Sara Vasconcelos - repórter
O corte de terra, como é chamado o preparo do solo para iniciar o plantio, começa a ser feito no interior do Estado, por iniciativa de pequenos agricultores. De acordo com levantamento da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do RN (Fetarn), poucas Prefeituras estão se articulando para fornecer o maquinário necessário a execução do preparo da terra e ainda não há informação "à exemplo de anos anteriores, de que o Estado irá disponibilizar máquinas", explica o presidente da Federação, Ambrósio Lins.
O corte de terra, como é chamado o preparo do solo para iniciar o plantio, começa a ser feito no interior do Estado, por iniciativa de pequenos agricultores. De acordo com levantamento da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do RN (Fetarn), poucas Prefeituras estão se articulando para fornecer o maquinário necessário a execução do preparo da terra e ainda não há informação "à exemplo de anos anteriores, de que o Estado irá disponibilizar máquinas", explica o presidente da Federação, Ambrósio Lins.
Sidney Silva
Apesar das chuvas que caíram nos últimos dias, o acesso a água continua difícil na zona rural de Caicó
Apesar das chuvas que caíram nos últimos dias, o acesso a água continua difícil na zona rural de Caicó
Em Rodolfo Fernandes e Severiano Melo, cidades distantes de Natal 314 e 357 quilômetros, respectivamente, os gestores começaram a cadastrar interessados, de acordo com a Fetarn. A área é conhecida pela produção de feijão. A distribuição de 450 toneladas de sementes de milho, feijão e sorgo para 42 mil agricultores em todo o Estado foi iniciada esta semana, pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca (Sape).
Nas regiões do Trairi e do Alto Oeste, onde a chuva "molhou o chão", conta Lins, os pequenos produtores já começaram a cultivar. Contudo, muitos ainda estão receosos em lançar a semente antes de um prognóstico favorável e frente ao prejuízo amargado com a seca do ano passado. "O prejuízo para o pequeno produtor foi total, com a seca. Sabemos que as chuvas que caíram traz uma esperança de que as coisas mudem, mas ainda não são suficientes para encher reservatórios e garantir safra", avalia o presidente da Fetarn.
O presidente da Federação da Agricultura do RN (Faern), José Vieira, alerta que ainda é cedo para começar o corte, uma vez que os produtores ainda não receberam a semente por parte do governo e devido ao prognóstico de poucas chuvas. "A meteorologia não garante a continuidade dessas chuvas, então é preciso cautela. Ainda é cedo para iniciar o corte em alguns municípios", observa José Vieira.
A coordenadora de gestão de recursos hídricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) Joana D'Arc Medeiros enfatiza que as chuvas que caíram no final de semana em 106 cidades do Estado não modificam o quadro de desabastecimento e racionamento enfrentado por alguns municípios. O relatório da situação hídrica que mede os níveis de água nos reservatórios ainda não foi atualizado, após as últimas chuvas.
Em todo Estado, há registro de que barragens de menor porte foram recarregadas com as chuvas. Em Luís Gomes, distante 452 quilômetros de Natal, que enfrenta a escassez de chuvas há mais de um ano e cujo abastecimento é feito por meio de carros-pipa, no final de semana passado, o índice pluviométrico superou os 150 milímetros. Blogs da região dão conta de que em Antônio Martins a chuva chegou a fazer açude sangrar com 170mm.
O meteorologista da Emparn, Gilmar Bristot, avalia como propício o período para início da lavoura em áreas do Alto Oeste que tem solo consistente e com maior capacidade de reservar água. A previsão é que nesta quarta e quinta-feira, as chuvas no Estado sejam isoladas e o tempo permaneça nublado. No final de semana devem ocorrer chuvas fortes.
Amanhã, dia 21, e na sexta-feira, 22, acontece a IV Reunião de Análise Climática para a Região Nordeste do Brasil, na sede da Emparn, na base física do Jiqui, em Nova Parnamirim, onde os meteorologistas do Nordeste farão uma análise das condições oceânicas-atmosféricas e a previsão de chuvas para o trimestre março, abril e maio de 2013.
Em Caicó, agricultores iniciam plantio de milho, feijão e sorgo
Sidney Silva, de Caicó
Segundo registros dos órgãos oficiais de meteorologia, este ano em Caicó, no período de 1 de janeiro a 19 de fevereiro, choveu 26.2 milímetros. O ponto exato de captação é no açude Itans. As chuvas ainda são tímidas. Alguns moradores da zona rural, que dispõem de terra para plantio de milho, feijão e sorgo, culturas tradicionais no interior, estão esperançosos e outros ainda sépticos.
O caicoense, Inácio Laurindo do Nascimento, de 76 anos, tem uma pequena vazante no sítio Mundo Novo, distante 8 quilômetros da zona urbana de Caicó. Lá, este ano, em uma das partes da pequena terra, ele plantou feijão, noutra, fez apenas o corte e espera que chova, só então plantará sorgo e provavelmente milho. Ele mora desde criança no campo. A experiência com relação ao inverno revela como será o período de chuva no semiárido.
Em muitos casos, o movimento das formigas, dos sapos, dos pássaros, aponta uma possível tendência. Noutros, o comportamento das chuvas, do sol e das nuvens, também dão uma dica de como será o inverno. Na conversa que teve com a reportagem, Inácio Laurindo, comparou esse ano com um da década de 50.
"Eu acho que o inverno deste ano será igual ao de 1955, que teve chuvas variadas. Tinha semana que chovia bem e outra que chovia pouco. Passava 15 dias com chuva e outros 15 sem chuva. Vai ser um ano de inverno irregular, é o que eu estou pensando". Com relação aos plantios, Laurindo Nascimento, foi direto. "Quem plantar cedo deve colher, se deixar pra mais tarde, talvez não consiga", disse ele.
Perguntado quanto apuraria com a colheita do feijão que plantou, Inácio Laurindo não quis arriscar, apenas lamentou que tudo está muito caro. "O pobre do lavrador é tão castigado. Quando ele tem não vale nada, e quando tem não pode comprar. O quilo de feijão está custando R$ 8,00. Se eu tiver pra vender, não consigo passar se quer por R$ 3,00", reclama.
As máquinas utilizadas para o corte de terra nas comunidades onde os agricultores plantam, está tímido. De acordo com o secretário municipal de agricultura em Caicó, Amilton Teixeira, as máquinas só foram liberadas para as vazantes dos açudes Itans e Mundo Novo, e para alguns moradores do outro lado do Rio Sabugi, no Perímetro Irrigado.
"Até agora, somente essas comunidades nos solicitaram apoio, até porque, só agora é que as chuvas apareceram ainda tímidas, mas, esperamos que em breve possamos liberar as máquinas para as demais comunidades", disse.
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