Valdir Julião - repórter
O Vaticano anunciou, no começo da semana, a canonização para 27 de abril de 2014 de dois papas da Igreja Católica: João XXIII e João Paulo II, sendo que este tem uma grande importância para o Rio Grande do Norte em virtude de sua visita a Natal, que fará 22 anos no sábado (12). “João Paulo marcou época, com seu espírito carismático, e preencheu todo espaço religioso do mundo com seu carisma”, disse o Arcebispo Metropolitano de Natal, dom Jaime Vieira da Rocha.
O Vaticano anunciou, no começo da semana, a canonização para 27 de abril de 2014 de dois papas da Igreja Católica: João XXIII e João Paulo II, sendo que este tem uma grande importância para o Rio Grande do Norte em virtude de sua visita a Natal, que fará 22 anos no sábado (12). “João Paulo marcou época, com seu espírito carismático, e preencheu todo espaço religioso do mundo com seu carisma”, disse o Arcebispo Metropolitano de Natal, dom Jaime Vieira da Rocha.
No
sábado, completam exatos 22 anos da visita do Papa João Paulo II ao Rio
Grande do Norte. Ele ficou em solo potiguar por 24 horas.
Com relação ao papa João XXIII, dom Jaime Vieira disse que ele “passou
para a história como o papa bom”, que teve a coragem para convocar o
Concílio Vaticano II, em 1962 e 1965. “Formou o mundo pelo seu modo de
ser, muito tranquilo, muito feliz, de uma mente muito aberta. Por isso
se faz uma relação dele com o papa Francisco”. Papa João XXIII faleceu
antes de concluir o Concílio.
Dom Jaime Vieira disse que João XXIII “abriu as janelas para que entrasse ventos mais arejados na igreja católica, abrindo inclusive o diálogo com outras religiões”, enquanto João Paulo II tinha um espírito carismático. “Podemos nos sentir felizes. Os dois marcaram momentos de renovação para a igreja e para a sociedade, tão carente de lideranças”, afirmou o arcebispo.
Agora, continuou dom Jaime Vieira, o papa Francisco resolveu proclamá-los como santos. “E isso é muito importante para a Igreja, porque ressalta e consagra para o mundo duas referências católicas, com legado muito profundo, indelével para a vida de toda a Igreja”, observou. Postulante das Causas dos Santos da Igreja Católica no Rio Grande do Norte, o padre José Mário acredita que o papa João Paulo II só não foi canonizado este ano em virtude da transição do papado, com a renúncia em abril do papa Bento XVI.
Para ele, a escolha da data como sendo 27 de abril para a canonização dos dois papas, deve-se ao fato de que João Paulo II, que morreu em 2005, após 26 anos de pontificado, instituiu, em maio de 2000, a Festa da Divina Misericórdia, decretando que a partir de então o segundo domingo da Páscoa se passasse a chamar Domingo da Divina Misericórdia.
Padre José Mário explicou que apesar da transição, a canonização podia ter ocorrido este ano, pois o processo está todo pronto, “só precisa da assinatura do Papa”. José Mário acha que Bento XVI podia até ter aproveitado o seu último dia como papa para assinar a canonização: “Seria muito bonito se fosse Bento XVI, porque era o grande amigo dele (João Paulo II), trabalhou com ele a vida inteira, sucedeu a pessoa dele, teria sido de bom tamanho, mas talvez por humildade deixou para o outro papa”.
Cerimônia deverá levar a Roma milhares de peregrinos
A data de canonização dos papas João XXIII (1881-1963) e João Paulo II (1920-2005) foi escolhida por Francisco durante o consistório de cardeais (reunião para dar assistência ao papa nas suas decisões), realizado na segunda-feira (30/9), na cidade-estado do Vaticano. O papa Francisco já dizia em julho, na sua passagem pelo Rio de Janeiro, onde participou da Jornada Mundial da Juventude, “que fazer a cerimônia de canonização dos dois juntos é uma mensagem para a Igreja: esses dois são bons”.
A cerimônia deverá atrair milhares de peregrinos a Roma, já que o papa polonês e o antecessor italiano são duas das mais influentes personalidades do mundo católico atual. A Igreja exige normalmente dois milagres confirmados, embora Francisco tenha aprovado a canonização de João XXIII - com quem partilha uma perspectiva reformista - baseado em apenas um.
O Vaticano informa que o primeiro milagre atribuído a João Paulo II, que ocupou o trono de Pedro de 1978 a 2005, teria ocorrido seis meses depois da morte, quando uma freira francesa disse ter sido curada da doença de Parkinson, por meio de orações feitas a ele. Karol Wojtyla foi beatificado em 1º de maio de 2011 por Bento XVI. João Paulo II beatificou João XXIII em 3 de setembro de 2000.
Francisco reconheceu um segundo milagre de João Paulo II, depois do parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos. João XXIII ficou na história como o papa que promoveu o Concílio Vaticano II (1962-1965), revendo os rituais e doutrinas da Igreja, e defendeu a aproximação a outras religiões. Muitos comparam o papa italiano, que morreu em 1963, com o atual líder da Igreja Católica pelas semelhantes atitudes pastorais: humildade, simplicidade e sentido de humor.
