Por Estadão Conteudo
Apesar da similaridade nos índices, a
desigualdade ocorre porque apenas 25% da população brasileira tem
convênio médico, enquanto 75% depende do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Essa desigualdade pode melhorar com
políticas públicas de saúde com maior capacidade administrativa e com a
criação de uma carreira de Estado para os médicos, que traga
perspectivas de progressão e melhores condições de trabalho”, diz Carlos
Vital, presidente do CFM.
Distribuição
Ainda de acordo com o estudo, 59% dos
médicos brasileiros são especialistas, o que equivale a 229 mil
profissionais. O Estado de São Paulo tem mais especialistas do que a
soma das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. São 68 mil médicos do
tipo no Estado contra 61,6 mil nas três regiões.
Metade dos especialistas do Brasil se
concentram em apenas seis áreas: clínica médica, pediatria, cirurgia
geral, ginecologia e obstetrícia, anestesiologia e cardiologia. As
especialidades com o menor número de profissionais são genética médica,
cirurgia da mão e radioterapia.
O estudo mostrou ainda que o índice de
médicos por 1.000 habitantes cresceu nos últimos cinco anos, mas ainda
está aquém da taxa recomendada pelo próprio Ministério da Saúde. Em
2010, a taxa era de 1,95 profissionais do tipo por 1.000 brasileiros.
Neste ano, o índice chegou a 2,11, número inferior ao índice de 2,5
considerado ideal para garantir uma assistência adequada à população.
O maior desafio, no entanto, ainda é a
distribuição desigual de médicos entre as regiões brasileiras. No
Sudeste, a proporção de médicos pela população é de 2,75, contra 1,09 no
Norte.
A maior disparidade ocorre quando
comparado o número de doutores que trabalham nas capitais contra os que
atuam no interior. Embora as primeiras reúnam apenas 23,8% da população
do País, 55 2% dos médicos estão nessas cidades.
Mais mulheres
A pesquisa mostra que a proporção de
mulheres formadas em medicina vem crescendo ano a ano em comparação ao
número de homens. Em 2014, dos novos registros de médicos no País, 54%
foram de profissionais do sexo feminino.
Como determinadas especialidades são
ocupadas majoritariamente por um dos gêneros, é possível que o aumento
de mulheres na profissão provoque uma mudança na disponibilidade de
médicos especialistas. Haveria um aumento de dermatologistas, pediatras e
médicos da família, especialidades ocupadas em sua maioria pelo sexo
feminino, e a queda de urologistas, ortopedistas e cirurgiões, áreas com
concentração de profissionais do sexo masculino.
“É uma tendência internacional o aumento
de mulheres na medicina e isso pode ser muito bom para sistemas de
saúde ordenados pela atenção básica, como o nosso. Por outro lado, os
homens são maioria em todas as especialidades cirúrgicas. Precisamos
começar a discutir essas diferenças na formação médica”, diz Mario
Scheffer, professor da FMUSP e coordenador do estudo.
Ele ressaltou que, embora o número de
mulheres esteja crescendo na carreira, as condições de trabalho não são
iguais. “Elas têm jornadas de trabalho e número de empregos muito
parecidos aos dos homens, mas ganham muito menos”, afirma.
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