Rio - O governador Luiz
 Fernando Pezão (MDB) foi preso, na manhã desta quinta-feira, em uma 
operação da Polícia Federal. O governador recebeu voz de prisão no 
Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo do estado. Ele 
é acusado de receber propina durante os sete anos em que foi 
vice-governador nos mandatos do então governador Sérgio Cabral 
(2007-2014). Ao todo, a operação, um desdobramento da Lava Jato no Rio, 
pretende cumprir nove mandados de prisão, expedidos pelo Superior 
Tribunal de Justiça (STJ).
A operação é resultado de delação premiada de Carlos 
Miranda, apontado como o operador da quadrilha chefiada por Cabral. De 
acordo com Miranda, Pezão recebia ilegalmente uma mesada de R$ 150 mil 
quando era vice-governador e teria recebido dois prêmios no valor de R$ 1
 milhão e um terceiro de R$ 300 mil para pagar obras em sua casa, em 
Barra do Piraí, no Sul Fluminense.
Os agentes da PF, do Ministério Público Federal (MPF) e
 da Receita Federal também estão no Palácio Guanabara, sede do governo 
do estado, para cumprir mandados de busca. Há ainda buscas na casa do 
governador em Piraí.
Além do governador, o secretário de Obras José Iran 
Peixoto Júnior também é alvo da operação. Estão sendo feitas ainda 
buscas na residência de Hudson Braga, ex-secretário de Obras de Cabral, 
na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Citado por Paulo Melo
A prisão de Pezão aconteceu dois dias depois do 
depoimento à Polícia Federal do deputado estadual Paulo Melo (MDB), 
preso na Operação Cadeia Velha, em novembro de 2017, e também alvo da 
Operação Furna da Onça, deflagrada no último dia 8. O governador, do 
mesmo partido do parlamentar, foi citado como tendo procurado os 
deputados presos na Furna da Onça para que eles indicassem cargos no 
governo do estado, principalmente no Detran.
A Furna da Onça investiga 10 deputados, um 
ex-secretário de Governo e outros servidores públicos suspeitos de 
transformar a Alerj em uma "Propinolândia". Eles teriam montado uma rede
 de corrupção ligada ao ex-governador Sérgio Cabral, também do MDB, para
 lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão de obra 
terceirizada em em órgãos da administração estadual.
No depoimento, Paulo Melo também admitiu que fez 
indicações, revelando o nome de Carla Adriana Pereira, então diretora de
 Registro do Detran, como um deles. Presa na Furna da Onça, Carla 
Adriana é suspeita de ser uma das operadores do esquema.
Além de Paulo Melo, também foram ouvidos os outros dois
 caciques do MDB presos na Cadeia Velha, os ex-presidentes da Alerj, 
Jorge Picciani e Edson Albertassi. Melo e Albertassi estão presos em 
Bangu e Picciani está em prisão domiciliar.
Os juízes que estão a frente da operação sabatinaram 
Paulo Melo, principalmente, sobre as planilhas e anotações feitas a mão 
com divisão de cargos em órgãos e até na Alerj, apreendidas na casa de 
Shirlei Aparecida Martins Silva, ex-chefe de gabinete de Albertassi e 
então subsecretária dos Programas Sociais da Secretaria de Ciência, 
Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social. Ela também foi presa na 
Furna da Onça
Cabral foi preso em novembro de 2016 na Operação 
Calicute. Ele é suspeito de receber milhões em propina para fechar 
contratos públicos durante sua gestão no Governo do Rio. Atualmente, o 
ex-governador está preso em Bangu e já acumula mais de 180 anos de 
prisão em sete condenações
Furna da Onça
A Operação Furna da Orna surgiu de um desencadeamento 
da Cadeia Velha, quando foram presos os deputados Paulo Melo, Edson 
Albertassi e o então presidente da Alerj, Jorge Picciani, todos do MDB. 
Eles também foram da nova operação, juntamente com outros sete 
deputados: André corrêa (DEM), Chiquinho da Mangueira (PSC), Coronel 
Jairo (MDB), Luiz Martins (PDT), Marcelo Simão (PP), Marcos Abrahao 
(Avante) e Marcus Vinícius "Neskau" (PTB).
Além deles, também foram presos, o então secretário de 
Governo de Pezão Affonso Monnerat, O presidente do Detran, Leonardo 
Silva Jacob, e seu antecessor no cargo, Vinicius Farah, dentre vários 
assessores parlamentar e outros servidores públicos. Ao todo, foram 22 
prisões
Picciani já cumpria prisão domiciliar por causa da 
Operação Cadeia Velha, assim como deputados Edson Albertassi e Paulo 
Melo já estavam presos em Bangu.
De acordo com Ministério Público Federal (MPF), o 
esquema mantido por eles movimentou R$ 54 milhões em pagamentos para que
 deputados votassem em projetos que beneficiassem o governo do estado na
 Alerj. Em troca, o Executivo cedia cargos, principalmente, no Detran.
Os deputados recebiam uma propina mensal (mensalinho) 
durante seu segundo mandato do governador Sérgio Cabral (2011- 014). A 
denúncia do MPF aponta que Chiquinho da Mangueira foi beneficiado com 
mais de R$ 3 milhões, Paulo Melo com R$ 900 mil por mês, Jorge Picciani 
R$ 400 mil, André Corrêa R$ 100 mil, Edson Albertassi, Luiz Martins e 
Marcos Abrahão R$ 80 mil e Coronel Jairo e Marcos Vinícios "Neskau" 
recebia R$ 50 mil e Marcelo Simão R$ 20 mil.
O nome da operação faz referência a uma sala de 
reuniões que fica perto do plenário da Alerj, onde os deputados, segundo
 as investigações, se reuniam para rápidas discussões antes das votações
 no plenário.
No último dia 12, o Tribunal Regional Federal da 2ª 
Região (TRF-2) transformou a prisão temporária dos deputados André 
Correa, Chiquinho da Mangueira, Coronel Jairo, Luiz Martins, Marcos 
Abrahão e Marcus Vinicius "Neskau" e do ex-secretário de Governo Affonso
 Monnerat em prisão preventiva.
Cadeia Velha
Deflagrada em novembro de 2017, a Operação Cadeia Velha
 levou três importantes membros da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj)
 à prisão. Os principais alvos foram o então presidente da Alerj Jorge 
Picciani, o ex-presidente Paulo Melo e o então líder do governo Edson 
Albertassi. Todos são do MDB e faziam parte de uma quadrilha envolvendo o
 ex-governador Sérgio Cabral.
De acordo com o Ministério Público Federal os 
parlamentares comandavam um esquema de corrupção em que usavam sua 
influência para aprovar projetos na Alerj em favor de empresas de 
ônibus, através da Federação de Transportes Rodoviários do Estado do Rio
 de Janeiro (Fetranspor), e também de empreiteiras.
As investigações surgiram a partir da delação de Carlos
 Miranda, considerado o operador financeiro da organização criminosa 
chefiada por Cabral.
Em atualização...

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