Os participantes do Concílio Vaticano II, em 1965, já tinham pedido a canonização do papa João XXIII, a quem pretendiam homenagear por conduzir a Igreja para tempos modernos.
visita a natal
O papa João Paulo II visitou Natal em 12 de outubro de 1991, data em que se comemora o dia santificado da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida. Veio para participar do XII Congresso Eucarístico Nacional. João Paulo II passou 24 horas em Natal, tendo celebrado no dia 13 uma missa no “papódromo” construído no Centro Administrativo de Lagoa Nova, para cerca de 150 mil pessoas.Naquela ocasião, o Papa foi recebido pelo então presidente Fernando Collor e pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Francisco Rezek, além do governador do Rio Grande do Norte naquele ano, o hoje senador José Agripino Maia. O arcebispo metropolitano de Natal era dom Heitor de Araújo Sales.
O papa João Paulo II fazia em Natal a primeira escala de uma segunda visita ao país – a primeira foi em julho de 1980, quando ficou conhecido como “João de Deus”. A importância de João Paulo II para a Igreja Católica do RN também se deve ao fato de que foi ele o responsável pela beatificação dos 30 Protomártires de Uruaçu e Cunhaú.
Perfil dos papas João Paulo II e João XXIII
Karol Jozef Wojtyla
Foi eleito Papa no dia 16 de outubro de 1978. Nasceu em Wadowice (Polônia), em 18 de maio de 1920, e morreu no Vaticano, em 2 de abril de 2005. Em quase 27 anos de pontificado, João Paulo II escreveu 14 Encíclicas, 15 Exortações Apostólicas, 11 Constituições Apostólicas e 45 Cartas Apostólicas.
Em seu pontificado, fortaleceu a fé da Igreja promulgando o Catecismo da Igreja Católica. Promoveu um intenso itinerário de vida espiritual com o Ano da Redenção, o Ano Mariano, o Ano da Eucaristia e o Jubileu do Ano 2000 e criou as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), aproximando a Igreja dos jovens. A Igreja Católica celebra a memória litúrgica de João Paulo II no dia 22 de outubro, data que assinala o dia de início de pontificado do Papa em 1978.
Angelo Giuseppe Roncalli
Papa João XXIII, nasceu em 1881 na localidade de Sotto il Monte, Bergamo, onde foi pároco e professor no seminário, secretário do bispo e capelão do exército durante a I Guerra Mundial.
João XXIII iniciou a sua carreira diplomática como visitador apostólico na Bulgária, de 1925 a 1935; foi depois delegado apostólico na Grécia e Turquia, de 1935 a 1944, e Núncio Apostólico na França, de 1944 a 1953.
Em 1953, Angelo Roncalli foi nomeado Patriarca de Veneza e no dia 28 de outubro de 1958 foi eleito Papa, sucedendo a Pio XII. Aos 77 anos, em 1962, João XXIII, resolveu “arejar” a Igreja e inaugurou o Concílio Vaticano II. Morreu um ano depois. “O Papa bom” foi declarado beato por João Paulo II no dia 3 de setembro de 2000. Seu processo de canonização tem uma particularidade considerada rara na história da Igreja: ficou isento do reconhecimento de um segundo milagre - condição necessária para que um beato seja elevado a santo.
Dom Jaime Vieira disse que João XXIII “abriu as janelas para que entrasse ventos mais arejados na igreja católica, abrindo inclusive o diálogo com outras religiões”, enquanto João Paulo II tinha um espírito carismático. “Podemos nos sentir felizes. Os dois marcaram momentos de renovação para a igreja e para a sociedade, tão carente de lideranças”, afirmou o arcebispo.
Agora, continuou dom Jaime Vieira, o papa Francisco resolveu proclamá-los como santos. “E isso é muito importante para a Igreja, porque ressalta e consagra para o mundo duas referências católicas, com legado muito profundo, indelével para a vida de toda a Igreja”, observou. Postulante das Causas dos Santos da Igreja Católica no Rio Grande do Norte, o padre José Mário acredita que o papa João Paulo II só não foi canonizado este ano em virtude da transição do papado, com a renúncia em abril do papa Bento XVI.
Para ele, a escolha da data como sendo 27 de abril para a canonização dos dois papas, deve-se ao fato de que João Paulo II, que morreu em 2005, após 26 anos de pontificado, instituiu, em maio de 2000, a Festa da Divina Misericórdia, decretando que a partir de então o segundo domingo da Páscoa se passasse a chamar Domingo da Divina Misericórdia.
Padre José Mário explicou que apesar da transição, a canonização podia ter ocorrido este ano, pois o processo está todo pronto, “só precisa da assinatura do Papa”. José Mário acha que Bento XVI podia até ter aproveitado o seu último dia como papa para assinar a canonização: “Seria muito bonito se fosse Bento XVI, porque era o grande amigo dele (João Paulo II), trabalhou com ele a vida inteira, sucedeu a pessoa dele, teria sido de bom tamanho, mas talvez por humildade deixou para o outro papa”.
