As manifestações de rua das últimas semanas, apesar dos transtornos
causados e do receio pela ação de vândalos infiltrados nos protestos,
são bem vistas pela população. A maioria (87,9%), em Natal e quatro
outros municípios adjacentes, sente-se “representada” - total ou
parcialmente – por quem saiu às ruas e quer prioridade no controle dos
gastos públicos com mais atenção para os serviços básicos como saúde,
educação e segurança, além de mais rigor para os crimes de corrupção. As
manifestações também tiveram o efeito de gerar uma visão mais otimista
em relação ao futuro do país, para 62,44%, e vão influir na forma como
63,72% definirá em quem votar nas eleições do próximo ano.
Essas
são as principais conclusões de pesquisa realizada pela Certus, em
parceria com a TRIBUNA DO NORTE, para saber como a população da Grande
Natal está vendo os protestos de ruas que, a partir das reivindicações
estudantis pela redução no valor das tarifas de ônibus urbanos e passe
livre para os estudantes, têm mobilizado milhões de pessoas em todo o
país e mudaram o cenário político e a agenda de governos e do Congresso
Nacional. Com amplo apoio da maioria dos entrevistados (veja perfil da
amostra na página 4), as duas maiores manifestações em Natal atraíram
entre 15 mil pessoas (dia 20/06) e 10 mil (na última sexta-feira). As
origens do movimento, entretanto, remontam a mais tempo. Há agosto de
2012, com as passeatas do “Fora Micarla” (ex-prefeita de Natal, afastada
pela Justiça) e a “Revolta do Busão”, em maio deste ano, contra o
reajuste no valor das tarifas de ônibus.
Entre os entrevistados,
apenas 7,22% afirmaram já ter participado de alguma das manifestações
ocorridas, mas entre os 92,78% que não saíram às ruas, mais da metade
(55,23%) disse que se sente “totalmente representada” pelos
manifestantes, contra 11,15% que afirmaram “totalmente não
representados”. 32,76% disseram que se sentem apenas “parcialmente
representados”. O apoio dessa maioria que ficou em casa tende a ser
maior entre os com nível de renda familiar acima de três salários
mínimos. Parcela de entrevistados com renda familiar abaixo de três SM e
aqueles que ganham mais de 10 salários formam a maioria dos que não se
sentem representados nas manifestações.
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