O fosso entre a realidade da
rejeição à classe política associada ao golpe e o processo eleitoral
ipsis litteris fica evidenciado com o volume de candidatos à reeleição
no legislativo: três em cada quatro parlamentares tentarão se reeleger à
despeito da repulsa generalizada que as pesquisas de opinião têm
identificado com relação a esses políticos nas aferições eleitorais. Do
ponto de vista do volume de candidatos à reeleição, o risco de não se
ter uma renovação no Congresso é grande.
Matéria no jornal Folha de S. Paulo aponta que "mesmo
com o desgaste na imagem do establishment político, cresceu o total de
candidaturas a um novo mandato. Em relação a 2014, o total de deputados
que tenta a reeleição passou de 387 para 407, aumento de 5,2%."
A reportagem prossegue "a alta foi
ainda maior entre os senadores que pretendem continuar no cargo. Em
2010, quando dois terços das vagas foram renovadas, 29 disputaram contra
atuais 32, uma elevação de 10,3%. Os dados das disputas passadas foram
compilados pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar)."
Esse conjunto de dados significa que
a tentativa de reeleição está inflacionada, possivelmente em função do
medo de muitos parlamentares perderem o foro privilegiado, em meio à
desorganização generalizada que tomou conta dos três poderes depois do
golpe. Modelos de financiamento também modificados depois de votações
acirradas no próprio Congresso, assustam a classe mal acostumada de
políticos que tinha como hábito lavar dinheiro empresarial durante as
campanhas.
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