Cerimônia deverá levar a Roma milhares de peregrinos
A data de canonização dos papas João XXIII (1881-1963) e João Paulo II (1920-2005) foi escolhida por Francisco durante o consistório de cardeais (reunião para dar assistência ao papa nas suas decisões), realizado na segunda-feira (30/9), na cidade-estado do Vaticano. O papa Francisco já dizia em julho, na sua passagem pelo Rio de Janeiro, onde participou da Jornada Mundial da Juventude, “que fazer a cerimônia de canonização dos dois juntos é uma mensagem para a Igreja: esses dois são bons”.
A cerimônia deverá atrair milhares de peregrinos a Roma, já que o papa polonês e o antecessor italiano são duas das mais influentes personalidades do mundo católico atual. A Igreja exige normalmente dois milagres confirmados, embora Francisco tenha aprovado a canonização de João XXIII - com quem partilha uma perspectiva reformista - baseado em apenas um.
O Vaticano informa que o primeiro milagre atribuído a João Paulo II, que ocupou o trono de Pedro de 1978 a 2005, teria ocorrido seis meses depois da morte, quando uma freira francesa disse ter sido curada da doença de Parkinson, por meio de orações feitas a ele. Karol Wojtyla foi beatificado em 1º de maio de 2011 por Bento XVI. João Paulo II beatificou João XXIII em 3 de setembro de 2000.
Francisco reconheceu um segundo milagre de João Paulo II, depois do parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos. João XXIII ficou na história como o papa que promoveu o Concílio Vaticano II (1962-1965), revendo os rituais e doutrinas da Igreja, e defendeu a aproximação a outras religiões. Muitos comparam o papa italiano, que morreu em 1963, com o atual líder da Igreja Católica pelas semelhantes atitudes pastorais: humildade, simplicidade e sentido de humor.
Os participantes do Concílio Vaticano II, em 1965, já tinham pedido a canonização do papa João XXIII, a quem pretendiam homenagear por conduzir a Igreja para tempos modernos.
visita a natal
O papa João Paulo II visitou Natal em 12 de outubro de 1991, data em que se comemora o dia santificado da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida. Veio para participar do XII Congresso Eucarístico Nacional. João Paulo II passou 24 horas em Natal, tendo celebrado no dia 13 uma missa no “papódromo” construído no Centro Administrativo de Lagoa Nova, para cerca de 150 mil pessoas.Naquela ocasião, o Papa foi recebido pelo então presidente Fernando Collor e pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Francisco Rezek, além do governador do Rio Grande do Norte naquele ano, o hoje senador José Agripino Maia. O arcebispo metropolitano de Natal era dom Heitor de Araújo Sales.
O papa João Paulo II fazia em Natal a primeira escala de uma segunda visita ao país – a primeira foi em julho de 1980, quando ficou conhecido como “João de Deus”. A importância de João Paulo II para a Igreja Católica do RN também se deve ao fato de que foi ele o responsável pela beatificação dos 30 Protomártires de Uruaçu e Cunhaú.
Perfil dos papas João Paulo II e João XXIII
Karol Jozef Wojtyla
Foi eleito Papa no dia 16 de outubro de 1978. Nasceu em Wadowice (Polônia), em 18 de maio de 1920, e morreu no Vaticano, em 2 de abril de 2005. Em quase 27 anos de pontificado, João Paulo II escreveu 14 Encíclicas, 15 Exortações Apostólicas, 11 Constituições Apostólicas e 45 Cartas Apostólicas.
Em seu pontificado, fortaleceu a fé da Igreja promulgando o Catecismo da Igreja Católica. Promoveu um intenso itinerário de vida espiritual com o Ano da Redenção, o Ano Mariano, o Ano da Eucaristia e o Jubileu do Ano 2000 e criou as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), aproximando a Igreja dos jovens. A Igreja Católica celebra a memória litúrgica de João Paulo II no dia 22 de outubro, data que assinala o dia de início de pontificado do Papa em 1978.
Angelo Giuseppe Roncalli
Papa João XXIII, nasceu em 1881 na localidade de Sotto il Monte, Bergamo, onde foi pároco e professor no seminário, secretário do bispo e capelão do exército durante a I Guerra Mundial.
João XXIII iniciou a sua carreira diplomática como visitador apostólico na Bulgária, de 1925 a 1935; foi depois delegado apostólico na Grécia e Turquia, de 1935 a 1944, e Núncio Apostólico na França, de 1944 a 1953.
Em 1953, Angelo Roncalli foi nomeado Patriarca de Veneza e no dia 28 de outubro de 1958 foi eleito Papa, sucedendo a Pio XII. Aos 77 anos, em 1962, João XXIII, resolveu “arejar” a Igreja e inaugurou o Concílio Vaticano II. Morreu um ano depois. “O Papa bom” foi declarado beato por João Paulo II no dia 3 de setembro de 2000. Seu processo de canonização tem uma particularidade considerada rara na história da Igreja: ficou isento do reconhecimento de um segundo milagre - condição necessária para que um beato seja elevado a santo.
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