Com a aprovação das novas regras, comprar armas ficaria mais fácil no Brasil, e a idade mínima para adquiri-las seria reduzida de 25 para 21 anos
A comissão especial da Câmara dos Deputados que discute mudanças no
Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003, votou nesta terça-feira
(3) 12 propostas de mudança no texto-base de um novo projeto de lei que
flexibiliza as atuais regras e facilita o acesso às armas de fogo no
Brasil.
Apenas um dos destaques apresentados por blocos e partidos políticos
foi aprovado e incluído no relatório final da comissão. A proposta segue
agora para discussão no plenário da Câmara, ainda sem data definida
para votação. Caso aprovado, o texto será submetido ao Senado, onde
também passará por comissões e pelo plenário.
O texto-base do denominado Estatuto de Controle de Armas de Fogo,
relatado pelo deputado Laudivio Carvalho (PMDB-MG), havia sido aprovado
pelos deputados da comissão, com modificações, há uma semana, por 19
votos a 8.
A proposta incorporada nesta terça suprime a parte do texto que
impedia a prisão em flagrante por porte ilegal ou disparo de arma de
fogo se a arma fosse registrada e houvesse evidências do seu uso em
situação de legítima defesa. A prisão por porte ilegal de arma de fogo,
portanto, continua a poder ser lavrada neste caso.
Com a aprovação das novas regras, comprar armas ficaria mais fácil no
Brasil, e a idade mínima para adquiri-las seria reduzida de 25 para 21
anos. Entre outras mudanças, a proposta, originalmente de autoria do
deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC), de 2012, estende o porte
para outras autoridades, como deputados e senadores.
A proposta também autoriza a posse e o porte de armas de fogo para
pessoas que respondam a inquérito policial ou a processo criminal e
assegura a todos os cidadãos que cumprirem os requisitos mínimos
exigidos em lei o direito de possuir e portar armas para legítima defesa
ou proteção do próprio patrimônio.
Atualmente, a lei prevê que o interessado em comprar declare a
efetiva necessidade da arma, o que permite que a licença venha a ser
negada ou recusada pelo órgão expedidor.
Ao comemorar a aprovação do texto, o deputado Laudivio Carvalho
afirmou que o povo brasileiro tem agora a oportunidade de querer ou não
querer defender sua vida e de sua família.
Destaques rejeitados
Na sessão desta terça, foram rejeitados os outros 11 destaques postos
em análise, entre eles três que pretendiam suprimir a parte do texto
que flexibiliza a autorização para importação de armas e
componentes. Pela proposta, a autorização para importação poderá ser
concedida, em alguns casos, também pelos governos estaduais e do
Distrito Federal e pelo Ministério da Justiça. Pela lei vigente, essa
autorização está a cargo apenas do Exército Brasileiro.
A comissão também rejeitou uma proposta do PSD que pretendia estender
o direito ao porte de arma a taxistas e caminhoneiros, prevista em
projeto de lei do deputado João Rodrigues (PSD-SC), que na semana
passada declarou que “sabendo que o cidadão de bem estará armado, alguns
bandidos serão eliminados, e é bom que se faça uma limpeza, é bom que
se faça uma faxina”.
Os deputados rejeitaram ainda um destaque do PSOL que pretendia
retirar do texto já aprovado dispositivo que caracteriza todas as
licenças e autorizações para porte de arma de fogo como de defesa
pessoal e patrimonial, sempre que os seus titulares estiverem em face de
circunstâncias extremas aos quais não lhes reste outra alternativa se
não a de fazer uso da arma.
Durante as discussões sobre uma das propostas, relacionada ao uso da
arma de fogo em ambiente rural, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP)
afirmou que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não
andava armado. A declaração provocou risadas de outros parlamentares e
acirrou o debate.
Calheiros duvida que PL avance no Senado
Na última quinta (29), dois dias após a aprovação do texto-base pela
comissão da Câmara, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)
disse duvidar que a proposta prospere na Casa comandada por ele.
“O Estatuto é uma conquista da sociedade. O Brasil obteve com ele
muitos resultados. Qualquer alteração que for proposta para que ele
recrudesça no tempo vai ter dificuldade aqui no Senado” afirmou o
senador.
No mês passado, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro,
José Mariano Beltrame, e deputados da Frente Parlamentar Pelo Controle
de Armas se reuniram com Calheiros para pedir que o projeto de lei não
avance no Senado.
Fonte: Agência Senado
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