidores da saúde cedidos a
outros órgãos, sem vinculação com o SUS foram convocados e relotados, a
partir de análise do setor de recursos humanos.
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