Sede do TRF-3, na avenida Paulista
O procurador da Fazenda
Nacional Matheus Carneiro Assunção foi preso nesta quinta-feira (3/10)
depois de tentar matar uma juíza na sede do Tribunal Regional Federal da
3ª Região, na avenida Paulista. Ele invadiu o gabinete da juíza Louise
Filgueiras, convocada para substituir o desembargador Paulo Fontes, em
férias, e chegou a acertar uma facada no pescoço dela, mas o ferimento
foi leve.
Antes de se descontrolar totalmente, o procurador despachara com a
desembargadora Cecilia Marcondes, quando já se mostrou alterado.
Assunção então foi ao gabinete do desembargador Fábio Prieto, no 22º
andar. Ele presidia uma sessão de julgamento e não estava no gabinete no
momento.
O procurador, então, desceu as escadas e invadiu a sala
que fica imediatamente abaixo, de Paulo Fontes, mas ocupado por
Filgueiras durante suas férias.
A juíza trabalhava em sua mesa e
foi surpreendida pela invasão do procurador, mas conseguiu se afastar
dele —as mesas dos desembargadores são bastante amplas, o que dificultou
o acesso de Assunção à vítima.
Diante do insucesso, ele ainda
tentou jogar uma jarra de vidro na direção da magistrada, mas errou. O
barulho da jarra quebrando foi o que chamou a atenção dos assessores. E o
procurador foi imobilizado pelas pessoas que estavam dentro do gabinete
durante a ação.
Assunção foi preso em flagrante e aguardou a chegada da Polícia Federal para ser levado da sede do
tribunal, na região central de São Paulo.
Quem viu o procurador se movimentar pelo tribunal
comentou que ele parecia em estado de surto e intercalava frases sem
sentido com de efeito sobre "acabar com a corrupção no Brasil". Ao ser
imobilizado, o procurador se mostrou confuso. Segundo os seguranças que o
detiveram, Assunção afirmou que deveria ter entrado armado no tribunal,
“para fazer o que Janot deixou de fazer”.
A Polícia Federal ao chegar no prédio do tribunal deu voz de prisão ao
agressor, a segurança do TRF mapeou a sua andança pelo prédio.
Repercussão
"Não bastasse a notícia recentemente divulgada de que um Procurador da República pensou em atentar contra a vida de um ministro do STF, agora temos uma infeliz ocorrência no TRF de São Paulo. Para além de lamentar o ocorrido e se solidarizar com a vítima e todos os colegas do tribunal, urge mais uma vez repensar os níveis de segurança das cortes e dos fóruns, em todo o país”, lamentou Jayme de Oliveira, presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB).
"Não bastasse a notícia recentemente divulgada de que um Procurador da República pensou em atentar contra a vida de um ministro do STF, agora temos uma infeliz ocorrência no TRF de São Paulo. Para além de lamentar o ocorrido e se solidarizar com a vítima e todos os colegas do tribunal, urge mais uma vez repensar os níveis de segurança das cortes e dos fóruns, em todo o país”, lamentou Jayme de Oliveira, presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB).
Para Fernando Mendes,
presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), não pode
se admitir qualquer ataque à magistratura. "A magistratura vem sendo
atacada simbolicamente nos últimos tempos, e essa campanha nefasta na
tentativa de desacreditar a instituição acaba estimulando o
comportamento criminoso de indivíduos. Temos de dar um basta a isso."
Segundo
Marcos da Costa, ex-presidente da OAB-SP, "não podemos admitir que se
estabeleça um clima de ódio dentro do ambiente que deveria ser marcado
pelo respeito entre aqueles que estão a dedicar suas vidas em prol da
justiça".
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