Marcos Oliveira/Agência Senado
Depois de 14 anos no poder, o PT vê chances reais de virar
oposição. Ninguém dentro do partido gosta de imaginar uma derrota na
guerra do impeachment. Por isso, a legenda mantém o discurso de que vai
lutar até o fim, mas se perder, não tem dúvidas: Lula, Dilma e aliados
farão oposição ferrenha a Michel Temer.
As medidas
adotadas por Temer estarão na lupa dos petistas e o discurso é comparar o
que for anunciado num eventual governo novo com o legado deixado pelo
partido. Aí, estão em jogo os programas sociais. A senadora Fátima
Bezerra afirma que caberá ao PT mostrar o que mudou para a população.
“Um
eventual governo Temer, além de um ataque à democracia, significará um
desmonte das conquistas e avanços sociais nesta última década”, disse a
senadora petista.
O senador Paulo Rocha (PT-PA) avalia que se o impeachment vingar, o PT sairá ferido, mas não quer perder o capital político.
"É óbvio, nós vamos para a oposição. Fomos tirados da marra do
governo. Uma coisa é o PT perder na democracia, nas urnas, outra coisa é
ficar ferido, deposto, ainda mais com uma dose de criminalização sobre
nós", explica.
O partido vê na retomada dos laços com movimentos sociais uma ponte
para 2018 e o candidato petista é o ex-presidente Lula. Em meio ao
impeachment anunciado, o PT se reencontrou com velhos aliados da
esquerda.
Até a militância, que critica o ajuste fiscal, voltou para as ruas
para defender a permanência de Dilma no cargo. Assim como no governo de
Fernando Henrique Cardoso, ativistas ameaçam radicalizar, e fazer um
calendário de paralisações.
O Movimento dos Sem Teto anunciou que vai bloquear 40 vias em 10
estados diferentes, ainda não divulgados, pelo país na semana que vem.
Um início do que o coordenador social do MTST, Guilherme Boulos, chama
de convulsão social.
No Rio de Janeiro, o PT anunciou que deixará de compor com o PMDB
para neste ano lançar candidatura com o PSOL ou o PCdoB. Se Dilma for
afastada por 180 dias, a avaliação final do Senado pode sair as véspera
das eleições municipais, em outubro.
Qualquer que seja o resultado sobre o impeachment, o partido vai usar o discurso de vítima na disputa regional.
Em rodas de conversas de políticos em Brasília, a presidente já tem
sido chamada de mártir. Do mesmo jeito, apoiadores do processo contra
Dilma começaram a veicular propagandas como salvadores do Brasil.
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