Com 27,8% dos 3,17 milhões de habitantes portando algum tipo de deficiência, o Rio Grande do Norte só dispõe de um Centro de Reabilitação Infantil (CRI) para atender crianças e adolescentes com idade entre zero e 16 anos. E de acordo com dados co Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 5,3% das pessoas com alguma deficiência dentro daquele universo, estão na faixa etária dos dez a 14 anos.
Adriano Abreu
O único centro de reabilitação é o CRI que recebe a demanda praticamente de todo o Estado
O diretor geral do CRI, psicológico Manoel Leonardo Nogueira Júnior, não é o responsável pelo trabalho de expansão e de criação da rede de assistência à pessoa portadora de deficiência, mas informou que só entre dez e 15 municípios do RN prestam algum tipo de atendimento. Segundo ele, como o CRI de Natal presta um serviço de excelência, o número de pacientes que vêm de todos os municípios terminam sendo atendidos por lá.
Apesar de existir uma portaria do Ministério da Saúde de 2001 instituindo essa rede, Manoel Nogueira Júnior disse que alguns municípios aderiram a essa idéia, inclusive tendo recebido capacitação e equipamentos, mas terminaram não dando a contrapartida em instalações físicas e contratação de recursos humanos. Outros abandonaram no meio do caminho, começaram a atender outros tipos de pacientes, não houve monitorização e foram perdendo o objetivo inicial, disse.
Manoel Nogueira confirma, porém, que entre os dias 16 e 28 de abril, deverão vir ao Rio Grande do Norte técnicos do Ministério da Saúde, que vão monitorar todas as redes de atendimento nas áreas psicossocial, de urgência e emergência, cegonha (parturientes) e de doenças crônicas.
Segundo Nogueira, a construção dessa rede de assistência ao portador de deficiência ainda está em andamento, dado que as portarias que a regulamentam são de 24 e 25 de abril do ano passado, no que diz respeito ao atendimento das pessoas portadoras de deficiência e quanto aos investimentos financeiros necessários à sua implantação e de como eles devem se usados.
O grande desafio é trabalhar na perspectiva dessas duas novas portarias, disse ele, adiantando que um grupo de trabalho já foi criado para fazer um diagnóstico desse mapa de deficiência e a partir daí se construir uma política de regionalização e descentralização do atendimento aos portadores de deficiência. Esse trabalho começou nos segundo semestre de 2012, mas foi interrompido em função das eleições, houve uma falência dessa proposta, não recebemos as respostas, disse Nogueira.
Greve de médicos gera demanda reprimida no CRI
O Centro de Reabilitação Infantil (CRI) funciona próximo à entrada do Parque das Dunas, na avenida Alexandrino de Alencar, e atualmente conta com sete mil pacientes cadastrados, exigência que ocorre desde 2 de abril do ano passado.
Por conta da greve dos médicos, que durou dez meses, o atendimento clínico ficou praticamente paralisado, mas voltou ser feito com a marcação de consultas na segunda-feira, como ocorre todo dia 1º de cada mês, quando houve um certo tumulto devido essa demanda reprimida. As mães não estavam acostumadas com tanta espera e nem a gente, disse a coordenadora técnica do CRI, Patrícia de Renor.
Fim da greve
Ivaneire de Souza estava com o filho Caio César, e disse que marca consulta para um neurologista todo mês, mas reconheceu que a fila ocorrida no dia 1º foi devido a greve dos médicos. Eu peguei a ficha 180 e nem fui atendida, disse ela, que voltou ao CRI para o atendimento psicológico que o menino faz toda semana por cauda da hiperatividade.
Outras mães afirmam que não o que reclamar do atendimento do CRI é Márcia Medeiros de Aquino - não existe demora, a gente marca um horário e é atendida. A filha Vitória, sete anos, faz um trabalho de reabilitação fisioterápico, porque não tinha movimentos dos membros inferiores: Com um mês de idade ela entrou aqui.
Ana Cristina Batista vai a cada duas semanas ao CRI com uma filha, mas também afirma que não o que reclamar dos serviços prestados naquela unidade de saúde. O atendimento é por ordem de chegada para quem tem cadastro, continuou, só lamentando que às vezes falta medicamento contra convulsão - mesmo sem poder, a gente termina comprando.
Patrícia de Renor afirmou que o CRI faz apenas a passagem dos remédios para os pacientes, porque não tem a responsabilidade da compra dos medicamentos, que vêm da Unicat.
Segundo ela, o CRI é a porta de entradas para tratamento neurológico e reabilitação de crianças e adolescentes até 16 anos, mas os pacientes podem ir até os 18 anos, dependendo da necessidade de cada caso.
Para ser encaminhado ao CRI, o pacientes devem apresentar, inclusive os dados clínicos, a certidão de nascimento, comprovante de residência, número do cartão SUS e carteira de vacinação.
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