Foto: Agência Brasil
A decisão do presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Dias Toffoli, de suspender processos judiciais
que utilizaram dados bancários e fiscais sem autorização judicial prévia
é vista com “preocupação” pela procuradora-geral da República, Raquel
Dodge.
Em nota divulgada nesta quarta, o órgão informou que já determinou
que sua equipe analise os impactos e a extensão da medida de Toffoli,
que decidiu após um pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ) - um dos beneficiados pela determinação do ministro. Essa
análise, para a PGR, é necessária para que providências sejam definidas
com o fim de evitar “qualquer ameaça a investigações em curso”.
A PGR entende que o STF já julgou ser constitucional o envio de
informações pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
ao Ministério Público, em julgamento realizado em 2016. “Os estudos
estão sendo feitos com base no que foi decidido, em fevereiro de 2016”,
afirmou a nota.
A decisão de Toffoli também provocou uma reação pública da Associação
Nacional dos Procuradores da República que, em nota, disse que o
compartilhamento de dados sigilosos entre órgãos de controle (Receita
Federal, Banco Central e Coaf) foi “objeto de inúmeras decisões
judiciais, inclusive do STF”.
Para a entidade, condicionar a instauração de investigações criminais
à prévia autorização judicial “subverte o ordenamento jurídico
nacional” e compromete a imparcialidade do magistrado.
“A suspensão de todas as investigações que tenham por fundamento
relatórios de informações financeiras encaminhadas pelo Coaf,
representações fiscais penais encaminhadas pela Receita Federal e dados
encaminhados pelo Bacen, compartilhados sem intervenção judicial,
representa enorme prejuízo para importantes investigações em curso no
País”, afirmou a ANPR.
Já o chefe do Ministério Público de São Paulo, Gianpaolo Smanio,
criou um grupo de trabalho para levantar quantos e quais inquéritos
serão afetados pela decisão de Toffoli em todo o Estado.
Investigação sobre PCC
O chefe do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Gianpaolo Smanio,
afirmou que a decisão de Toffoli deve paralisar investigações
relevantes no Estado envolvendo, inclusive, a maior facção criminosa do
País, o PCC.
Recurso da Rede
A Rede vai recorrer ao STF da decisão de Dias Toffoli, que suspendeu
investigação contra Flávio Bolsonaro. A Rede apresentará ao Tribunal uma
Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) e pedirá que o
caso seja redistribuído a outro ministro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário