Uma pesquisa feita no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto (SP), da Universidade de São Paulo (USP), mostra que a
limpeza regular das UTIs adulta e neonatal do hospital não são capazes
de combater as bactérias presentes no local. O estudo foi publicado em
28 de agosto em artigo na revista especializada Frontiers in Public
Health.
Segundo a pesquisa, a limpeza das UTIs resultou em uma ligeira
diminuição na diversidade dos micróbios. No entanto, vários gêneros de
bactérias foram resistentes à desinfecção, o que sugere que elas estão
bem-adaptadas ao ambiente.
“Em geral, o procedimento de limpeza era inconsistente. Os fatores de
influência potenciais da limpeza insatisfatória incluem baixa
eficiência do biocida usado, bactérias bem adaptadas à limpeza diária,
soluções desinfetantes e toalhetes contaminados e conformidade variável
ao procedimento de higiene e limpeza das mãos”, diz o texto da conclusão
da pesquisa.
A limpeza regular é um protocolo que guia a higienização dos leitos
da UTI e da área em torno, feita pelos enfermeiros. A limpeza inclui
colchão, bombas de infusão e respirador e tem como objetivo reduzir os
micróbios no ambiente e prevenir transmissões entre os pacientes. O
procedimento de limpeza seguido pela equipe do hospital é padronizado e
feito de acordo com diretrizes internacionais.
“A maioria dos gêneros [de bactérias] encontrados em ambas as
unidades [de UTI] está presente no microbioma humano saudável, sugerindo
que os vetores mais prováveis de contaminação são funcionários e
pacientes do hospital”. A pesquisa aponta telefones celulares,
computadores e prontuários, “comumente usados, mas geralmente
negligenciados”, como equipamentos que estão carregando os micróbios.
“É urgente o desenvolvimento de políticas robustas de vigilância
microbiana para ajudar a orientar os procedimentos, melhorando o
controle de infecções”, ressalta a conclusão do estudo.
Segundo a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), os
resultados do estudo não permitem determinar se a quantidade de
bactérias resistentes à limpeza regular é suficiente para que haja
transmissão de doenças.
A pesquisa foi feita a partir de uma parceria da Comissão de Controle
de Infecções Hospitalares do HCFMRP com pesquisadores da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.
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